sábado, fevereiro 24, 2007

Quando a saúde é privada

Eu sou uma consumidora - moderada mas consumidora - daquelas séries tipo «Serviço de Urgência» passadas numa urgência de Hospital onde as vidas dos médicos e enfermeiros se misturam com histórias muito dramáticas resolvidas com uma agradável taxa de sucesso, havendo em cada episódio um caso ou dois que «corre mal» para dar um realista à coisa. Mas dá gosto ouvir «vem aí um caso de um tipo que caiu de uma janela, tem as pernas partidas e o coração a falhar!» e quando se abre as portas para passar a maca tem um médico de um lado, um enfermeiro do outro, e enquanto empurram a maca para a sala de observações vão dizendo «análises a isto, a isto e aquilo, verifiquem o estado disto e aquilo», etc, etc, e uns minutos depois estão a operar o doente e a salvar-lhe a vida.
Dá gosto ver como uma coisa daquelas pode funcionar. Mas mesmo sendo uma série de TV, onde é tudo em «faz-de-conta», como procuram ser realistas há um pormenor que borra a pintura que é quando alguém (costuma ser um chefe) indaga «Ele tem seguro?». Porque quando não tem seguro, ou é um seguro baratucho que não cobre aquelas mordomias, esses doentes são encaminhados para outros locais e a história que estamos a ver passa para outros casos.
Lembrei-me dessas histórias quando li que alguns soldados americanos feridos no Iraque e Afeganistão
vivem num hospital rodeados por ratos, baratas e bolor É curioso porque sendo, pelos vistos, um Hospital Militar deve ser do Estado e assim eles não devem ter o tal seguro que lhes permite o atendimento que vemos nessas séries tão emocionantes.
Interessante, não é? Afinal é a vida a preto e branco – ou se tem dinheiro ou se não tem, ou se tem bons cuidados de saúde ou não. Fácil.


2 comentários:

Anónimo disse...

No Cinema, é como dizes.
Na realidade é assim: "Quando estamos privados da saúde"

cereja disse...

:D
Bem visto. Não será «saúde privada» e sim «privados de saúde».
Eu acho graça ao contraste dessa série, sobretudo porque ultimamente tenho ido muitas vezes às nossas urgências e é o dia da noite!!! Aquilo parece o conto de fadas versus vida quotidiana.