Que é isso dos «incentivos»?
É bom para quem trabalha receber incentivos.
Verdade indesmentível.
Bom para o trabalhador e até mesmo para o patrão, porque o certo é que incentivados nós trabalhamos melhor. Aliás muitas vezes basta um elogio, um louvor, e fica-se com um calorzinho cá por dentro que ajuda a encarar-se o resto do trabalho com mais energia e entusiasmo. Depois há os incentivos materiais. Ainda melhor, é claro. Se, além do reconhecimento público de que se trabalha muito bem, também o salário receber um reforço, é excelente.
Mas quais os limites dessa prática? Até à data eu só conhecia os casos de empresas que pagavam salários pequeninos aos seus empregados com a justificação de que eles ficariam enormes com as percentagens que depois recebiam dos negócios onde participavam. O trabalho à comissão. Nunca concordei com isso, assim como não me sinto à vontade a dar gorjetas – cada um deve ter um salário justo e pronto. O tal incentivo, muito eventual, perante um trabalho acima do normal e mais nada. Contudo isso fazia parte da economia das empresas privadas, julgava eu. Fui despertada para a realidade por um post chamado «Coração de ouro» num dos meus «blogs de estimação».
Percebi então que alguns médicos, especialistas em transplantes, recebem «incentivos» para o fazerem. Pelo que se leu, por exemplo, Eduardo Barroso (competentíssimo, sem a menor dúvida) recebeu 30 mil euros num mês. Para além do seu ordenado. Andei para aí a fazer pesquisas e era mesmo assim!
O DN de ontem informava-nos que o ano passado, onde a fivela do nosso cinto ficou já no último buraco, o Estado pagou 23 milhões só em incentivos Que se façam os transplantes é de aplaudir, por aquilo que sei é muito vantajoso para o doente, por vezes até mesmo a sua única esperança. Mas que isso seja uma mina para os médicos que os praticam, é coisa que não me entra na cabeça… Assim como a tabela desses «incentivos»: uns rins valem 13 mil euros, fígado, pulmões ou intestino, 55 mil. Parece que estamos na praça! E, imagine-se ! «a distribuição dos incentivos faz-se por hierarquia e antiguidade». Tal e qual. Claro que vem aí a resposta: «Os incentivos à actividade da transplantação não são uma "originalidade de portuguesa"» o que nos consola muito.
Os próprios representantes da classe levantam questões. O Bastonário (cá vem outro) diz-nos que se devia evoluir para salários-base mais realistas e baixar os suplementos, mas o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul concorda com os ‘incentivos’ acha é que «não faz sentido a distribuição desse suplemento estar dependente do humor de um director de serviço ou do chefe de equipa, que decide como distribui os incentivos».
Haja Deus!
Mas o que é que não se «compra» afinal?
Verdade indesmentível.
Bom para o trabalhador e até mesmo para o patrão, porque o certo é que incentivados nós trabalhamos melhor. Aliás muitas vezes basta um elogio, um louvor, e fica-se com um calorzinho cá por dentro que ajuda a encarar-se o resto do trabalho com mais energia e entusiasmo. Depois há os incentivos materiais. Ainda melhor, é claro. Se, além do reconhecimento público de que se trabalha muito bem, também o salário receber um reforço, é excelente.
Mas quais os limites dessa prática? Até à data eu só conhecia os casos de empresas que pagavam salários pequeninos aos seus empregados com a justificação de que eles ficariam enormes com as percentagens que depois recebiam dos negócios onde participavam. O trabalho à comissão. Nunca concordei com isso, assim como não me sinto à vontade a dar gorjetas – cada um deve ter um salário justo e pronto. O tal incentivo, muito eventual, perante um trabalho acima do normal e mais nada. Contudo isso fazia parte da economia das empresas privadas, julgava eu. Fui despertada para a realidade por um post chamado «Coração de ouro» num dos meus «blogs de estimação».
Percebi então que alguns médicos, especialistas em transplantes, recebem «incentivos» para o fazerem. Pelo que se leu, por exemplo, Eduardo Barroso (competentíssimo, sem a menor dúvida) recebeu 30 mil euros num mês. Para além do seu ordenado. Andei para aí a fazer pesquisas e era mesmo assim!
O DN de ontem informava-nos que o ano passado, onde a fivela do nosso cinto ficou já no último buraco, o Estado pagou 23 milhões só em incentivos Que se façam os transplantes é de aplaudir, por aquilo que sei é muito vantajoso para o doente, por vezes até mesmo a sua única esperança. Mas que isso seja uma mina para os médicos que os praticam, é coisa que não me entra na cabeça… Assim como a tabela desses «incentivos»: uns rins valem 13 mil euros, fígado, pulmões ou intestino, 55 mil. Parece que estamos na praça! E, imagine-se ! «a distribuição dos incentivos faz-se por hierarquia e antiguidade». Tal e qual. Claro que vem aí a resposta: «Os incentivos à actividade da transplantação não são uma "originalidade de portuguesa"» o que nos consola muito.
Os próprios representantes da classe levantam questões. O Bastonário (cá vem outro) diz-nos que se devia evoluir para salários-base mais realistas e baixar os suplementos, mas o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul concorda com os ‘incentivos’ acha é que «não faz sentido a distribuição desse suplemento estar dependente do humor de um director de serviço ou do chefe de equipa, que decide como distribui os incentivos».
Haja Deus!
Mas o que é que não se «compra» afinal?
14 comentários:
Não sabia nada disto!
A verdade é que muitas vezes a gente lê os jornais em diagonal, e a TV não foca estes pontos.
Ainda volto cá, depois de pensar melhor (hoje estou um tanto ensonada..)
Vi, tudo o que contas, na televisão e nem queria acreditar. Ainda hoje, dou voltas à cabeça, porque ão quero acreditar que, no meu país, não haja médicos, mas mercenários. Esses é que ganham, por cada um que matam. Ainda por cima, acreditando na descrição, do douto Barroso, exactamente esse que é da família "Soares", onde é que isto já vai, ficamos a saber, que é tudo feito de uma assentada, quantos mais melhor, até faz lembrar a banha da cobra. Isto enquadra-se, sem grande esforço, nas palavras do Marinho Pinto, porque cheira a corrupção. Incentivos na saúde? Para os médicos? Bem basta, quanto custa ao erário público a formação dos médicos. Concordo que se revejam os vencimentos, que se pague o justo e que se dêem condições para um melhor trabalho, isso sim, agora, pagar à peça? Uma ignomínia!
OK, a gente irrita-se, indigna-se, diz e escreve coisas, e depois...?
Há neste mundo muitos poderes.
E o enorme PODER de quem tem nas mãos a nossa saúde e dos de quem gostamos é o maior do Mundo! Ficamos de mãos atadas perante isso.
Apoiado, Joaninha.
Também sinto isso, apesar de não o ter dito.
Quando estamos doentes, ou pior ainda, quando está doente alguém que amamos muito, a gente vende tudo, pede empréstimos, inventa dinheiro, mas sentimos que a saúde não tem preço. Ou seja não tem preço para nós, porque para «eles» até se vende muito bem...
É toda uma história bastante suja. Porque têm a lata de dizer «"Estes incentivos permitem que eu me dedique ao Serviço Nacional de Saúde com um salário semelhante ao que é praticado no privado»
Afinal é isso. Dinheiro, e só dinheiro. Ele diz sem nenhuma vergonha que como «no hospital já ganha bem, deixou a actividade privada».
Oh Cristo!!!
E apesar de «no Hospital já ganhar bem» ainda fazia uns biscates como comentador de futebol na TV.
Não era de graça, pois não?...
Mas este Bastonário é muito mais ambivalente do que o dos Advogados.
Notem que diz "Por que razão se dá primazia a um médico que faz um transplante em desfavor de um médico que, por exemplo, dedica o seu tempo ao estudo da oncologia", o que nos parece muito bem, mas depois põe o seu caso pessoal: "Eu, por exemplo, nunca fui pago no Egas Moniz por transplantes de córnea, assim como os meus colegas", o que deixa a suspeita de que se fosse pago... a coisa seria mais justa! Afinal até parece que o que acha mal é que transplantes hepáticos e de rins sejam pagos e os de córnea não.
Ou há moralidade, ou comem todos. (pensa ele!)
Não sei se acho assim tão criticável.
É evidente que devem ganhar bem para se sentirem motivados, não é? Aliás foi o que começaste por dizer. Isso de se ganhar bem, ou até muito bem, acho justo. O que nos choca é ganhar-se «à peça», digamos assim, como se fosse uma garagem onde nos metem peças novas.
Também estava a leste deste "paraíso" (deles, pois claro...).
Tudo quanto mexe com a saude mexe cá comigo de uma forma...digamos, forte. E então fico danada, seja com o que temos de pagar em taxas moderadoras e afins (é um direito!), às indústrias farmacêuticas e afins (vivó lucro com as doenças dos outros!) e agora esta dos médicos. Concordo sim com salários justos, realistas de acordo com a especificidade da função que se tem:
Se um futebolista ganha milhares por mês só porque anima o povo, então porque não fazer o mesmo a um médico especialista e bom no que faz? Agora, um gajo abrir outro e meter-lhe lá uma peça que decide se o outro (se calhar, eu) vive ou morre, por "incentivos"??Desculpem lá...
eu já sabia disto há muito...
esta história dos transplantes é muito mais complicada do que aquilo que parece. devia ser bem investigada!
mas com os incentivos eu concordo.
concordo tanto que até estou a pensar passar também a usá-los.
Até já tenho um post mais ou menos alinhavado sobre o assunto.
e parei com ele porque hesitei na tabela de preços!
está mais ou menos assim:
ir para a escola - ordenado base
ensinar a ler - 10000 €
ensinar a escrever - »
ensinar a somar - 5000€
e no resto da tabela ainda não pensei...
vou pensar mais logo depois do jantar!
esqueci-me de dizer que o preço referido é por mês e por aluno!
Vim aqui dar uma olhadela mas tenho de responder primeiro aos últimos comentários (desculpem os primeiros que daqui a pouco já vos dou atenção!)
Mar - Devias andar tão a leste como eu... Só agora é que prestei atenção e afinal isto já é coisa discutida até na TV. Tal como tu, a questão não está em se pagar bem - com certeza que sim. De resto não sei porque se pagar mais a um «transplantador» do que um especialista de oncologia, por exemplo, mas enfim... A questão está no que está agora a vir a lume, e os chefes de equipe a decidirem quem merece ou não esses bónus. Mas que é isso????!
Querida Saltapocinhas, só tu! Escreve depressa esse post que bem merece destaque a ideia.
Seguindo o rasto da noticia cheguei aqui...
O que me incomoda mais não é a existência de um insentivo, até porque por exemplo, e não sei se sabes, mas grande parte destes transplantes são feitos de madrugada quando os blocos operatorios estão disponiveis, são cirurgias ao que sei demoradas (transplante de figado umas 8h) e feitas noite dentro . isto só um exemplo....
Se falarmos no montante do insientivo - aí já digo que segundo as noticias o acho pronográfico!!!!!
Mas pior, pior, é saber que se recebem incentivos só porque o nome consta como chefe de equipa, e nem se põe lá os pés!!
A gente lembra-se de vários, não é?...
Obrigada Boop e 1000 pela vossa presença, opinião e até contribuição para esta reflexão!
(ena tantos ãos! ;D)
O depoimento desse dr. Manuel Antunes é curioso realmente. O problema não é de quem recebe, é de quem não recebe, diz ele! ora vivam todos!
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