quarta-feira, julho 11, 2007

A verdadeira vítima

Esta é uma história tão dolorosa que até custa voltar a ela.
Quando começou a ser notícias nos jornais, devido ao escândalo de terem prendido um pai adoptivo de uma criança como um criminoso por se ter recusado a entregar a filha, eu disse logo aqui que apesar do sofrimento dos pais ser considerável, o que me afligia mais era o sofrimento da criança que parecia estar a ser jogada como um peão num tabuleiro por aquele tribunal.

Desde sempre que me chocou que se falasse de uma menina de 3 anos como de um bem pessoal, que podia ser devolvido, trocado, roubado, disputado.
Encontro hoje a confirmação daquilo que tinha a certeza: a menina está em sofrimento Os técnicos do Departamento de Pedopsiquiatria e Saúde Mental Infantil e Juvenil de Coimbra, afirmam o que se ‘adivinhava’: «o normal desenvolvimento psicológico e mental da menina está em risco […] com uma perturbação da ansiedade de separação, relacionada com factores ameaçadores perante a possível perda das principais figuras de vinculação (pais afectivos Embora se usem aqui termos técnicos, parece claro o que se passa. Há uma criança a quem as leis querem roubar a sua família e até o nome porque sempre se chamou! A desumanidade disto é chocante.
E contudo, mesmo com esta opinião de quem sabe, a juíza decide que «os encontros continuem e passem a ocorrer fora do infantário».
Manda quem pode!

8 comentários:

Anónimo disse...

Como é possível os senhores juízes estarem-se completamente marimbando para o que pensam técnicos especializados!!!??? Isto também toca assuntos de que tenho a pretensão de saber umas coisinhas, e desde o princípio que me arrepiou o modo como estava a ser tratado. tal como dizes, como se a menina fosse um bem material, um carro, ou uma casa, ou uma jóia.
Horrível para a criança!

josé palmeiro disse...

Lembro-me bem do que disseste. Infelismente, tinhas razão, e aí está, uma criança destruída, cheia de medos, porque foi tratada como uma coisa, não como um ser humano. Nunca se atendeu ao bem estar da criança, só se atendia às pretenções dos adultos e a mercadoria a entregar. Aqui está o resultado, o que mais irá acontecer?

cereja disse...

Pelo que aqui deixar 'cair' de vez em quando já tinha percebido que estes temas te tocam também, Joaninha.
Este caso, que é muito parecido com um que eu conheci também grave embora não tão mediático, é chocante pela frieza dos juízes
(até parece que ando numa onda anti-juiz; não é nada disso, mas quando erram deve dizer-se, nenhum é Papa, nenhum é infalível! E os erros deles são graves)

Anónimo disse...

Concordo com a Joaninha. Realmente trataram sempre a criança como se fosse um bem material e não um ser humano! Realmente lamentável! :(

Anónimo disse...

É um cocktail de cegueira e arrogância! É natural que um tribunal não saiba tudo, mas para isso é que há perícias. Imagino que se fosse um caso relativo a informática pedissem a opinião a um especialista de informática, se fosse uma vigarice financeira pedissem a opinião a um técnico de finanças, então sendo tão claro que se trata aqui da saúde mental de uma criança, se decide sem levar em conta o que dizem os técnicos?... Estava-se mesmo a ver que a menina, privada do pai durante tanto tempo e forçada a a conhecer um homem que lhe dizem ser seu pai, deve sentir-se assustadíssima. Que barbaridade.
E aquela birra quando ao nome dela?! Se o pai biológico não foi tido nem achado na altura do seu registo, se não foi ele que escolheu o nome, porque raio quer mudar o nome à criança que sempre se reconheceu de outra forma?...

Anónimo disse...

História sinistra que pelos vistos nunca mais tem fim!
Por vezes tento colocar-me na pele do tal «pai biológico» e sinceramente não consigo! Quando se fala em DIREITOS DO PAI, fico a questionar-me onde é que param os DIREITOS DA FILHA???? Que raio de direitos tem aquela criatura? Porque é que os tem? Diz que gosta da menina que nunca viu, ou que anda a ver agora contra a vontade da própria..? Quando nós sabemos que, muitas vezes, pais «verdadeiros» cujos filhos cresceram com eles, que muitas vezes tem uma forte ligação, se por alguma razão se divorciam das suas mulheres, há por aí juízes que pôem entraves a que eles visitem os filhos quando lhes apeteça - situação erradíssima e nos antípodas desta. Agora aparece esta criatura a tentar impedir em nome de ter fornecido há anos um espermatozoide, que uma menina cresca no sossego da sua casa, entre as figuras que toda a vida conheceu como seus pais!???! E é também um tribunal, com juizes identicos aos que não deixam alguns pais visitar os filhos, que «obrigam» estas visitas!
Coitadinha da menina, é só o que eu penso.

cereja disse...

Gui, não é teu costume deixares comentários tão grandes, mas fizeste muito bem. Realmente as medidas que comparaste parecem completamente do avesso. Também conheço casos onde depois de um divórcio «muito litigioso» as mães exigem a tutela absoluta dos filhos e eles para os verem é debaixo de uma vigilância incrível.

menina-m disse...

pois, é o que dá roubarem crianças. um dia elas crescem e sentem mais...um dia, quem sabe, até descobrem que foram compradas...é revoltante, sem dúvida, o que o dinheiro faz. enfim, todos somos mercadoria, tudo se vende, tudo se compra, sobretudo o amor.