terça-feira, abril 10, 2007

A palavra dita ou escrita

Apanhei o programa no meio de uma frase.
Tinha ligado a TV e entrou-me pela sala uma mesa mais ou menos redonda, uma senhora de um lado ( o ‘redondo’ terá ‘lados’?!) e um par do outro. A senhora à esquerda do ecrã estava a entrevistar os outros dois, creio que também jornalistas. Tinha proferido uma pergunta, o que percebi pela entoação mas não cheguei a tempo de a ouvir, ouvi sim a resposta da convidada que afirmou peremptória: «A Europa está espalhada por vários continentes».
Como..???
A Eu-ro-pa es-tá es-pa-lha-da por vá-ri-os con-ti-nen-tes… ?!!!!
Ainda me passou pela cabeça que se estivesse a falar de ficção científica e num futuro, espero que bem longínquo, a nossa pobre Europa se tivesse pulverizado e fosse cair como chuva de meteoritos pelos outros continentes. Não era. Falava-se de Direitos Humanos, Convenções, etc, e a frase estava descontextualizada. Aquilo que provavelmente a senhora pretendia dizer seria que alguns conceitos nascidos em países europeus já actualmente eram aceites um pouco por todo o mundo. Mas o interessante, é que se a senhora, que eu não sei quem é, estivesse a redigir um texto qualquer, nunca escreveria aquela frase. Soava-lhe logo mal, decerto.
Fiquei a pensar como a diferença entre a palavra escrita ou falada é enorme, medeia todo o tempo de reflexão que tanta falta faz.

6 comentários:

josé palmeiro disse...

É isso mesmo, Emiéle. O pior é que depois de dita. não há volta a dar-lhe. Também ouvi, aqui há uns dias, num qualquer noticiário, o locutor, afirmar que iria acontecer um evento qualquer, na CHECOSLOVÁQUIA, assim como se nada fosse.

Anónimo disse...

Essa era de cabo de esquadra «a Europa por vários continentes» lol!!!

Anónimo disse...

Gosto dessa « a Europa espalhada»! Realmente às vezes espalha-se ao comprido!!!

Anónimo disse...

Acho que sei que programa foi. Também vi.

cereja disse...

Zé, devia ser velhinho, e parou no tempo... A minha então era muito avançada, já pulverizava a Europa por vários continentes! Mas como disse, acredito que estas coiss se tivessem a 'mediação' da escrita seriam muito mais ponderadas e saía menos asneira. Também é verdade que o ser falado permite uma vivacidade que a escrita dificilmente tem...

Liv Araújo disse...

Lembrou-me a "Jangada de Pedra", do Saramago. Aí sim. :-)