Cheias em Moçambique
É um drama que se repete ciclicamente.
Os rios que correm por Moçambique são violentos, terríveis e não se contêm nas suas margens. O Zambeze é um rio de margens incontroláveis.
Sempre ouvi falar nestas cheias e sempre ouvi relatos das suas brutais consequências.
Contudo, sabendo-se que é um desastre que ocorre periodicamente, como é que não existe prevenção para isso?... Mais uma vez o vale do Zambeze está debaixo de água e fala-se de um milhão de pessoas afectadas por essa catástrofe
Dizem que os países que têm ajudado querem saber «se as medidas preventivas sugeridas e financiadas em anos anteriores foram implementadas». Palpita-me que pouco.
É que a atitude de ‘prevenir’ sendo muito sensata implica uma grande maturidade, e vemos por aquilo que se passa na nossa terra onde também só nos lembramos da Santa Bárbara quando estamos debaixo dos trovões. Duvido muito que lá em Moçambique tenham tomado muitas medidas nesse sentido.
Notem que o director do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique diz que "Em caso de grandes cheias, como as que se perspectivam para este ano, nada há a fazer e nem a construção de novas barragens ajudaria, apenas se podem minimizar os estragos, nomeadamente através da prevenção, dos avisos prévios e de programas concertados de evacuação das populações ribeirinhas".
E a catástrofe continua a matar pessoas e a dar cabo da vida de muitos milhares!
Os rios que correm por Moçambique são violentos, terríveis e não se contêm nas suas margens. O Zambeze é um rio de margens incontroláveis.
Sempre ouvi falar nestas cheias e sempre ouvi relatos das suas brutais consequências.
Contudo, sabendo-se que é um desastre que ocorre periodicamente, como é que não existe prevenção para isso?... Mais uma vez o vale do Zambeze está debaixo de água e fala-se de um milhão de pessoas afectadas por essa catástrofe
Dizem que os países que têm ajudado querem saber «se as medidas preventivas sugeridas e financiadas em anos anteriores foram implementadas». Palpita-me que pouco.
É que a atitude de ‘prevenir’ sendo muito sensata implica uma grande maturidade, e vemos por aquilo que se passa na nossa terra onde também só nos lembramos da Santa Bárbara quando estamos debaixo dos trovões. Duvido muito que lá em Moçambique tenham tomado muitas medidas nesse sentido.
Notem que o director do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique diz que "Em caso de grandes cheias, como as que se perspectivam para este ano, nada há a fazer e nem a construção de novas barragens ajudaria, apenas se podem minimizar os estragos, nomeadamente através da prevenção, dos avisos prévios e de programas concertados de evacuação das populações ribeirinhas".
E a catástrofe continua a matar pessoas e a dar cabo da vida de muitos milhares!
Nota: Foi-me difícil escrever este texto de um modo impessoal. Vivi em Moçambique, é um país lindíssimo, e assisti às cheias de lá. Um horror, um pesadelo. As nossas cheias no Ribatejo, sendo tristíssimas não têm qualquer comparação com o que se vive no Zambeze. O meu coração fica bem apertado só de imaginar o que
11 comentários:
Perante a realidade que se vive, no vale do Zambeze e do Pungué, na zona da Beira e como se passa comigo exactamente o mesmo que contigo, só posso comungar da mesma angustia e esperar que a experiência e apoios recebidos, sirvam aqueles que mais sofrem, as populações deslocadas.
Nunca lá fui mas tenho uma grande simpatia por Moçambique. Não tem diamantes mas podia ser um grande país. Claro que essa coisa da 'prevenção' como dizes, se nem cá se faz numa terra com tanta coisa urgente devem deixar para depois. Oxalá desta vez não seja pior do que já está.
Os meus pais viveram lá e tenho imensas fotos e histórias espantosas que eles contam. É a terra de África que "conheço" melhor por... procuração!
E de facto fazem muita aflição estas catástrofes sistemáticas.
Emiéle, também lá vivi e sinto exactamente o mesmo. Não consigo falar com 'objectividade' daquela terra... De qualquer modo, com os erros que foram cometendo, creio bem que estão num caminho muito mais certo do que Angola.
As cheias são terríveis.
E mais ainda quando se encara como uma fatalidade! Não é!!! Um terramoto pode ser uma fatalidade mas uma cheia pode prevenir-se.
É curioso como a foto (quando a aumentamos) pode ser tão bonita e tão triste.
É curioso como na antiguidade as cheias podiam ser uma bênção (as do Nilo por exemplo permitiram que a civilização egípcia fosse o que foi) e hoje em dia são um pesadelo!
Qual o papel das barragens?
Pergunto a sério. Cabora-Bassa que encheu as páginas dos jornais da época (e não só) serve também para 'travar' as cheias...?
Tinha-me enganado e deixado este comentário no post de cima. Copiei-o e colei-o cá em baixo: a culpa é tua que escreves coisas tão diferentes!!!!!
Mary, as barragens são boas até se revelarem perigosas e isto acontece quando enche e não comporta mais água, que é o que agora aconteceu. Por outro lado a ocupação dos leitos de cheias tem sido uma constante em todo o mundo e Moçambique, não foge à regra. Agora que é doloroso disso não tenho a mínima dúvida. Com controle, e isto anda tudo cada vez mais descontrolado, a natureza consegue compatibilizar-se com os humanos, mas em alguns casos isso não acontece e infelismente, Moçambique, é um deles.
Mas não se esqueçam da tal tempestade tropical. Os furacões andam desatinados e por todo o mundo. E a culpa aí é sobretudo dos países ricos que não se têm ralado com Quiotos e quejandos, porque isso lhes tira bastantes lucros.
Até o mundo se reequilibrar vai haver muito sofrimento.
O que não quer dizer que, como todos vocês sublinham, o Estado Moçambicano pudesse ter tomado mais precauções.
É uma realidade que não há hipótese. Estava em Moçambique nas cheias anteriores e vivi vários anos na Zambézia. Coisas há que são inevitáveis mesmo. Cahora Bassa pode ter uma grande capacidade mas se a montante abrem as comportas, há que abrir do lado moçambicano e "vai tudo à frente".
A única prevenção, ou a mais eficaz, consiste em afastar as populações das áreas de risco. E como é que se faz isso em Moçambique? Impossível...
Por outro lado, acho muito bem que os países "doadores" perguntem o que foi feito. Mas vão um pouco tarde. Deveriam tê-lo feito após as últimas. Onde é que foram parar todos os donativos, monetários e em bens, enviados para Moçambique.
Finalmente, porque não gosto do actual presidente moçambicano, cuja reputação não é das melhores, tenho sérias dúvidas que a sua grande preocupação seja o povo e o seu bem estar.
Claro que sabia que tinhas estado em Moçambique, Miguel. Tens referido isso de vez em quando. Não sei nada do actual presidente, mas imagino que estejas melhor informado. Contudo, estas catástrofes mexem muito comigo, não consigo esquecer o que vi na altura. A malta insiste em viver em sítios de cheias (aliás por cá é o mesmo; até constroem prédios à revelia de todo o bom senso!!!) e é difícil evitá-lo.
Por outro lado, concordo que os países "dadores" devem querer saber o que se tem feito. Por mim, acho que isso é até pedagógico!
Olá Emiéle, o actual presidente moçambicano é apenas o pai do 24|20, dos campos de concentração no Niassa e criador da SNASP. Como se pode concluir, um bom rapaz que, com este passado, e ainda no tempo do Chissano, conseguiu tornar-se no maior empresário moçambicano.
Conheci algumas pessoas que foram vítimas do 24|20, tal como conheci algumas que foram para ao Niassa. Histórias de vida.
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