quarta-feira, março 14, 2007

Só a partir de 3 é que conta

Assim anda a Justiça.
Há uma criatura que bate na mulher. Não é uma questão de ser ‘entre casal’, neste momento esse tipo de comportamento é crime público. E já se vê que não era consentido, não era uma prática erótica de sado-maso, era mesmo pura e simplesmente agressão. A senhora que teve de fugir para casa da mãe cheia de medo do companheiro, pediu a intervenção do MP "para poder voltar a viver com os filhos na casa de família". Muito bem. O caso vai a julgamento e a defesa o que tem a dizer é que a mulher não a apresentou a queixa em tempo útil! Nem nega. Mas depois vem a sentença que considera:
"Deu-se como provado que o arguido por duas vezes agrediu a ofendida com murros na cara e no corpo, tendo ainda puxado o cabelo à ofendida, a qual sofreu dores, hematomas e nódoas negras" mas… “não se provou a prática reiterada (apenas duas vezes), a dimensão dos referidos hematomas e nódoas negras (...). As lesões psíquicas também não foram minimamente identificadas".
Portanto só duas vezes não chega. E isso de apanhar tareias monumentais não quer dizer que se fique com qualquer trauma psíquico. Uma pena estes senhores e senhoras que opinam com esta calma não recebam este tipo de carinhos nas suas próprias casas. Talvez olhassem para estes casos de um modo diferente.

9 comentários:

josé palmeiro disse...

Está tudo dito!
É a justiça que temos, fruto de um país de gente mediocre que ascende aos lugares de "mando" e que está, na verdade, a precisar que haja a coragem de lhes dar só uma, mas de vez, para não haver necessidade de julgamento.
Desculpa lá, ontem ainda nos rimos com o Galo, que não de Barcelos, mas de Chaves Yankie, mas hoje, são só tristezas!!!

Anónimo disse...

Vergonha. O que se pode sentir é vergonha. Devem achar que são uns safanões e ela é uma medricas para estar com queixinhas.

Que estupidez, Emiéle! Revolta-nos, sabes?

Anónimo disse...

E isto é com os tais «brandos costumes». Se não fossemos brandos era à facada, se calhar.
Que vergonha, como disse a Joaninha.

cereja disse...

Eu contei isto de uma forma leve, mas estava muito revoltada. a verdade é que os juizes mandam, não é? Ou seja esta desgraçada, se quiser viver na sua casa com os seus filhos, come e cala e mais nada!

JustAnother disse...

Trite, triste e deprimente...

E um belo exemplo. Suponho eu, na minha ingenuidade, que qualquer mulher vitima de maus tratos que estivesse a pensar em contactar a APAV ou fazer queixa do seu marido, se sente muito mais confiante que sera protegida e salvaguardade apos ler esta noticia...

Ainda vamos ter a policia a dizer as senhoras para voltarem para casa para levarem mais um bocadinho para ver se ja e o suficiente para ser maus tratos...

Inacreditavel...

Anónimo disse...

É uma vergonha, sim. E eu como homem, ainda sinto mais por saber que essas atitudes são tomadas sobretudo por tipos da minha espécie, e a cereja do bolo, é serem «desculpados» pela sociedade e até pelo tribunal.
Como disse a Tuxa muito bem, ela só tem de voltar para apanhar mais umas tantas até ter a conta certa!!!! Grrr!

Anónimo disse...

Este post , não aguento. É mesmo muito revoltante .Homens que ainda não evoluiram na especie e essa evoluçao costuma demorar muitos e muitos anos.Vai ser dificil sairmos desta ,a nao ser que as vitimas comecem a colocar uns pozinhos de vidro moido na sopa..nao estou a inventar...

cereja disse...

Kati, minha amiga, eu neste post nem reclamava contra o marido que espancava a mulher, já só esperava que depois dela ter tido 'a coragem' de fazer a queixa o tribunal não inocentasse o tipo com uma desculpa destas!!! Isso é que bradou aos céus, para mim! Achei o cúmulo.
Como disse a Tuxa, que coragem vai ter outra mulher vítima de um caso destes...? É melhor comer e calar.

cereja disse...

Certíssimo, «afrancesado». Vem na mesma linha de que como os filhos, quer rapazes quer raparigas são ainda hoje maioritariamente educados pelas mães, certos conceitos claramente 'machistas' e discriminatórios vieram exactamente de quem os devia evitar. Mas é a sociedade tal como ainda existe. Mudar mentalidades leva mais tempo do que mudar leis.