24 de Abril: Greves
Completamente proibido. É evidente que não se podia nunca fazer greve. Em nenhuma circunstância, sob que pretexto fosse. Isso era 'perigosamente subversivo' para as instituições da nação. Mesmo os estudantes, que tinham uma tradição de diversas greves na 1ª república, não a podiam fazer. Quando se deu a crise académica de 1962, o protesto que consistiu na falta às aulas, chamou-se cuidadosamente “luto académico”.
Comentário
Para além dessa «greve académica» que foi mais importante do que hoje pode parecer, recordo-me de uma greve levada a cabo por trabalhadores, ainda a «24 de Abril»: a greve da Carris. Quando hoje se fazem greves de transportes quase por tudo e por nada, para negociar pormenores salariais que os utentes muitas vezes nem entendem, vem-me sempre à memória a expressão dos trabalhadores da Carris quando aqui em Lisboa fizeram a sua greve. Os carros circularam nos seus horários, simplesmente não vendiam bilhetes. Atenção, nessa época não existiam passes sociais (que vieram só depois de Abril) nem bilhetes pré-comprados. Quem viajava precisava de comprar um bilhete dentro do transporte, mas nesse dia eles não os venderam. Eu precisei de utilizar vários transportes e a expressão dos trabalhadores era carregadíssima, sentia-se que era um gesto muito arriscado e essa emoção nós também a sentíamos. Nesse dia, à saída disse sempre baixinho: «Boa Sorte!» sem olhar muito para eles. É claro que não acabou bem, e foi preciso muita coragem.
Joaninha
4 comentários:
Essa greve, de que fala a Joaninha, é o exemplo daquiloq ue eu considero uma greve, greve com ocupação do posto de trabalho e obrigando a entidade patronal às despesas inerentes ao seu funcionamento, sem contudo gerar qualquer lucro.
Viajei nesses autocarros!
Olha eu!
Que graça em ver-me ali em cima! Ena, ena!
(pois é Zé palmeiro, também te lembras...? Foi comevedor. Sentia-se aqui um nó na garganta ao ver aquelas expressões sombrias mas determinadas)
Muito bom. Os posts são tão interessantes como o ano passado, apesar de repetidos e este aspecto de os «comentares» dá-lhe uma certa graça. Parabéns Joaninha. Tu não ias começar um blog??? Garganta...
:)))
Pois eu também apreciei o comentário da Joaninha quando mo enviou. Enriqueceu aqui o post.
Olha Jing, isso de começar um blog, cá para mim tens razão, foi só parole, parole, parole...
:)))
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