domingo, fevereiro 18, 2007

Cartas de Iwo Jima

A ordem deve ser arbitrária, penso eu. Quer «As Bandeiras dos Nossos Pais» quer a outra face da medalha «Cartas de Iwo Jima» são filmes obrigatórios. Os dois. Digo isto apesar de ontem ter começado por ver as «Cartas» mas apenas porque se tem de começar por um deles… Pretendo muito rapidamente ver agora o ‘lado americano’ da história.
Este é um filme inesquecível! Sombrio em todos os sentidos. Sombrio pela cor, filme cinzento, a cor que aparece é quase apenas o vermelho da bandeira ou do sangue. E sombrio porque, como numa tragédia grega, sabemos que o desfecho inevitável é a morte. Uma morte fatal para 19.000 japoneses que defendiam aquela ilha de uma importância estratégica grande, mas que apenas podia contar com aqueles homens em terra – nem aviação, nem marinha.
O horror da guerra em grande plano. Soldados tão jovens, um deles diz «nós ainda nem sabemos aquilo que vamos perder» porque aos 20 anos a vida mal começou. Grandes conceitos, pátria, honra… Acreditaram que os americanos eram os maus, eram diferentes, mas ao ler uma carta de uma mãe americana para o filho reparam que é igual à que as suas mães lhes escrevem. É possível?
Clint Eastwood conta-nos uma história impressionante que questiona de um modo muito forte a guerra em si. Dos dois lados da barricada estão seres humanos quase iguais. É certo que a cultura japonesa aceita o suicídio honroso, os kamikases ‘nasceram’ no Japão, mas neste filme vê-se que nada disso é generalizável. Há quem pense de outro modo, há quem pense que se continuar vivo poderá ser mais útil do que se auto-despedaçar com uma granada, e há até quem pense em se render. Porque são seres humanos. Porque também são diferentes entre si.
Essa ilha de 21 km quadrados com o seu monte Suribashi, não conseguiu resistir. Ficaram as cartas, centenas de cartas que foram escritas mas não enviadas. Enterradas naquele solo que ainda era japonês, para que um dia talvez pudessem servir de testemunho ao que ali se tinha passado.

9 comentários:

Anónimo disse...

Agurado para ver, depois entro em comentários, ou melhor, em opinião.

cereja disse...

Vale muito a pena, Zé. Eu gostei muito e acredito que também gostes. Quero ver se amanhã que é segunda e os preços são reduzidos, vou apanhar «As bandeiras dos nossos pais». Já me disseram que há cenas rigorosamente iguais, vistas ao contrário.
Clint Eastwood tem sido uma boa surpresa.

Anónimo disse...

Eu comecei ao contrário (até porque o outro chegou cá primeiro). São uns filmes espantosos . (ia escrever «adorei» e depois senti-me ridícula, porque não se «adora» filmes destes! a expressão não se pode aplicar ao que vimos neste díptico)
talvez a ordem melhor fosse As bandeirs primeiro e as Cartas depois, mas a verdade é que se completam de um modo extraordinário.
Raisparta a guerra!!!!!!!

Anónimo disse...

Volto, pela última frase do comentário da joaninha, " raios partam a guerra".
Tens razão, quem por ela passou tem sentimentos tão antagónicos que chegam a ser iguais, depois de tudo passar há um estranho sentimento de irmandade, que é verificado pelos sentimentos dos que voltam aos palcos, onde desempenharam, tão dramáticos papéis.
Isto a mim prova-me que os Homens, não vão para a guerra, são mandados para a guerra!

cereja disse...

Boa frase, Zé Palmeiro. É isso «são mandados» e depois é uma teia onde se envolvem e de onde não se pode sair.
Olha Joaninha, eu também tinha pensado fazer esse percurso, primeiro As Bandeiras, e depois As Cartas, só que calhou assim e penso que irá dar ao mesmo...

Anónimo disse...

Olhem, o Clinton Eastwood tem sido para mim uma revelação.
Gostava dele como actor, é certo, mas…
Não era assim um daqueles por quem achasse que filme onde entrasse tinhe de ser bom!
Mas como realizador é uma surpresa formidável. Temas importantes e muitíssimo bem contados sem recorrer ao sensacionalismo. O contrário do colega Mel Gibson, que adora sangue e quanto mais melhor… estes dois filmes que podiam ser mares de sangue, têm o q.b. Existe, é certo, mas sem sensacionalismo.
Fiquei fã do tipo!

Anónimo disse...

Amanhã estou lá , a sintese feita pela Emiele é fantastica,boa critica de cinema ... depois farei o meu comentário

cereja disse...

Kati, és um amor mas não pretendi fazer uma crítica.... Foi apenas contar ou melhor, transmitir aquilo que senti. Ainda bem que te passei a vontade de ver, porque acho que merece. (e eu vou amanhã ver a outra parte)

Anónimo disse...

Gostei muito do filme valeu a pena, claro que o lado humano da guerra é muito tocante saí cabisbaixa, pois infelizmente no sec XXI o tema continua actual e por muito que o homem evolua, o sofrimento estará sempre presente nas vidas dos que vão e dos que ficam.