quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A batata frita e a publicidade

Andamos em círculos a definir e delimitar culpas na velha história de «quem nasceu primeiro, se o ovo se a galinha».
É já sabido que as batatas fritas – então se forem ‘de pacote, upa! upa! – não são um alimento por aí além. Para além da própria batata não alimentar assim lá muito, a gordura em que é frita e o sal que leva torna-a num alimento-não-saudável. Pronto, hoje em dia quase toda a gente sabe isso.
Mas também se diz que ‘o que é mau sabe bem’ e muita gente gosta. Sobretudo as crianças que acham piada ao estalar da batata e consomem daquilo em doses industriais. Das batatas fritas, dos refrigerantes, dos doces. Claro que consomem porque provaram a primeira vez e começaram a gostar. Agora o problema que se põe, uma vez que também é um facto que as nossas crianças estão a ficar obesas, e «a Organização Mundial de Saúde já considerou que a obesidade é a epidemia do século XXI» é como travar esse consumo.
Onde entra a conversa da galinha e ovo é
na relação com a publicidade . A miudagem consome muito porque os anúncios são muito atractivos, ou os anunciantes querem fazer publicidade porque têm compradores?...
Do lado da publicidade, devolvem a acusação e dizem que tudo se resolve com a auto-regulação e se está a exagerar a questão. Pois é. Realmente as crianças gostam dos refrigerantes, doces ou batatas fritas porque alguém lhes deu a provar, ou seja a culpa é dos pais. Que também têm «culpa» por os filhos verem tantas horas de TV. Mas vamos ser objectivos, há publicidade que é claramente dirigida àquela fatia de idades, àquele target como eles dizem. Se fosse passada à hora a que estão a dormir, ou quando devem estar na escola, perdia o efeito, portanto não é tão inocente como isso…
Eu então tenho uma particular embirração: é quando se impinge o mesmo produto mas ainda por cima mais caro, porque é «light»! A batata tem menos sal, o refrigerante menos açúcar, portanto está tudo bem! É a venda sonsa. Como quem vai deixar de fumar e compra cigarros com menos nicotina. Tenham mas é juízo!

8 comentários:

josé palmeiro disse...

É uma luta muito desigual, essa entre a industria e o marketing, que a sustenta e o consumidor final. De facto, o gato por lebre, é comum e nos casos que referes, é assustador, exactamente pelo que provoca, na saúde humana. Logo, os pais, a escola, os organismos reguladores, deveriam ser mais eficientes nesse controle, ois os resultados que por aí se apontam, são devastadores.

cereja disse...

Uma coisa que é tão evidente que até chateia como não se vê logo, é que no que se refere às crianças o mais importante é o exemplo que vêm em casa. É praticamente impossível fazê-las acreditar numa alimentação saudável se repararem que os pais a não fazem!
Quanto à Escola é outro foco importantíssimo. Muitos miúdos, não comem na Cantina Escolar e vão ao bar «almoçar» um pacote de batatas e uma coca-cola. Quanto a este tema a Saltapocinhas já tem escrito uns posts muito interessantes; mas a escola dela é exemplar, não sei se há muitas assim...

Anónimo disse...

Mas olha lá, ainda ontem falavas no chocolate...?!
Vamos lá entender as mulheres!

Anónimo disse...

Olha, Emiéle, se há coisa que me irrite é essa questão dos 'reforços' ou então dos 'light's. Vê esse caso das batatas fritas - se forem light têm menos gordura (?) e menos sal...? E vai daí come-se 2 pacotes em lugar de um!!!!!
Mas a publicidade cá para mim, devia realmente controlar-se. É claro que se os pais não derem o exemplo, isso ajuda, mas cá para mim não chega. É que ouvir a insistência de um cachopo a querer determinada coisa, pode ser bem chato. E claro que eles pedem se a publicidade for bem feita!!!

saltapocinhas disse...

Se a publicidade influencia os adultos, o que dizer então das crianças!!
Quanto a mim deviam proibir ou pelo menos diminuir bastante a publicidade a maus produtos.
O problema será definir o que é um "mau produto". Se comparares as batatas a milhentas outras coisas fritas que existem, elas até são quase saudáveis!
Como em tudo uma boa educação é essencial...

saltapocinhas disse...

Só agora li os outros comentários, incluindo o teu.
A minha escola é pequenina, só tem 2 salas e numa espécie de marquise funciona este ano uma 3ª sala.
Não há bar, só cantina.
E os pequenitos comem na cantina uma alimentação que acredito ser saudável, mas que a maior parte das vezes é fraca de aspecto e de sabor.
Eles comem porque não têm alternativa, mas quando passarem para o 5.º ano, vão ter um bar com todas as guloseimas à disposição. E que resiste?
Mas o problema era fácil de resolver: o bar só vendia comida saudável e era exigido aos fornecedores da comida que esta fosse de boa qualidade e com boa apresentação. Uma vez que as crianças estão na escola das 9 às 16 ou 17, o problema estaria em grande parte resolvido.
Dá para acreditar que numa zona onde as pessoas deixam as laranjas apodrecer nas árvores ou no chão, não haja sumos de laranja natural em cantinas nem em bares??

Anónimo disse...

As empresas e o seu marketing fazem o seu papel, as familias têm de fazer o delas e tudo passa pela educação para a saude e há quem o faça felizmente, conheço crianças perfeitamente educadas,mas é obvio que os pais tambem o são. vejo coisas nos centros comerciais completamente repugnantes

cereja disse...

Sem nick, eu falava do chocolate, mas olha que está na mesma linha... Um pouco de cada coisa, não faz mal, uma dieta exclusiva seja do que for, é sempre mau.
Saltapocinhas, tinha ideia de que a tua escolinha era pequena, mas não pensei que fosse tanto. Com o blog e tudo!!! Mas como dizes, se vocês conseguem manter-se sem essa coisa do bar, é porque é possível.
Kati, essa é também a minha opinião. A maioria das crianças são o espelho dos pais. Conheço um miúdo, espertíssimo e desembaraçado, mas que foi educado de tal forma que não só não pede nenhuma goludice, como se lha derem olha para a mãe e pergunta: «Posso?»