terça-feira, janeiro 22, 2008

Dinheiro em queda


Não percebo muito de números e quando se referem a «mercados», «bolsa» coisas dessas é bem pior do que falarem em chinês ou grego que dessas línguas ainda sei umas palavras! É uma “língua desconhecida” completamente.
Mas não deixo de pensar que o facto da imprensa desta manhã insistir tanto em que ontem foi um «dia negro» na bolsa de Lisboa, que
existiu um mini-crash, com uma queda superior à sofrida nos atentados do 11 de Setembro e sem paralelo desde 1998 não é bom.
Não é bom para os investidores - coisa que não sou como se deixou perceber - mas não pode ser bom para ninguém.
É um mau sinal.
Como repito a minha ignorância destes assuntos, só desejo que seja passageiro. Será?

11 comentários:

Anónimo disse...

Apesar de não entender nada de números, como tu, isto não me cheira bem.
Creio que se há um crash, perdemos todos.

Anónimo disse...

... e mais o mexilhão, como sempre!!!!

josé palmeiro disse...

Houve uma vez que a minha gestora de conta me convenceu a comprar umas acções da EDP. Que o banco emprestava o dinheiro, que era tudo fácil, que era dinheiro garantido, etc. etc.. Incauto e analfabeto, no assunto, juntando a necessidade de gerar mais alguns fundos, pois tinha dois filhos na universidade, fui na conversa. Resultado, as acções, essas maravilhas, começaram a cair, numa derrapagem descontrolada, e eu, á espera que voltassem a subir, para me desfazer delas, ao menos sem perder dinheiro. Pois bem, tive que as vender, pagar a dívida e ficar a viver com aquilo com que sempre vivi: "o fruto do meu trabalho".
Aprendi que dinheiro especulativo, nunca mais, mas como a Mary afirma, quando "crasha", todos perdemos.

saltapocinhas disse...

eu também não percebo nadinha desses assuntos!
de repente até os ricos ficam mais pobres, olha que pena!!

Anónimo disse...

Mas Saltapocinhas (mais um que também entende pouco de 'bolsa' a não ser a minha) se os ricos ficam mais pobres imagine-se como ficam os pobres...
:(

cereja disse...

Pelos vistos aqui ninguém me soube responder se a tal bolsa em crise vai melhorar...
Pfff..
Sabem tanto como eu!

Anónimo disse...

Olá Emiéle,

Claro que não é bom. Por norma, fenómenos desta natureza (e amplitude) apontam o caminho a seguir pelas economias onde se encontram os mercados. Isto porque os mercados geralmente antecipam em pelo menos 6 meses o que aí vem.

120.000 milhões de dólares foi quanto as sociedades financeiras (maioritariamente bancos) já perderam com o rebentar da "bolha" suprime na América. 120.000 milhões! Até dói... E ainda não terminou (a contagem e o resto que aí vem)...

Bush apressou-se a vir a terreiro "injectar" na economia norte-americana um pacote de estímulo fiscal no montante de 145.000 milhões, ie, 1% do PIB norte-americano. Como? Através de reembolsos por parte do IRS americano de $800 dólares para indivíduos e $1600 para casais. Aliado a isto, incentivos fiscais para os investimentos das empresas.

Uau, dir-se-ia. Não é bem assim. Uma vez mais, a percepção dos mercados foi que esta medida é insuficiente para travar o que parece ser já uma realidade inevitável: recessão. De tal forma assim foi que, enquanto ao nível mundial, após dias de quedas sucessivas - só a praça lisboeta tinha perdido em capitalização bolsista qualquer coisa como 18.000 milhões de euros desde o início do ano - os mercados derretiam literalmente no dia de Martin Luther King, hoje os futuros dos EUA apontavam para aberturas em queda superiores a 5%. Era o que faltava para assistirmos a um descalabro total. Assim foi. Assim foi até que o FED - Reserva Federal Americana, congénere do Banco Central Europeu - apareceu a correr com um corte inesperado e surpresa de 0,75% nas taxas de referência passando-as de 4,25% para 3,50% provocando uma melhoria nas quedas dos mercados e a inversão na Europa.

Tudo isto é bom ou mau? Péssimo. Péssimo porque o pacote fiscal da Administração Bush agravará ainda mais os défices da economia norte-americana com um impacto mais visível no orçamental por via da forte redução da receita fiscal. A forte redução das taxas de juro, são um forte indicador de "desespero" por parte das autoridades monetárias americanas de que haja um estoiro valente dos mercados financeiros podendo provocar um descalabro há muito não visto nas praças. Note-se que, para além da economia americana ser 2/3 consumo privado, ie, famílias, a grande maioria da população tem dinheiro nos mercados quer por via directa que através dos fundos de pensões de reforma, os famos planos 401k. Por isso, não são só os ricos que ficam mais pobres...

A isto há a juntar a crise de liquidez que permanece no sistema, até ver, e que tem pressionado as taxas dos mercados interbancários dos dois lados do Atlântico (Libor e Euribor). Ora, a instabilidade destes mercados provocada também pela instabilidade dos mercados financeiros, fazendo com que a aversão ao risco aumente desmesuradamente - os investidores procuram activos de menor risco culminando, em último caso, em cash - acaba por fazer com que os bancos emprestem liquidez entre si a taxas mais elevadas devido, por um lado, a uma maior escassez de dinheiro e aumento da percepção do factor risco. Não nos toca então a todos? E a prestação da casa no fim do mês?

De qualquer modo, o BCE, para já, não mexeu em nada. Deixa estar as taxas tal como estão porque a sua grande preocupação é a inflação em detrimento de um maior crescimento económico. Claro que maior crescimento económico com uma maior taxa de inflação acaba por traduzir-se, corrigido pela inflação, em algo relativamente confrangedor. Daí a teimosia do BCE e pelo facto de entender subsistirem nas economias da zona euro pressões inflaccionistas. Já a FED entendeu reduzir o preço do dinheiro, não querendo saber da inflação, de modo a tentar salvar o crescimento, as empresas, as famílias, o mercado imobiliário, etc etc etc etc etc etc etc

Isto daria pano para mangas.

Claramente, houve excesso provocados pelo pós-11 de Setembro. O choque foi de tal forma violento que apenas foi possível devolver alguma confiança pela manutenção em níveis historicamente baixos das taxas de juro um pouco em todo o mundo. O fomento ao consumo foi brutal. Quando as taxas começaram a subir por forma a controlar a inflação, foi o que se viu e estamos a assistir.

Já me esquecia. Tudo isto que esteve a acontecer nos últimos dias - alimentado pela especulação e pânico - levando a FED a reduzir de forma "brutal" as taxas de juro, faz com que os activos denominados em USD sejam menos interessantes que aqueles denominados em Euros, provocando a desvalorização da moeda norte-americana, logo desequilibrando, a seu favor, a competição entre blocos (EUA/Europa), fortalecendo as exportações norte-americanas.

Caramba. Acho que já escrevi muito.

Deu para perceber alguma coisa? LOL!

Anónimo disse...

Deu sim Miguel.Mas como explicas tb.a instabilidade asiática que não era tão previsivel?AB

Anónimo disse...

ab,

Quer as economias asiáticas quer os seus mercados estão intimamente ligados à economia americana. Vários factores a explicar o descalabro:

1. Saída de investidores estrangeiros dos mercados asiáticos pela realizaçao de mais-valias;

2. Economias muito dependentes das exportações para os EUA. As perspectivas de recessão nos EUA terá implicações "graves" nessas economias;

3. Impossibilidade de manter as subidas dos mercados, nalguns casos de 400% em 2 anos, eternamente...

Acima de tudo, é o facto de estar tudo interligado. Abana de um lado e vai tudo atrás. Abanam os EUA, com reflexos na procura na maior economia do mundo e o mundo treme a sério.

Anónimo disse...

Pois,eu sei que tudo treme.Mas no caso concreto da India e da China ainda a semana passada se falava em alguma estabilidade...AB

Anónimo disse...

ab, a estabilidade da India e China é relativa. Tão relativa quanto o estado de saúde do mundo dito desenvolvido. Isto por uma razão muito simples: boa parte da economia desses países tem vivido um fantástico boom graças, em particular, ao fenómeno designado por "globalização" que lhes permitiu entrar à séria no comércio internacional sem grandes barreiras. Por outro lado, as reformas que operaram internamente permitiram a entrada, em força, das multinacionais devido ao reduzido custo dos factores de produção. Ora, atendendo a que muito do seu poder decorre de balanças comerciais altamente superavitarias, uma gripe nos países de exportação talvez se traduza numa pneumonia daquele lado...