Um Caderno de Capa Castanha XIV
Hoje, tempos antes do Natal, vemos que as salas de cinema estão cheias de filmes dedicados ao público infantil ou adolescente. Creio que esta situação é ‘moderna’, apesar de eu sempre me lembrar deste mês com espectáculos infantis. Conte-me como era há 50 ou 60 anos...
«Bem diferente, podes calcular. O cinema como já te tinha contado, era na sua maior parte a preto e branco, e pensado para adultos. Aliás as crianças não estavam vistas como «consumidoras» de nada, nessa época. Aceitávamos naturalmente aquilo que os pais quisessem para nós... 
Ai, o Bambi, Clara, que coisa mais triste! Ainda hoje me admira como se põe uma criança perante o horror da orfandade com tanta calma (aliás, recentemente repetiu-se a dose

Mas naturalmente que havia outros filmes onde se podia levar uma criança. Os da

...e aborrecimento dos adultos, que nestas alturas assistem à invasão das salas pelo «bando das pipocas» como diz uma amiga minha...
«Repara que, por um lado, a indústria do cinema não tinha a força que tem hoje, e por outro, as crianças mesmo que muito amadas e até mimadas algumas, não tinham as honras nem a satisfação dos seus desejos imediatos, que têm hoje. Acontecia por vezes acompanharmos os adultos mas ficarmos ao seu colo, e até lá adormecíamos. Mas conto-te isso de outra vez»Clara
6 comentários:
Para gente, como nós, este escrito é um clássico.
Lembro-me de há mais de trinta anos, estavamos em Lisboa com o meu cunhado Zeca e os nossos filhos primogénitos e corria, naquele cinema do Campo Grande, o Bamby. Tirado à sorte, calhou ao Zeca acompanhar os miúdos, nessa aventura, e lá foi ele. Ainda hoje, recordamos essa manhã, com prazer.
Mas é que todos os Contos de Fadas eram muito maldosos! Toda aquela gente era órfã, já reparaste: A Branca de Neve, a Gata Borralheira...Vá lá que a Bela Adormecida escapava!
Mas realmente no caso do Bambi é muito comovente porque ele começa por ter mãe (nos outros casos ela já se foi) e a pobrezinha é morta pelos caçadores. Ele a chamar a mãe, é demais para uma criança pequenina, sim senhora.
A Shirley Temple com os seus caracóis, afinal o 'trabalho infantil' já existia nessa época!
(neste escrito, diz-se que vai continuar, imagino que depois falem de outros filmes ou outros espectáculos, de modo que não vou aqui adiantar mais nada até ver o que vens contar)
Um tema interessante, e que creio estar dentro das tuas «competências» seria comparar os desenhos animados de então com os de hoje - japoneses e não só.
Mais um texto para a minha colecção!
Com a qualidade do costume.
Olha King, sabes que já tinha pensado nisso. Tinha graça uma comparação dessas. O complicado é encaixá-la no formato de um post que nunca pode ser muito grande
(poder pode, mas fica desequilibrado)
Quanto ao velho Bambi, sei bem que muitos meninos ficam chocados com a história. É que a Gata Borralheira ou Branca de Neve, começam mal mas acabam bem, e aquele é ao contrário. É um «drama» mas infantil.
Bem, eu ontem ainda li este post, mas este blog tem muito que ler (escreves muito todos os dias) e eu escrevo pouco.
Ficou para hoje, apesar de nem saber o que dizer. Comecei a ler os desta secção, o era-uma-vez, e as saudades são muitas!
Realmente é impossível comparar a importância da criança na nossa sociedade actual e há 40 ou 50 anos. Como dizes ali em cima, nós "Aceitávamos naturalmente aquilo que os pais quisessem para nós..." e não se exigia nada - porque a exigência era a certeza de não receber nada! Era uma severa aprendizagem da frustração, esses tempos.
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