sexta-feira, abril 13, 2007

Sua Excelência A criança

Não é nenhuma novidade, só que vai criando cada vez mais peso – a criança como fonte de consumo.
Sabemos que Oeiras se prepara para um «festival» com um público-alvo de crianças entre os 2 e os 10 anos. A primeira ideia, que parece simpática, é que isso se inclui no Dia da Criança, e seria uma prenda da Câmara aos meninos oeirenses. Palavras bonitas: "Queremos realizar um sonho das crianças, que é o de ter reunidas, num espaço grande e fabuloso como é o Parque dos Poetas, as personagens de topo no imaginário infantil" Numa segunda observação, ao ver-se que
os bilhetes já estão à venda, e se espera 20 mil visitantes por dia passamos e ver um belíssimo negócio! Investir no público infantil, rende.
E quem fala em público, fala em consumidor. Quanto a este aspecto, não estou sozinha na minha crítica,
podemos ver alguns especialistas fazerem a «desmontagem» da bondade da iniciativa . Mas nem é preciso tanto, basta o bom-senso, quem quer que tenha, ou tenha há tido há pouco, filhos pequenos sabe que a despesa que costuma ter vai muito além do que seria normal e razoável. Para além do transporte especial que tem, e alguns são bem sofisticados, vemos que as lojas de roupa infantil são bastante mais caras do que as que vendem a mesma qualidade de roupa para adultos. E a criança tem todo um mundo de produção a trabalhar para ela – são móveis especiais (um quarto de criança à moda é caríssimo!) é louça especial, (uma criança não come em prato e talher normal, deve ser de material distinto e especialmente decorado), é comida especial (para além dos boiãozinhos de comida, certos iogurtes ou guloseimas apresentadas como cheias de vantagens) para não falar no mundo enorme dos brinquedos que ocupam sempre uma ala grande de uma grande superfície. Claro que isso sem falar nos «supermercados de brinquedos» tipo Toys”R”us ou as múltiplas lojas exclusivamente dedicadas à venda de brinquedos.
Um GRANDE mercado apesar de os consumidores serem pequenos. Pequenos mas manipuláveis e com fortes armas para arrancarem o que desejam dos seus pais.

6 comentários:

josé palmeiro disse...

Pois , pois , descobriram o filão e agora é explorá-lo, até à exautão. Repara, tudo o que dizes faz sentido, os pais, na correria louca dos dias, passam semanas sem sequer olhar para os filhos, com uma oferta destas, é vê-los, tentar apagar a má consciência, e correr, sem pensar, atrás dessa ou de qualquer outra, como apontas, as roupas de marca, etc.. Será assim que criaremos um MUNDO NOVO?

Anónimo disse...

Claro business is business!
Claro que qualquer criança pode comer num prato normal, com talheres de sobremesa por exemplo, se a sua mão é mais pequenina, brincar com um ou dois bonecos, comer a sua fruta e legumes comprados na praça e vestir uma tee-shirt mais pequenina mas sem nada de especial. O grave é toda a enorme máquina que subsiste graças a essas vendas.
E como diz o Zá Palmeiro joga-se a fundo com a culpa que os pais sentem por não terem mais tempo para os filhos!

cereja disse...

É evidente que é naturalíssimo uns pais quererem oferecer coiss bonitas aos seus filhos. Até aí, tudo certo. Onde começa a derrapar é quando se «inventam» coisas especiais. Quando há 'marcas' de roupa especiais para crianças, quando há alimentos que não trazem a menor vantagem para a saúde mas inventam que são especiais para crianças, quando a criança já não sabe inventar um brinquedo porque tem tudo o que se pode imaginar, aí alto e pára o baile!!!

Anónimo disse...

As crianças são o meio, os pais os
verdadeiros objectivos. Em breve serão a 3ª e 4ªidades, os verdadeiros objectivos os filhos ou netos.

cereja disse...

Como disse a Joaninha «business is business!» ou cantava a outra «money,money,money, money,money» é o que faz o Mundo girar...

Anónimo disse...

Este post levanta questões muito sérias e desta vez os teus comentadores não «lhe pegaram».
Afinal não há um Código de Publicidade» que deve ser dirigido à publicidade para a crinça? Onde é que está?
O facto de os pais «investirem» tanto nos seus rebentos tem a ver por um lado com tantos filhos únicos e com a culpabilidade de estarem tanto tempo afastados de casa devido ao trabalho. Contudo há um espírito de «se os outros têm eu também devo ter». Reparem que muitas vezes vai comprar-se coisas novas (cadeirinhas, roupas, etc) quando se podia perfeitamente aproveitar as dos amigos que já não servem aos seus filhos. tenho ouvido muitas vezes, ofertas desse tipo «queres a banheirinha do meu filho» e a resposta «naõ, deixa lá, eu compro uma nova» até de um modo desagradável.