sexta-feira, novembro 24, 2006

O gosto pessoal

Há um programa da SIC- mulher*, que agora parou por uns tempos (o programa, é claro!) mas deve voltar e se chama "Querido, Mudei a casa!". Escolhe-se alguém que se inscreveu nesse programa para fazer uma surpresa a um familiar - transformar-lhe uma divisão da sua casa. A pessoa que irá ser presenteada é atraída para fora de casa durante um dia ou dois com um pretexto plausível e uma equipa completa de pintores, carpinteiros, electricistas, chefiados por um decorador, modificam completamente essa divisão para grande surpresa do dono quando voltar a entrar em casa.
Tenho visto também este programa no formato americano, cujo nome não fixei.
Eu sou uma pessoa que gosta bastante de surpresas. Por exemplo, os presentes que me dão perdem metade da graça se já sei o que vou receber… E há um ponto interessante no programa, a prova de que querendo se consegue em dois dias fazer obras numa divisão para as quais, de um modo geral, os profissionais costumam pedir 15 dias ou um mês! É certo que neste caso trabalham às vezes por turnos, 24 horas sem parar, mas a verdade é que se pode fazer.
Mas o certo é que o programa já na versão nacional me levanta algumas dúvidas. Mesmo gostando de surpresas não sei o que sentiria se depois do fim-de-semana entrasse na minha sala e não a reconhecesse! Claro que, de um modo geral, filmando o «antes» e o «depois» a diferença é sempre muito favorável, mas…
Agora, se quanto ao “Querido” aceito que seja uma boa surpresa, os 2 ou 3 programas que vi por uma decoradora lá nos States, deixaram-me estarrecida. As modificações, para mim, eram desastrosas. Lembro-me de uma cozinha, velhinha mas encantadora, cheia de luz e acolhedora e que depois do furacão da passagem da decoradora parecia uma discoteca, em laranja fosforescente e preto, com focos de luz desencontrados, que metia medo.
Eu sei que como as pessoas estão a ser filmadas para a TV, mostram uma cara de divertimento, um pouco como nos «apanhados», mas por exemplo no caso da dona daquela cozinha, se fosse eu, quando as câmaras saíssem acho que me sentava e largava a chorar… Porque se há coisa que é muito pessoal é o gosto de cada um. Eu aceitaria bem o conselho de um decorador quanto a efeitos, a texturas, a produtos que existem e eu desconheço. Agora arranjarem um espaço que é meu e para eu viver, sem me consultarem…? Que é lá isso?! Alto e pára o baile!




(*) É esta a cor da sic-mulher, não é?

4 comentários:

Anónimo disse...

Até que enfim!!!
Ando a ver quando é que alguém dizia que o «rei vai nú» e pensei que nunca mais.
Passei por acaso por este blog, e cá está! Também me deixa de boca aberta, como é que se aceita que umas senhoras e uns senhores, que nem nos conhecem, venham decidir de coisas tão pessoais. Há otro programa também lá dos States e que também passa no sic-mulher, e vai mais longe - uma criatura, consultora de moda, «pega numa mulher», deita fora todo o seu guarda roupa, e veste-a, penteia-a, e maquilha-a, ao seu próprio gosto, oferecendo-lhe as peças do novo guarda roupa. Aquilo dá-me volta ao estômago! Não são conselhos, o que era interessante, são ordens, decisões totalitárias... E ninguém a manda lamber sabão!!!!!

Anónimo disse...

Também já vi, Mary. Cá para mim aquilo é tudo combinado. Quando as câmaras se afastam, a 'mataforseada' vai a correr ao caixote do lixo e recupera as suas coisinhas. Assim fica com as novas e as velhas!!! Só pode ser!

Anónimo disse...

lol
Isto está um post feminino à brava!!! :)
Olhem, esse programa, (o da «consultora de moda») também me irrita apesar da tipa dizer de vez em quando umas coisas que são de aproveitar. Mas o que me irrita mesmo é o tom de profunda superioridade em que ela fala. As convidadas são umas totós, ela é o supra-sumo. E ainda por cima olhando para ela, parece-me uma mulher de plástico, sem piada nenhuma, igual a milhares. Antes as convidadas.

cereja disse...

Afinal muita gente via o programa! Ou seja, pelo menos viam o da moda, apesar de não desse que eu falei, mas o que está em causa é o mesmo. Como diz a Mary (olá, podes começar a passar por aqui, que eu gosto) todos viam que o rei - ou a raínha...? - ia nu, mas parecia mal dizê-lo.