O meu auto-plágio
Parece que a pobre Margarida Rebelo Pinto foi acusada de se auto-plagiar por escrever sempre a mesma coisa. À cautela venho já dizer que o texto deste post, já foi escrito por mim uma vez e copiado. Hoje, «recopio-o» porque se passou tudo exactamente na mesma, e… estou muito preguiçosa (depois daquela comezaina quem é que não ficava?)
«Passei ontem um dia daqueles que se assinalam com uma pedrinha branca, para recordar em momentos mais sombrios.
Tenho uma amiga da Golegã. Há anos que insistia comigo para passar por lá na altura da Feira, que a casa de família tem as “portas abertas” mais de 24 horas. Durante muitos anos não tinha aceite, nem sei bem porquê. Mas quando o convite foi mais insistente, fiz-me à estrada. Para facilitar, um mapazinho com a casa assinalada, precioso porque a Golegã era um mar de gente este fim-de-semana.
E realmente encontrei uma casa de portas bem abertas. Chegamos antes do almoço e parecia-me que tinha recuado muitos anos, para uma altura onde a família era matriarcal e os laços de vizinhança fortíssimos. Casa grande com jardim/quintal, por onde circulavam quase 80 pessoas. Foi a minha estimativa mas a minha amiga negou:”Ná ! Aí umas 50...” E depois justificou “Sem as crianças”. Aquela multidão podia dividir-se em 3 faixas etárias: Um terço os mais velhos, (os avós), outro terço os filhos destes, pais do terceiro terço, dezenas de crianças de vários tamanhos que surgiam dos locais mais improváveis.
Mas, o maravilhoso era a harmonia alegre com que tudo funcionava. Cada pessoa ajudava um bocadinho – trazia umas cadeiras, levava uns pratos – mas depois ficava, muito naturalmente, à conversa. Não se sentia aquele mau estar da casa onde uns-trabalham-muito-para-os-outros-não-fazerem-nada...
A comida era à moda da província – superabundante! As panelas e tachos, aí de metro e meio de diâmetro. Foram precisos 2 homens para tirar o tacho da feijoada de cima do fogão! O almoço foi caldo verde, feijoada e arroz doce, mas como parte dos convidados trazia também ‘qualquer coisa’ para acrescentar, não havia tampos de mesa que chegassem para tanta comida!!! E tudo no meio de risota, de montes de “lembras-te?...”, de comparações com outros anos, de uma barulheira enorme mas de grande bem-estar. Só conhecia 3 ou 4 pessoas mas fui adoptada em poucos minutos, e num instante senti que já os conhecia há anos. Só havia o problema dos nomes, e foi sugerido que, para o ano que vem, se trouxesse uma etiqueta com o nome, como nos congressos. Na cozinha criou-se uma cadeia de montagem: alguém despejava os pratos, outra pessoa passava-lhes um pano para tirar bem os restos de comida e uma terceira arrumava na máquina de lavar. Havia sempre um voluntário a cirandar e a recolher pratos e copos sujos. Mas com naturalidade, quando se fartava ficava dar à língua e tudo continuava harmonioso.
Entre o almoço e o jantar fomos ver os cavalos e espreitar a Feira, é claro. Uma loucura de multidão! Impressionante como os cavalos passavam no meio de ruas apinhadas, esperando para as pessoas se afastarem. Eu, francamente, não consigo levar muito a sério alguns homens e mulheres que se “fardam” a preceito para montar a cavalo. Mas se ficam felizes assim, é lá com eles, olham a multidão, lá do alto do cavalo “Vejam que chic que eu estou...!” OK. Por mim, brinquem à vontade.
Na volta, mais castanhas, mais água-pé, mais vinho do lavrador. E muita conversa, discussão, piadas, enlevo com os bebés. Vem o jantar. E mais canja, e mais lombo de porco, e mais um monte de doces. Creio que vou entrar em jejum total, comi o suficiente para um mês!
Era noite alta ( ou madrugada?) quando voltamos a Lisboa. Com a alma reconfortada de afecto e suave amizade. Sabe muito bem conviver com amigos destes.»
«Passei ontem um dia daqueles que se assinalam com uma pedrinha branca, para recordar em momentos mais sombrios.
Tenho uma amiga da Golegã. Há anos que insistia comigo para passar por lá na altura da Feira, que a casa de família tem as “portas abertas” mais de 24 horas. Durante muitos anos não tinha aceite, nem sei bem porquê. Mas quando o convite foi mais insistente, fiz-me à estrada. Para facilitar, um mapazinho com a casa assinalada, precioso porque a Golegã era um mar de gente este fim-de-semana.
E realmente encontrei uma casa de portas bem abertas. Chegamos antes do almoço e parecia-me que tinha recuado muitos anos, para uma altura onde a família era matriarcal e os laços de vizinhança fortíssimos. Casa grande com jardim/quintal, por onde circulavam quase 80 pessoas. Foi a minha estimativa mas a minha amiga negou:”Ná ! Aí umas 50...” E depois justificou “Sem as crianças”. Aquela multidão podia dividir-se em 3 faixas etárias: Um terço os mais velhos, (os avós), outro terço os filhos destes, pais do terceiro terço, dezenas de crianças de vários tamanhos que surgiam dos locais mais improváveis.
Mas, o maravilhoso era a harmonia alegre com que tudo funcionava. Cada pessoa ajudava um bocadinho – trazia umas cadeiras, levava uns pratos – mas depois ficava, muito naturalmente, à conversa. Não se sentia aquele mau estar da casa onde uns-trabalham-muito-para-os-outros-não-fazerem-nada...
A comida era à moda da província – superabundante! As panelas e tachos, aí de metro e meio de diâmetro. Foram precisos 2 homens para tirar o tacho da feijoada de cima do fogão! O almoço foi caldo verde, feijoada e arroz doce, mas como parte dos convidados trazia também ‘qualquer coisa’ para acrescentar, não havia tampos de mesa que chegassem para tanta comida!!! E tudo no meio de risota, de montes de “lembras-te?...”, de comparações com outros anos, de uma barulheira enorme mas de grande bem-estar. Só conhecia 3 ou 4 pessoas mas fui adoptada em poucos minutos, e num instante senti que já os conhecia há anos. Só havia o problema dos nomes, e foi sugerido que, para o ano que vem, se trouxesse uma etiqueta com o nome, como nos congressos. Na cozinha criou-se uma cadeia de montagem: alguém despejava os pratos, outra pessoa passava-lhes um pano para tirar bem os restos de comida e uma terceira arrumava na máquina de lavar. Havia sempre um voluntário a cirandar e a recolher pratos e copos sujos. Mas com naturalidade, quando se fartava ficava dar à língua e tudo continuava harmonioso.
Entre o almoço e o jantar fomos ver os cavalos e espreitar a Feira, é claro. Uma loucura de multidão! Impressionante como os cavalos passavam no meio de ruas apinhadas, esperando para as pessoas se afastarem. Eu, francamente, não consigo levar muito a sério alguns homens e mulheres que se “fardam” a preceito para montar a cavalo. Mas se ficam felizes assim, é lá com eles, olham a multidão, lá do alto do cavalo “Vejam que chic que eu estou...!” OK. Por mim, brinquem à vontade.
Na volta, mais castanhas, mais água-pé, mais vinho do lavrador. E muita conversa, discussão, piadas, enlevo com os bebés. Vem o jantar. E mais canja, e mais lombo de porco, e mais um monte de doces. Creio que vou entrar em jejum total, comi o suficiente para um mês!
Era noite alta ( ou madrugada?) quando voltamos a Lisboa. Com a alma reconfortada de afecto e suave amizade. Sabe muito bem conviver com amigos destes.»
8 comentários:
Era inevitável e a mudança acabou por acontecer. Pois é cara amiga, a sua paciência acabou, tal como a mim e outros amigos, por se esgotar. Neste portal também acontecem contratempos
mas nem pouco mais ou menos semelhantes à Weblog Portugal. Agora já terei oportunidade de continuar a deixar os meus bitaites nos seus posts. Um abraço do Raul
Obrigada pela visita, Raúl :)
Claro que é verdade, e a perfeição não existe em parte nenhuma e portanto também não a há nestas plataformas. Mas a weblog.pt estava a passar das marcas! Como leu no último post que lá deixei, foi com pena que saí, mas «teve de ser». Os seus blogs continuam linkados aqui, porque eu sou a mesma :)
Por acaso, tinha ideia deste teu post o ano passado, não pela Feira, mas pelo ambiente acolhedor que descreves. Ainda bem que o reencontraste.
Foi muito bom Joaninha. De facto é um ambiente fantástico!!!
É uma tradição da Golegã que poderia ser adopatda por outras terras. Também já tive o prazer de ser convidada por uma amiga a visitar a Golegã há uns anos atrás e o ambiente é realmente assim como o descreves.
Também me lembro deste post! E é uma grande descrição!!
Nota: O Blogger ultimamente tem andado com umas quantas falhas mas a maioria delas são avisadas em http://status.blogger.com/ e devem-se principalmente à passagem para a nova plataforma Beta (Já vi que agora já têm direito à língua Portuguesa e tudo!).
Ainda bem que foste à feira.
É uma incrusão no mais recondito de nós, e sabe tão bem. Fiquei contente, por ti.
Olha eu, não ma contive e estou no Porto, vim ver os filhos e os netos. Cheguei há pouco, a mudança que aguarde.
Pois. Eu ainda me estou a habituar a algumas coisas aqui da blogspot que são diferentes. E há outras que na 'passagem' me esqueci que devia continua a fazer...Parva! Com estas e com outras «desaparecem-me» as colunas da direita. E não é que passem para a esquerda, fogem lá para as catacumbas!!!
Zé, claro que ver os netos vale por todas as feiras do mundo, mas estas viagens ao que de bom há na província são muito reconfortantes,
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