quinta-feira, dezembro 21, 2006

Portugal e os outros

Mas que mania de comparações! Nunca mais aprendemos que é um exercício deprimente, bolas…!
Bom, é claro que é fácil compararmo-nos com a Espanha que está aqui mesmo à mão. Mas para quê?! Por um lado podemos ficar contentinhos por a nossa inflação estar relativamente baixa. OK. A média europeia é 2,2 e nós estamos a 2,1. Parece bom.
Depois repara-se no PIB per capita, sempre um bom indicador de qualidade de vida, e aí é o desastre! Quer em comparação com a Espanha, quer com a Europa, nós situamo- nos «umas três dezenas de pontos percentuais abaixo».
Mas é novidade?
Temos telemóveis, e ficamos por aí. Conversa, conversa, conversa….

13 comentários:

Anónimo disse...

Não vale a pena.
Eu quando vejo textos deste tipo, de comparações, desvio logo os olhos!
Como dizes, só no uso dos telemóveis estamos muito adiantados - muita gente tem mais do que um, ou seja somos bom é para conversa, para os actos já é preciso mais esforço.

Rita Inácio disse...

Pois!
Enquanto o Português não abdicar de certas coisas que sabe que não pode ter, mas que tem que ter porque o vizinho também têm não passaremos do sítio onde estamos!
Comparações? Podíamos começar pelas seguintes comparações: um português ganha um prémio de 50 000€, o que é que faz? De preferência compra um carro melhor que o do vizinho... Um Belga ganha o mesmo prémio, o que faz, investe em acções, com isso recebe algum dinheiro (com risco de também perder), mas dá dinheiro ao estado, que tem proveito e poderá aplicá-lo da melhor forma na qualidade de vida dos cidadãos.

Anónimo disse...

Certo, Rita! De acordo. Há uma confusão de prioridades aqui na nossa gente. Essa do carro é uma delas. Com tantas dificuldades e há famílias com dois e três carros!... Um para os pais e muitas vezes um para cada filho. E como dizes quando se ganha mais uns tostões... troca-se de carro!!!!
É uma mania!

Anónimo disse...

Apesar de a Gui e a Rita terem razão, isso não impede que (tirando essa do carro...) se viva mesmo muito abaixo dos nossos parceiros da UE. E não é o carro ou o telemóvel que nos dá a qualidade de vida.

cereja disse...

Vocês têm razão quanto a essa coisda das prioridades. Mas lá que o nosso nível de vida é fraquito, está para além de qualquer discussão!

Rita Inácio disse...

O nosso nível de vida é fraquito, indiscutível,... nem ponho isso em questão. Mas nós não ajudamos a mudar isso,... e aquela treta de estar sempre a dizer que os políticos é que tem culpa deveria acabar, porque a culpa é de todos, Eles tem muita culpa como é óbvio, mas os outros não estão isentos de culpa!
O Raphael tem razão quando diz que não é o telemóvel, nem o carro que dão qualidade de vida,... mas quantas vezes já ouviu :"agora vivo um bocadinho melhor, até já tenho um carro". O meu pai comprou o primeiro carro perto dos 50 anos,... mas primeiro fomos lutando por uma vida um pouco melhor, fomos obtendo as coisas prioritárias,... e o carro veio quando passou a ser necessidade! Mas a verdade é que se vê pessoas que são capazes de passar fome para ter determinados objectos, ou para comprar o bilhete para o Futebol!
O nosso nível de vida é fraco (embora que isto possa levar a muitas interpretações), ..., mas também não podemos esperar que tudo caia do céu! Peço desculpa, até posso estar a ser injusta, mas quando olho à minha volta é o que vejo.

saltapocinhas disse...

Se me caíssem do céu não sei quantos mil euros não ia comprar nenhum carro. O meu velhinho vai servindo para as minhas necessidades.
Também não comprava acções que tenho muito medo dessas coisas...Meter o dinheiro no banco ou guardá-lo debaixo do colchão, em termos económicos é quase o mesmo. Comprar uma casa para arrendar? Ficava sem o dinheiro e com uma casa que dificilmente voltaria às minhas mãos...
Por estas e por outras é que não jogo nesse tipo de jogos.
Não sabia o que fazer ao dinheiro, que chatice!
Mas estes comentários fizeram-me lembrar aquela fulana irlandesa que ganhou um balúrdio no euromilhões. Entrvistaram o filho e perguntaram-lhe qual era a primeira coisa que ele ia fazer e ele respondeu "apanhar uma bebedeira!" (tinha cara de grunho, o rapaz).
Se fosse aqui quase de certeza que a pessoa responderia "pagar uma jantarada à família e aos amigos!"
Em relação ao comentário da Rita eu concordo e discordo: concordo porque não podemos estar à espera que o governo faça aquilo que é da nossa responsabilidade fazer. Por outro lado, os bons governos fazem os bons países. Olha o Brasil, um país onde todos podiam viver bem, tal é a sua riqueza e vê o que lá se passa! E a Noruega, um país com relativamente poucos recursos, tem um nível de vida excepcional!
Já dizia o Napoleão que preferia um exército de carneiros comandados por um leão, do que um exército de leões comandados por um carneiro!!

Anónimo disse...

Rita, não podia estar mais de acordo contigo pois penso exactamente da mesma maneira. Apesar da radicalidade e extremismo.

Contudo, numa sociedade que foi alimentada pelo parecer em vez de ser, em que os próprios políticos fomentaram esse ideal, aproveitado por todos os que viram no mesmo a galinha dos ovos de oiro, é mesmo preciso dizer que a culpa é colectiva.

As pessoas tiveram o que queriam, ie, num país onde pouco ou nada havia e poucos eram os que tinham, de repente muitos mais passaram a poder ter. Hipotecaram o futuro, é certo, mas passaram a ter e, com isso, alguns, pensaram que passariam igualmente a ser. É a eterna confusão dos materialistas puros. Com os recursos financeiros à disposição, próprios ou alheios, irrecusáveis estes últimos, e um irrecusável apelo ao consumo desmesurado - as campanhas não são feitas por acaso, são estudadas ao milímetro para atingirem determinados patamares de sucesso - esquecem-se que é sempre mais fácil (e menos trabalhoso) parecer ser do que ser. É tudo uma questão de ornamentos...

A mentalidade do novo-rico ainda não desapareceu. De forma alguma. Só assim se compreende que, num país onde ninguém era proprietário de imóveis, de repente toda a gente é. E a que preços! É só comparar-se o nosso PIB per capita e o preço por m2, talvez se tirem conclusões interessantes.

Mas daria pano para mangas.

Uma última nota. Emiéle, este tipo de comparações levar-nos-ão aos anti-depressivos. Já o referi várias vezes, mas nunca mais me esqueço de um velho prof - que por acaso até era do CDS - de Integração Económica, no último ano, virar-se para nós e perguntar-nos "sabem quantos anos levará Portugal a atingir a média - 100 em termos de índice - do PIB per capita da UE se a nossa economia crescer +1,5% ao ano do que a média do conjunto?". Como ninguém acertou ele deu a resposta "mais ou menos 50 anos". Para quem tinha na altura 22 anos foi muito duro, lol. Mais duro ainda foi ouvir o deputado Miguel Frasquilho do PSD, na sequência de um estudo elaborado com outros economistas portugueses de diversos quadrantes, vir afirmar 10 anos depois, em 2002, exactamente a mesma coisa. Ou seja, em 10 anos não recuperámos nada. E nos últimos 4 ou 5, idem!

Em resumo. Algo está mal em Portugal. Talvez seja o colectivo, sim. Mas quando olho para trás e vejo o que nós não tínhamos e lá fora já havia há tanto tempo, coisas simples, parece-me que não se deve só e apenas a nós próprios. O meu contributo para o colectivo já foi dado: tratei eu de fazer o meu próprio PIB per capita...

saltapocinhas disse...

Com tanto paleio esqueci-me dizer o que vinha para dizer: o principal problema do nosso país é sobretudo a igonorância. Ela sim, é a culpada de quase todas as nossas mazelas.
É a ignorancia, mais do que qualquer outra coisa, que temos de combater ferozmente...

saltapocinhas disse...

O Miguel meteu-se entre os meus comentários, sem pedir licença nem nada!
Mas concordo com muitas das coisas que ele diz e que vêm mais ou menos ao encontro das que eu disse.

cereja disse...

Cheguei agora ao pé do PC, vi tantos comentários, vi ver e estou satisfeitíssima! Uma espécie de prenda de Natal que vocês me deram!!! Iupi!
Passo a explicar:
É esta a «caixa de comentários» com que eu sonhava. Eu dei uma 'deixa' e os meus comentadores mais inteligentes (faltam ainda alguns, fáxavor de aparecerem!!) dizem coisas extremamente sensatas, sem estarem totalmente de acordo uns com os outros - o que se torna insonso - mas cada um acrescentando um aspecto construtivo.
Só posso dizer que estou bem de acordo com vocês!
Saltapocinhas, estás cheiinha de razão. A ignorância, com todas as suas consequências, é uma grande responsável ( o Miguel e tu escreveram quase no mesmo segundo, por isso é que parece que ele entrou antes - foi questão de um segundinho) contudo há também um erro educativo e de mentalidade errada, infantilizada, quando se 'espera' que alguém faça em lugar de arregaçarmos as mangas e avançarmos para o que se tem de fazer

Rita Inácio disse...

Pronto Miguel, conseguiu dizer o que eu não consegui! Não sou radical! Mas acho que o problema reside, tal como disse no seu comentário, no parecer ser, e como a saltapocinhas disse, na ignorância! Chateia-me um pouco quando oiço constantemente que a culpa é deste e daquele, porque é mais fácil apontar os erros dos outros do que corrigir os nossos!

P.s Não liguem a isto, trata-se de uma miúda a desabafar que começou agora a perceber o que é a Vida.

Anónimo disse...

Saltapocinhas, eu sou muito malandro. Basta baixarem um bocadinho a guarda que eu não peço mesmo licença! ;)

Rita, eu assumo a radicalidade e extremismo da linha de pensamento ao utilizar os casos extremos de uma determinada situação. Não te estava a chamar nomes, lol! Quanto a perceber-se da vida, não te preocupes muito com isso. Por muito que vivas estarás sempre a tentar perceber o que é isso da vida ;)

Concordo em absoluto convosco quando apontam a "ignorância" como a mãe de todos os males. Ou quase isso. E é. Mas não é mesmo importante manter o status quo? Se o ignorante é ignorante quem é que o retira dessa estado?