24 de Abril - “Proibido a menores de…”
(Já devem ter reparado, eu tenho misturado nestas notas desde factos gravíssimos a pequenos pormenores, porque gostaria de dar uma panorâmica de quase tudo o que se passava nesses anos; hoje é outra vez 'um pormenor')
Como todos sabemos os filmes que são exibidos nos cinemas têm uma indicação “para todos”, ou “para maiores de 12” ou para “maiores de 18”. E a verdade que quase não se dá importância a essa classificação a não ser pela negativa – um jovem espigadote sente-se inferiorizado se for ver um filme para miúdos.
Ora, essa classificação no tempo do Salazar resultava uma completa proibição. Quando o filme era para “maiores de 12” ou sobretudo “maiores de 18” era muito importante levar-se o bilhete de identidade na carteira, porque mesmo acompanhado pelos pais se o porteiro do cinema tivesse dúvidas, não se entrava mesmo!Havia histórias espantosas de raparigas já casadas que, apesar disso, se o filme não era próprio para a sua idade não entravam na sala! E se a pessoa tinha o azar de parecer mais nova do que era, o bilhete de identidade era esmiuçado com a maior atenção ainda assim não fosse falcatrua.


Comentário
A fiscalização era muito a sério. Eu, aos 16 ou 17 anos, se queria ver um filme para 18, vestia fato e gravata, não fazia a barba, e, pormenor que me diziam infalível, colocava um jornal debaixo do braço. E entrei sempre. FJ








6 comentários:
Havia duas vertentes que não sei se aqui fica bem claro: por um lado era os filmes que podiam trazer mensagens 'perigosas' pelo seu conteúdo «esquerdista» e esse era um saco enorme! por outro lado os com cenas «ousadas», uns beijos mais ao vivo, um corpo nu, um casal na cama mesmo debaixo de lençois. Hoje não podia ser coisa mais inocente. :D
Como eu estava a fazer um comentário não me espliquei bem: claro que as menagens esquerdista e ousadas eram já depois de «filtradas» pela tesoura. Mesmo assim, mesmo depois de censuradas, ainda como aqui comentou o FJ, um rapaz de 17 anos se quisesse ver o Casablanca tinha de se «mascarar» de mais velho.
Entendo que haja locais proibidos a menores, e pode fazer sentido, pelo que lá se faz ou se consome mas ilha_man não era este o caso. Eram espectáculos públicos, onde se podia e muitas vezes se ia com os pais, mas que um poder mais alto decidia serem impróprios (como disse, já depois de censurados)
Olá Ilha_man! Deixa-me dizer que aprecio que apareças e discordes sempre que te apeteça, OK? Isto aqui não é nenhuma missa para se dizer «amen» a tudo o que eu escrevo.
De resto, eu que sou muuuuito velha, confirmo o que disse a Joaninha. Depois havia porteiros dos cinemas que também sofriam do complexo de autoridade, apreciavam o prazer de MANDAR!!! Ou seja, mais papista do que o papa...
Eehehehe!! Eu também «ainda sou do tempo». Está bem visto isso do jornal debaixo do braço. E lembra-me dos putos furiosos quando não tinham os 13 anos mas já muito espigadotes, e a terem de ver desenhos animados ou filmes claramente infantis onde iam com os seus manos de 6 anos...
Saúdo-te Emiéle, pela clareza e abertura de espírito.
Há, na verdade casos e situações que só depois de vividos ou melhor vivenciados, se podem aferir na sua total dimensão. O que escreveste, foi VERDADE, e muitos dos teus visitantes podem confirmá-lo! VIVA O 25 DE ABRIL!!!
Eu penso que enquanto quem se lembrar andar por cá tem a obrigação de ir prestando testemunho. Aliás os «comentários» que tenho acrescentado e outros que tenho guardados são de pessoas bem mais velhas que recordam tudo.
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