Crianças especiais
O título do jornal diz-nos que a Ministra cede no ensino especial
Cede a quê? Dizem que «à associações de pais e partidos da oposição e admitiu reavaliar a lei que redefine os apoios às crianças com necessidades educativas especiais»
Eu só conheço aquilo que tenho lido nos jornais e sei bem que muitas vezes as informações que os media nos trazem não é completa ou não é isenta. Contudo, vendo a coisa pela rama, a impressão com que se fica, é que tal como estava (ou está) acontecendo no campo da saúde, também no da educação há medidas economicistas disfarçadas com o anúncio de medidas que, a longo termo e com as salvaguardas correctas, poderiam ser em benefício daqueles a quem se destinam.
A integração das crianças com dificuldades é uma boa meta. Ela já se consegue praticar em países muito desenvolvidos. O caminho andado desde os tempos da Helen Keller e Anna Sullivan, desde quando uma criança que não tivesse a sua capacidade de aprendizagem, ou desenvolvimento intelectual, ou sensorial, igual a qualquer outra não tinha lugar no ensino, tem sido um grande caminho.
Hoje não se rejeita uma criança que seja diferente, procura-se uma forma também diferente de a ensinar. E, evidentemente, que sempre que for possível que esse ensino se faça no ambiente de uma escola normal, igual a qualquer outra, isso é o mais desejável.
Acontece que o nosso ensino regular, por enquanto, não está preparado para isso.
É possível fazê-lo, alguns países nórdicos fazem-no, mas nós conhecemos o estado actual do nosso ensino, o caos em que está mergulhado.
Dirigir as crianças diferentes para colégios diferentes é uma segregação. Não se devia fazer. A criança deveria ter apoios para poder frequentar, com êxito, uma estrutura normal de ensino.
Mas como esses apoios ainda são uma utopia, então frequentam escolas preparadas para o fazerem – as escolas de ensino especial. Privadas, exactamente porque em tempos o Estado abdicou de manter esse ensino na sua alçada, e preferiu subsidiar as escolas.
Mas agora, sentiu que o peso desse dinheiro ainda era muito e o melhor seria integrar os meninos no ensino regular, mas… sem ter criado os respectivos apoios – que seriam, se calhar, mais caros do que aquilo que agora está a gastar.
A quadratura do círculo, esse ensejo de fazer a omeleta e guardar os ovos. Não se conseguiu.
Parece que o diploma vai voltar a ser avaliado.
Cede a quê? Dizem que «à associações de pais e partidos da oposição e admitiu reavaliar a lei que redefine os apoios às crianças com necessidades educativas especiais»
Eu só conheço aquilo que tenho lido nos jornais e sei bem que muitas vezes as informações que os media nos trazem não é completa ou não é isenta. Contudo, vendo a coisa pela rama, a impressão com que se fica, é que tal como estava (ou está) acontecendo no campo da saúde, também no da educação há medidas economicistas disfarçadas com o anúncio de medidas que, a longo termo e com as salvaguardas correctas, poderiam ser em benefício daqueles a quem se destinam.
A integração das crianças com dificuldades é uma boa meta. Ela já se consegue praticar em países muito desenvolvidos. O caminho andado desde os tempos da Helen Keller e Anna Sullivan, desde quando uma criança que não tivesse a sua capacidade de aprendizagem, ou desenvolvimento intelectual, ou sensorial, igual a qualquer outra não tinha lugar no ensino, tem sido um grande caminho.
Hoje não se rejeita uma criança que seja diferente, procura-se uma forma também diferente de a ensinar. E, evidentemente, que sempre que for possível que esse ensino se faça no ambiente de uma escola normal, igual a qualquer outra, isso é o mais desejável.
Acontece que o nosso ensino regular, por enquanto, não está preparado para isso.
É possível fazê-lo, alguns países nórdicos fazem-no, mas nós conhecemos o estado actual do nosso ensino, o caos em que está mergulhado.
Dirigir as crianças diferentes para colégios diferentes é uma segregação. Não se devia fazer. A criança deveria ter apoios para poder frequentar, com êxito, uma estrutura normal de ensino.
Mas como esses apoios ainda são uma utopia, então frequentam escolas preparadas para o fazerem – as escolas de ensino especial. Privadas, exactamente porque em tempos o Estado abdicou de manter esse ensino na sua alçada, e preferiu subsidiar as escolas.
Mas agora, sentiu que o peso desse dinheiro ainda era muito e o melhor seria integrar os meninos no ensino regular, mas… sem ter criado os respectivos apoios – que seriam, se calhar, mais caros do que aquilo que agora está a gastar.
A quadratura do círculo, esse ensejo de fazer a omeleta e guardar os ovos. Não se conseguiu.
Parece que o diploma vai voltar a ser avaliado.
10 comentários:
Não existe julgo peparação no ensino "normal",e a retirada de subvenções iria fazer falta a muito boa gente.
Fernando - A retirada dos subsídios o que implica é que as crianças passam a ficar em casa, mais nada.
Já sei de alguns casos, onde é essa a «opção» da família.
Se calhar respondi muito laconicamente, e devo reconhecer que neste momento não sei com exactidão o que se está a passar.
O movimento para a integração das crianças com NEE tem anos. Anos e anos. É certo que inicialmente as escolas recusavam meninos que tinham fosse qual fosse a dificuldade. Tinha uma dislexia e já não se podia integrar na escola. Erro grave, é evidente. Até porque algumas das NEE eram fruto da escola e do seu sistema de ensino. Depois foram aceitando meninos que tinham deficiências ligeiras, ou até sindrome de Down 'leve'. Ou com percas auditivas se tivessem prótese, ou amblíopes com correcção. Mas o certo é que estes meninos para estarem numa classe normal esta tinha de ser reduzida para o professor lhe dar mais atenção, e devia receber apoio de um professor especializado. E esses professores corriam de escola para escola sem conseguirem dar vazão às necessidades. Por outro lado, o que referi eram casos "leves" e que tinham um bom relacionamento, mas uma criança com traços autistas, ou que para além das dificuldades de que falei também tivesse problemas graves de comportamento, conseguia em meia hora deixar uma escola em estado de sítio. Esses eram de muito difícil integração. E foram esses casos, os mais complicados de todos, que continuaram no ensino especial (privado, ou IPSS) com apoio económico do Estado.
Se isso agora desaparece, é irrealista imaginar que vão passar a ir à escola, portanto o recurso é ficarem em casa.
Post grande e ainda com comentário da própria, vê-se que o tema é sério.
para além de obviamente estar completamente de acordo, o que ainda ia dizer tem de ficar para mais logo.
Já não há tempo.
Téjá.
Não sendo tema de que tenha conhecimento, só posso acreditar na comparação que fazes com as reformas da saúde: seriam justas se tivessem começado a jusante, e criado condições para serem implementadas. Tal como fizeram foi o desastre que se viu. Aqui também seria interessante estudar o modelo sueco, mas ainda não estamos na Suécia...
Ainda não entendi como ficava o papel das CERCIs.
(também não sou nada entendida no assunto, mas conheço quem o seja um pouco)
O certo é que temos a ideia de que o ensino particular é para ter lucro, e o cooperativo sempre dá outras garantias, não é?
A Mary levantou a questão das Cerci, que é outro ponto a pensar. Hoje em dia estou um pouco afastada mas conheci bem o movimento. Nasceu como a concretização do desejo de resposta de pais de crianças com deficiência que não tinham solução no ensino oficial, já lá vão quase 30 anos. Foram os pais que unindo-se deram força ao movimento, contrataram técnicos, professores, terapeutas, especialistas, psicólogos, assistentes sociais, e creou-se uma bola-de-neve.
Só que entretanto a coisa "oficializou-se"; passaram a IPSS, com bastante ajuda do Estado o que não é mau, mas o certo é que a fiscalização que devia acompanhar essa "ajuda" não se realiza quase nunca por falta de técnicos suficientes para isso.
(bem ia contar mais coisas mas agora não estou com tempo)
ainda não li nada sobre o assunto, espero mesmo que mudem pois estava mau demais!!
O problema foi bem colocado e depois, com a explicação ou melhor acrescento, que a autora fez, aqui nos comentários ainda mais completo ficou.
Estes assuntos, dada a sua importância, não pode ser só mudar por mudar, compreende-se que o que há, não é o bom, mas mudar para piorar as coisas, NÃO! Ainda por cima, com esta saga de economicismo, ainda pior, logo, Há que estudar os problemas, dotar as escolas de condições e técnicos, suficientes, para se conseguir dar o tal ensino integrado e de qualidade que todos merecemos. Só assim se consegue, erguer o edifício
O (ou a) MN conhece a questão pelo que se vê. a minha opinião é também essa. Claro que defendo a integração sempre que possível. E o alvo final será esse, mas daqui até lá há muito caminho a percorrer, se não querem dar subsídios então criem as respostas necessárias.
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