A guerra dentro de casa
Dizia-se «entre marido e mulher não metas a colher» o que podia ser entendido como um conselho para não se meter onde não era chamado ou seja, não ir dar conselhos que ninguém pedia. E nessa perspectiva era sensato. Aliás não apenas entre «marido e mulher» mas entre seja quem for. É de bom senso deixar as pessoas resolverem entre si os seus problemas se não forem elas a pedir ajuda.
Contudo, curiosamente, quando se diz essa antiga frase, é frequente pensar-se noutro aspecto do «meter a colher» (palavra que só penso servir para rimar com mulher…) e é exactamente apartar pessoas que estão em conflito mesmo que uma delas o peça. E aí, já há muito que dizer…
Os números do que se chama violência doméstica não param de crescer. Será porque as pessoas se queixam mais, ou porque há mais violência dentro de casa? A primeira hipótese é mais desejável por vários aspectos, porque quer dizer que não é essa violência que está a aumentar tanto, e porque significa que as pessoas perderam a vergonha de se queixar.
E é esse o ponto mais grave. Numa enorme percentagem, a vítima é que tem vergonha, não é o agressor! Há a noção enraizada, de que dentro de portas se pode fazer tudo. E muitas vezes, a pessoa mais fraca, seja a mulher, seja um idoso, para não falar já em crianças, sente-se impotente e quase culpado de ter desencadeado a fúria do agressor. Será que isso está a mudar? Poderá essa mudança ser a resposta para os números assustadores que agora vêm a luz? Num certo sentido desejaria que sim.
Contudo, curiosamente, quando se diz essa antiga frase, é frequente pensar-se noutro aspecto do «meter a colher» (palavra que só penso servir para rimar com mulher…) e é exactamente apartar pessoas que estão em conflito mesmo que uma delas o peça. E aí, já há muito que dizer…
Os números do que se chama violência doméstica não param de crescer. Será porque as pessoas se queixam mais, ou porque há mais violência dentro de casa? A primeira hipótese é mais desejável por vários aspectos, porque quer dizer que não é essa violência que está a aumentar tanto, e porque significa que as pessoas perderam a vergonha de se queixar.
E é esse o ponto mais grave. Numa enorme percentagem, a vítima é que tem vergonha, não é o agressor! Há a noção enraizada, de que dentro de portas se pode fazer tudo. E muitas vezes, a pessoa mais fraca, seja a mulher, seja um idoso, para não falar já em crianças, sente-se impotente e quase culpado de ter desencadeado a fúria do agressor. Será que isso está a mudar? Poderá essa mudança ser a resposta para os números assustadores que agora vêm a luz? Num certo sentido desejaria que sim.
11 comentários:
Oxalá!
Pode ser uma das leituras, não pode?
Também repito o teu oxalá! E aqui não quis falar noutro tipo de 'violências' que também existem e não são físicas ( más palavras, abandono, desprezo...) mas doem muito.
Na tua resposta ao comentário tocas num ponto que acho importantíssimo - a «violência soft», não-física mas terrível também. E essa é mais feminina. O que leva as pessoas a maltratarem quem lhes está próximo?!
Seja por que causa for, é uma vergonha. Como é possível ainda hoje isto acontecer. Quarenta queixas por dia???? Anda tudo doido ou quê? Se uma pessoa começa a não gramar a outra vai-se embora, apenas isso. Não estão presos numa cela de cadeia.
Bem visto,deve ser assim como sugerido.E muito do joatb.se deve pensar ninha disse. fj
O PC do Fernando deve ter qualquer coisa que faz trocar as linhas... Como este último comentário faz referência a mim, tentei organizar o puzle; será assim?
Bem visto, deve ser assim como sugerido.
E tb.se deve pensar muito do que a joaninha disse. fj
Se for, agradeço a concordância...
;) E deve ser outro como eu, que se inscreveu mal no blogger de modo que nãovai dar a sítio nenhum. lol
Este problema é gravíssimo mas a verdade é que eu considero que em muitos aspectos estamos mesmo a melhorar, exactamente por se ter tornado crime semi-público e sobretudo porque as pessoas encaram o problema com outros olhos. Já há alguns anos (nunca me posso esquecer porque fiquei completamente parva quando ouvi!) a escutar uma conversa entre mulheres de um meio social muito baixo e já pouco novas, uma «queixava-se» à outra que o marido não lhe ligava nenhuma, porque já nem lhe batia!!!! Eu ouvi e nem queria acreditar, de modo que me meti na conversa e era exactamente isso - a pancada fazia parte da relação.
Essa visão tanto quando reparo tem desaparecido.
Olha Gui, sei de uma história parecidíssima com a que contaste. É mesmo isso.
Joaninha, :) a tua paciência de resolveres o puzle do Fernando! Mas sabes que o meu PC também anda com um vírus qualquer que faz exactamente isso: metade da frase volta para o início da linha. Se ele está distraído, nem dá conta.
Raphael, é isso que as pessoas mais «crescidas» psicológicamente deviam pensar. Se estamos mal, mudamos. Só que as teias são complicadas e muitas vezes há valores em jogo que não são muito evidentes.
Depois de tudo o que li, para alé do post, devo referir a total concordãncia, e reforçar as últimas palavras da Emiéle, às vezes há outros interesses, que tudo alteram.
Emiele, aqui no Brasil a questão anda suscitando muitas discussões também. Recentemente foi aprovada uma lei que pune com a prisão o homem acusado de agredir a esposa, namorada, amante, quem seja (antes a punição era dada por trabalhos comunitários e o desequilibrado continua à solta). Mas, apesar da homem, a mulher corre o risco de apanhar ainda mais.
E, ontem, houve no Rio de Janeiro um incidente que nada tem a ver com assaltos ou drug-dealers: um homem, que se sentia traído, entrou num autocarro com uma arma à cabeça da ex-esposa e manteve reféns durante dez horas. Durante todo esse tempo, ele não atirou em ninguém, mas a mulher foi agredida. A polícia o venceu pelo cansaço, ele foi preso e será julgado, mas fica a reflexão: É da mulher sempre a culpa? Primeiro porque se sujeitou a casar com um homem assim; segundo, porque não o denunciou. Ou será que não é uma questão cultural que deva ser radical e imediatamente mudada? Nesses casos de violência crônica, quem acaba se escondendo para não perder a vida, são as mulheres!
Oops, foi um erro. Uma pesquisa divulgada recentemente deu que a maioria dos brasileiros acredita que, se o homem for denunciado, a mulher corre o risco de apanhar ainda mais.
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