Cortesia e respeito
Há dias em que ando com mau feitio. (Eu digo que «há dias» se calhar nos outros também me acontece só que não o mostro…) Mas, ou é de mim, ou de facto anda a aparecer cada vez mais uma categoria de pessoas com quem não se consegue falar, porque o que quer que se diga vem, qual boomerang, devolvido pelas suas questões pessoais.
Uma conversa pressupõe que cada um dê a sua opinião sobre diversos assuntos, e as suas palavras sejam ouvidas e enquadradas pelas considerações do outro parceiro de conversa. Pelo menos parece-me o normal. E, tenho a sorte de ter amigas e amigos com quem essa troca se dá de um modo muito agradável e é um prazer estar com eles.
Contudo, o certo é que cada vez mais encontro pessoas que seja o que for que se diga, o que vem à tona é o que se passa com ela própria, seja importante ou corriqueiro.
-Cheguei atrasada que o autocarro nunca mais chegava.
-Nem queiras saber! Ontem estive meia hora à espera, debaixo de chuva e acabei por chamar um táxi. E o pior é que bláblábláblá…
......................
-Sabes? Estou agora a ler um livro muito interessante. Trata-se de ****
-Pois. Eu acabei de ler o *****, e digo-te que bláblábláblá….
..............................
-Ando ralada com a minha mãe. Vou ver se a levo ao médico,…
-Eu já nem digo nada à minha. Da última vez que lhe chamei a atenção blábláblá…
.........................
-Tenho tido tantas chatices no meu trabalho. A minha colega tal, tem-me feito a vida negra.
-Olha que eu agora estou numa fase boa. Andei com muitos problemas, lembras-te? Mas blábláblá…
.......................
Isto acontece a todos, não é? Por favor, digam-me que não sou eu que ando com manias…? O escutar o que nos dizem, sem interromper, e mostrar que se ouviu e está interessado, é uma das mais simples formas de respeito.
Mas que está, definitivamente, em vias de extinção.
Uma conversa pressupõe que cada um dê a sua opinião sobre diversos assuntos, e as suas palavras sejam ouvidas e enquadradas pelas considerações do outro parceiro de conversa. Pelo menos parece-me o normal. E, tenho a sorte de ter amigas e amigos com quem essa troca se dá de um modo muito agradável e é um prazer estar com eles.
Contudo, o certo é que cada vez mais encontro pessoas que seja o que for que se diga, o que vem à tona é o que se passa com ela própria, seja importante ou corriqueiro.
-Cheguei atrasada que o autocarro nunca mais chegava.
-Nem queiras saber! Ontem estive meia hora à espera, debaixo de chuva e acabei por chamar um táxi. E o pior é que bláblábláblá…
......................
-Sabes? Estou agora a ler um livro muito interessante. Trata-se de ****
-Pois. Eu acabei de ler o *****, e digo-te que bláblábláblá….
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-Ando ralada com a minha mãe. Vou ver se a levo ao médico,…
-Eu já nem digo nada à minha. Da última vez que lhe chamei a atenção blábláblá…
.........................
-Tenho tido tantas chatices no meu trabalho. A minha colega tal, tem-me feito a vida negra.
-Olha que eu agora estou numa fase boa. Andei com muitos problemas, lembras-te? Mas blábláblá…
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Isto acontece a todos, não é? Por favor, digam-me que não sou eu que ando com manias…? O escutar o que nos dizem, sem interromper, e mostrar que se ouviu e está interessado, é uma das mais simples formas de respeito.
Mas que está, definitivamente, em vias de extinção.
12 comentários:
Este teu tipo de escritos (não devia estar na categoria de «intimidades»?) tem sempre graça.
Não, amiga, não andas com manias.
Realmente as pessoas não ouvem o que se lhes diz, nem se esforçam por parecer que o fazem. A tua descrição está excelente, porque é mesmo assim. Muitas vezes nem se deixa acabar o que o outro está a contar para «meter à força» a sua colherada com a sua experiência pessoal ou a sua opinião.
Nem é especialmente comigo, reparo que se passa por todo o lado. Falta de educação? Mas o certo é que apanha tanta gente e tantos extractos sociais que não deve ser só isso. É uma moda.
Infelismente, tens, mesmo, razão. As pessoas só se ouvem a si mesmas, é uma dôr, mas é assim. a Joaninha diz que é moda e eu até nem discordo, mas pensando bem é um misto de moda e de falta de educação. De qualquer forma, esta educação para o individualismo, a falta de humanidade, lembro-me da atitude dos restantes assistentes do caso Kery, que nem uma palha mexeram para auxiliar quem discordava, e só isso. É triste, mas é verdade.
Eh eh. Calma Emiele. concerteza é apenas uma fase de maior susceptibilidade tua; não é agradável falar de alhos e responderem-nos sobre bugalhos mas sempre houve pessoas assim que têm um umbigo muito proeminente. :)
Sim Emiéle há imensa gente como descreveu,..., mas felizmente há uns quantos resistentes que sabem ouvir, sabem esperar para falarem...,
mas acredito que todos os seres Humanos já interromperam, pelo menos uma vez na vida, alguém para que pudessem falar do seu próprio umbigo!!!!
Umbigos salientes houve sempre mas agora estamos mesmo já na Hérnia umbilical...Conheço quem tenha "conversas de peixe"porque passa a vida a abrir a boca e a fechá-la sem nenhum som porque a outra parte já atacou de novo...conheço mesmo quem telefone pressupostamente para saber do outro e em vez de bom dia comece logo por"estou aqui a comer uma papaia e...."nunca mais se cale .AB
AB, sensacional essa de "conversas de peixe"!!! Adorei e vou passar a dizer. É mesmo isso!!!!
Quanto à malta aqui em baixo, dividem-se em dois grupos, Joaninha e Rita sentem como eu, Pedro e (em parte) o Zé Palmeiro pensam que sempre assim foi. OK, se calhar estou mais susceptível por uma ou outra situação recente, admito. Aliás, como também disse, tenho outros amigos com quem é um gosto falar-se, mas...
Emiéle, permite-me que faça um esclarecimento. Não digo que smpre foi assim, reafirmo o que queria dizer, hoje há muita gente que só se ouve a si própria, pelas razões que afirmo e por outras, talvez, que não vislumbro. Não creio portanto que sempre assim foi, senão, mal de nós, não comunicavamos, e esta plateia, COMUNICA!
Costumava comentar aqui, dantes, uma Tess que quase sempre se referia às ilustrações dos teus posts. (agora não tem aparecido) Desta vez vou eu fazer de Tess e dizer que achei mesmo piada ao boneco.
A ideia de se estar a falar para um espelho - e tem um piadão essa ânfora que até está 'humanizada' parece mesmo uma pessoa com as mãos na cintura - reproduz perfeitamente a ideia daquilo que disseste!
Há quem me diga que: "isso são fases que tu fazes". Talvez seja mesmo assim.
Passei por cá por acaso e fiquei entretido a ler. Como gostei do entertenimento hei-de voltar a passar mais vezes.
Até!
Rui.
ERRATA: Onde se lê: "entertenimento" deve ler-se "entretenimento"
Rui, vai passando sim, que qualquer blogger gosta que o leiam e ainda mais quando se dão ao trabalho de comentar!
Quanto à gralha, nem vale a pena corrigir-se. Toda a gente as escreve, e a não ser que altere o sentido não é de corrigir.
(Olha para mim, nas respostas aos comentários farto-me de escrever gralhas...)
Isso de «serem fases que nós fazemos»,... pois, pois...
Tb vou meter a minha colherada, dizendo que me acontece regularmente o mesmo com gente bem ou mal educada,rica ou pobre, jovem ou idosa. De forma geral acho que é uma questão de personalidade o ser mais falador ou ouvinte,o ter interesse em escutar os outros ou não.Há quem interrompa por estar stressado, aproveitando para desabafar, nào reparando que o outro tinha falado primeiro. Há quem ache uma perda de tempo ouvir coisas que nào lhe interessam ou que já ouviu contar. Aqui na NL, de forma geral não têm muita paciência para gente alongada, cheia de pormenores. Ou vão logo directamente ao assunto, interrompendo o relato ou mudam de repente de tema. Em cada país ou cultura há códigos de conversação e só com amigos podemos ser nós mesmos e comunicar de forma equilibrada. O resto são quase sempre conversas que nào satisfazem, por todos os motivos enumerados antes, por todos nós...
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