Jovens problemáticos
O velho conceito, do século passado, de «Casa de correcção» desapareceu. Desapareceu o racional que sustentava essa noção mas não desaparecerem e em certa medida até se agravaram as condições que favoreciam o aparecimento de crianças e jovens a quem essa solução era dedicada. Quando há cem anos se enviava um adolescente para «uma casa de correcção» era porque o seu comportamento era tão desviado socialmente que a estrutura familiar não conseguia integrá-lo e educá-lo dentro dos padrões desejados.
Acontece que hoje não desapareceram esses casos mas tudo se complicou, não apenas com o aumento da população, mas com a salada russa que foi o misturar-se no mesmo espaço, crianças e jovens sem família (os que nesses tempos remotos iriam para o que se chamaria «asilo») que estão carentes de tudo, vivendo situações muito traumáticas e esses outros pequenos delinquentes, os tais candidatos às antigas «casas de correcção».
Não se conseguiu fazer melhor. Mas salta aos olhos que a solução é péssima! E sobretudo quando o Estado se demite da sua função como apoio destas difíceis situações e delega noutras organizações, IPSS na sua maioria, a resposta que se dá.
Vieram para as páginas dos jornais sucessivamente dois casos de contornos semelhantes: O da Oficina S. José, no Porto, e Casa do Sagrado Coração de Jesus em Évora. Os miúdos que lá estão queixam-se de ser maltratados, alguns técnicos (curiosamente, entretendo despedidos) confirmam, e o assunto salta para a ribalta. De comum nestes casos há também o facto de serem geridos por religiosos.
A resposta correcta a crianças muito problemáticas implica uma grande preparação e formação. Não é nada fácil. Que a Igreja tenha uma longa experiência no campo do ensino é um facto sabido. Ao longo dos tempos os Colégios geridos por religiosos tiveram fama. Só que aqui trata-se de uma outra área difícil e delicada, que não tem a ver com a pedagogia mas sim com técnicas específicas de psicologia e até psiquiatria. E o velho conceito de «correcção» como era há 100 anos está ultrapassado. Está na altura – e já vai tarde, na minha opinião – de o IRS reformular a sua política. Tem de tomar nas suas mãos as rédeas destes processos ou vamos muito mal!
Acontece que hoje não desapareceram esses casos mas tudo se complicou, não apenas com o aumento da população, mas com a salada russa que foi o misturar-se no mesmo espaço, crianças e jovens sem família (os que nesses tempos remotos iriam para o que se chamaria «asilo») que estão carentes de tudo, vivendo situações muito traumáticas e esses outros pequenos delinquentes, os tais candidatos às antigas «casas de correcção».
Não se conseguiu fazer melhor. Mas salta aos olhos que a solução é péssima! E sobretudo quando o Estado se demite da sua função como apoio destas difíceis situações e delega noutras organizações, IPSS na sua maioria, a resposta que se dá.
Vieram para as páginas dos jornais sucessivamente dois casos de contornos semelhantes: O da Oficina S. José, no Porto, e Casa do Sagrado Coração de Jesus em Évora. Os miúdos que lá estão queixam-se de ser maltratados, alguns técnicos (curiosamente, entretendo despedidos) confirmam, e o assunto salta para a ribalta. De comum nestes casos há também o facto de serem geridos por religiosos.
A resposta correcta a crianças muito problemáticas implica uma grande preparação e formação. Não é nada fácil. Que a Igreja tenha uma longa experiência no campo do ensino é um facto sabido. Ao longo dos tempos os Colégios geridos por religiosos tiveram fama. Só que aqui trata-se de uma outra área difícil e delicada, que não tem a ver com a pedagogia mas sim com técnicas específicas de psicologia e até psiquiatria. E o velho conceito de «correcção» como era há 100 anos está ultrapassado. Está na altura – e já vai tarde, na minha opinião – de o IRS reformular a sua política. Tem de tomar nas suas mãos as rédeas destes processos ou vamos muito mal!
12 comentários:
Emiéle, este é um assunto que já percebi que tu conheces e eu, infelizmente, também. E é fácil, muito fácil cair em extremos afinal demagógicos. Primeiro, para que não haja dúvidas, censuro as citadas instituições. Quer a dos padres quer a das freiras, aceitaram uma tarefa para que não estavam preparados, de um modo muito leviano. Receber crianças ou jovens em via de delinquência é tarefa dificílima. Não chega compreensão, amor, essas coisas que para um miúdo abandonado são a pedra de toque e podem fazer maravilhas. Ali não. A personalidade já tem umas defesas diria que ‘preversas’. Mas por isso é que há especialistas. Se fosse simplesmente castigando que se levavam esses jovens a aceitar os valores que a sociedade aprova, eles nem tinham entrado nessas casas! Portanto houve erros graves dos padres e das freiras, mas! mas, a tarefa era muito complicada e difícil. Conheço alguns dos «colégios» como agora se chama do IRS e os educadores têm uma vida tramada!
Eu compreendo o que vocês dizem, (digo 'vocês' porque parece estarem de acordo) mas quer num caso quer noutro com certeza que não é à pancada que se leva um miúdo/miúda rebelde!
Muito santinhos, muito santinhos mas de mão leve!
Claro que não é «à pancada» longe disso.Aliás essa é a 'técnica' que aqui eu e creio que a Joaninha, criticamos. Mas penso que há pessoas que tiraram exactamente uma especialização destes casos. Porque o que eu queria dizer é que são casos muito complicados.
Para quem, como eu, conhecia a salada só de longe ou de ouvir falar, a "contextualiação" foi ótima.A tarefa dos bons c educadores deve ser mesmo dura, então com direcções destas.O facto de serem protagonizadas por religiosos não admira, a igreja, salvo raras excepções foi e é das instituições mais violentas da europa.fj
É mesmo isso, FJ. A tarefa é dura e difícil, mas fica bem pior como disseste «com directores destes». Antigamente - e não foi assim há tanto tempo - as águas estavam separadas. Havia 'lares' para acolher as crianças que ficavam sem abrigo por motivos vários, e para essas seria necessário um ambiente o mais «familiar» possível. E por outro lado os jovens que eram acusados de delitos mas pela sua idade não poderiam de modo algum ir para uma cadeia, e iam para «colégios de recuperação» onde era suposto aprenderem regras cívidas e de disciplina. Por razões diversas mas sobretudo económicas nos actuais Centros de Acolhimento junta-se tudo.
Com tristes resultados.
Deixa-me meter a colherada outra vez:
É que muitas vezes as tais crianças sem lar, e que são recolhidas pela Segurança Social e ficam em abrigos provisórios (provisórios, o tanas! ficam muitas vezes meses e meses) como vêm de famílias completamente destruturadas, pais alcoolicos, muito violentos, cadastrados tantas vezes, elas próprias são delinquentes em semente; não têm regras, e não aceitam a integração...
É um trabalho duro que se farta.
tenho uma questão...
a casa do gaiato gerido pela religião e acolhendo crianças e adolescentes com pobre educação e condições, é uma chamada casa de correcção?
ou apenas uma instituição solidária?
é k com a descrição acima fikei na duvida e teho curiosidade e necessidade em saber.
Meu Deus, caríssimo «anónimo» de 14 de Julho, receber um comentário mais de 2 anos depois de ter escrito qualquer coisa, deixa-me atrapalhada. É que já nem me recordo em que contexto isto foi escrito.
Mas, tentando responder à sua pergunta, eu creio (mas precisava de confirmação) que a Casa do Gaiato deveria receber jovens carenciados a nível social, os tais de que falo como «sem família» ou pelo menos sem uma família responsável que cuide deles, e não jovens com problemas de comportamento. Mas a verdade é que é difícil encontrar Casas verdadeiramente apetrechadas para receber esses jovens perturbados, violentos, com alterações de comportamento, pelo que possivelmente a Casa do Gaiato também os recebe. É muito complicado porque para orientar esses miúdos é necessário um conhecimento técnico que só um psicólogo especializado nessa área poderá possuir e não um padre mesmo que bem intencionado.
Mas respondendo à sua questão, NÃO é uma casa de correcção. Não pode ser.
Eu sei que este post já foi posto há muito tempo, mas eu tenho uma amiga minha que lhe foi enviada uma carta para casa para ir a tribunal, provavelmente vai para uma "casa de correção" ela vai fazer 17 anos este ano, e eu queria saber mais sobre isso, até que idade fica, se tem visitas, sabe de algum site que me possa ajudar? é que eu não encontro nada...
Por um perfeito acaso passei por aqui, porque o blog está "fechado" digamos assim, desde 2010!!!
Caro "anónimo" de 03/03/2014 é natural que já não passe por cá agora quase um mês depois, e não lhe posso dar uma resposta com toda a certeza porque não sou jurista. Mas «uma carta para ir a tribunal» não me parece que seja para a enviar para nenhuma casa de correcção que ainda por cima não existe nesse formato. Os tais "colégios" de que falo no post, são para casos relativamente sérios ou para jovens que não têm nenhum apoio familiar.
Meus senhores as casas de apoio a jovens em risco que são vitimas de exclusão por vários motivos não são casa de correção, essa afirmação é incorreta e branqueada na generalidade, os centros educativos da Tutela do Ministério da Justiça é que são autênticas casa de correção, pois aqui sejas filho de pobre ou rico és julgado num tribunal de menores pelo o código da medida tutelar educativa, no qual poderás ser condenado em três regimes aberto, semi aberto e fechado e entregue num destes centros educativos.
Destes comentarios e pobres e ridiculos fazemdi julgamento sem terem conhecimento de causa .alguem tem uma sugestao decente para estes jovens
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