sexta-feira, julho 27, 2007

A Justiça e os saldos

Eu sou uma completa leiga em questões jurídicas.
Portanto tenho de aceitar que haja uma justificação muito lógica para uma coisa que me anda a moer o juízo.
Porque raio é que ao proferir-se uma sentença num tribunal já se sabe que aquilo não é para levar a sério e o culpado só vai cumprir uma parte da pena a que foi condenado?!
Reparem que é constante. Um tipo apanha 10 anos de cadeia por um crime qualquer e todos dizem «coitado, lá vai ter de estar 5 anos…». Ainda no outro dia foi muito chocante, o tal rapaz que matou um homem à facada por ter dado um piropo à sua namorada e não parecia mostrar nenhum arrependimento, os amigos gritavam-lhe «daqui a 5 anos vens beber umas cervejas connosco!» mais ou menos.
E desta vez, não é coisinha que se pense ser ‘especialidade nacional’. Quando vemos séries policiais passadas nos EUA por exemplo, vem a mesma conversa - «o juiz condenou-o a 4 anos, já passou um até ao julgamento então para o ano já cá está!»
Não é que me mova nenhuma sanha justiceira contra os criminosos. Mas isto faz-me espécie! Então porque diabo é que não se condenam a penas mais pequenas mas que sejam cumpridas como deve ser…? Evidentemente que poderiam existir casos especiais, pessoas que praticassem actos de relevo que justificasse um perdão, mas o normal seria que a pena aplicada era a pena justa e portanto seria cumprida.
Mas não senhor. Parece que o «normal» é que a pena que o tribunal decide, pouco depois passa a saldos, com 50% de desconto.

5 comentários:

josé palmeiro disse...

Tu, nada percebes, e eu muito menos.
Só entendo a medida, dum ponto de vista económico.
Custa caro, manter um preso na cadeia, logo há que os soltar, para a rotação ser mais eficiente. Custa caro construir cadeias, ainda por cima, com condições, pois as que existem, incitam a promiscuidades, absolutamente incríveis. Por tudo isso, salda-se as penas, e aí temos os 50%.
Mas , estou contigo, é uma farsa! Que se condene, com justiça e que se cumpra a pena aplicada, do primeiro ao último dia e não esse espectáculo indecoroso, como o que relatas e já tinhas relatado, quando escreveste o post que mencionas. Assim, NÃO!

Anónimo disse...

Não faz sentido. claro que como também não ando nesse meio, posso desconhecer algum facto que justifique tudo isso. Mas para um leigo é uma coisa sem pés nem cabeça!
Levo em atenção aquilo que diz o Zé Palmeiro. Pode ser UMA das possíveis explicações, o custo de um preso. mas estamos a pensar em Portugal. Ora tu reparas (e eu confirmo) que quando se vêem séries internacionais encontra-se a mesma 'filosofia' - há uma pena teórica e depois a verdadeira que é sempre mais baixa...
Não seria mais natural condená-los àquilo que realmente se considera que eles vão cumprir?

Anónimo disse...

Gostei da imagem. Tenho a certeza de que foi de propósito que descobriste um boneco onde se confunde um juiz com um leiloeiro.
«Quem dá menos?»

Anónimo disse...

Gostei desta - A Justiça em Saldo
lpl
Ou pelo menos «os castigos em saldo»....

cereja disse...

Mary - adivinhaste! Andei por aí a ver bonecos mas queria exactamente deixar esta ideia.
É que a ideia do poupanço, claro que também nos ocorre, mas como eu disse não bate certo com outros países bem mais ricos.
Por outro lado ainda não percebi porque não se recorre mais àquela figura (quando não são penas graves, é claro) de mandar o delinquente cumprir qualquer coisa para o bem social. Também poupavam na cadeia e ajudava-se a 'educar' um tipo - para além de os tornarem úteis.