quarta-feira, novembro 22, 2006

Efémero

Ontem voltei a sentir uma arrelia que nos últimos tempos me acontece frequentemente. Toda a gente já passou por isso, mas sucede-me cada vez mais – ter visto um determinado objecto numa loja e quando lá volto para o comprar já desapareceram completamente todos os exemplares que estavam para venda.
Sabem bem o que digo, não é? Não estou a falar de peças únicas, nem mesmo de produtos que se calcule terem fabricado poucos exemplares. Não, quase sempre quando hesito na compra ainda ali há pilhas e pilhas de objectos iguaizinhos. E na semana seguinte, quando arranjo dinheiro e volto lá, nem um para amostra!!!
É um dos sinais de que se vive na civilização do efémero, do usa-e-deita-fora.
Eu aprecio muito o efémero também. A bola-de-sabão. O botão de rosa. O perfume. A nuvem no céu. Acho que têm o seu lugar e é agradável e belo. A vida é toda ela construída de momentos que passam e desaparecem para não mais voltar e isso tem muito valor.
Mas também faz sentido que existam coisas que permanecem. Quanto mais não fosse para realçar a tal beleza do efémero, do passageiro. É importante saber que podemos contar com determinadas coisas, que há raízes que as agarram ao chão, ao presente. Este desapontamento que referi quando comecei o post, o facto de os produtos se esgotarem com uma velocidade inesperada e ainda por cima sem que os stocs voltem a contar com eles, é típico da vida actual. Por um lado nós (e quase todos nós, não me estou a afastar dessa característica) consumimos muito, vamos atrás da publicidade e do que “todos” fazem. Vivemos a civilização do TER. Mas o complicado nem é isso só, é a curta temporalidade desse «ter». Os produtos duram pouco porque já foram criados para durarem pouco. E quando se gastam, implicam a compra de um novo, mais moderno, mais bonito, mais à-moda…
A contra-prova, se fosse necessário, é o preço dos arranjos de qualquer avaria muitas e muitas vezes quase o preço do custo de o produto em novo!
Para quê concertar? Usa-se e deita-se fora!

7 comentários:

cereja disse...

Já sabes como eu gosto de África, não é? Se calhar esse é dos factores. O essencial tem outra forma, quero eu dizer, o essencial é verdadeiramente essencial (entende-se o que quero dizer?)

josé palmeiro disse...

Olá , Emiéle.
Voltei para assinalar um período de desaparecimento que a partir de agora se vai tornando mais notório . A mudança aproxima-se a passos largos e tanto eu como a minha mulher, não temos mãos para enrolar com toda a segurança quarenta anos de vida, em comum.
Parece que isto nada tem a ver com o que escreveste, mas tem.
Aqui há uns meses, fomos a Lisboa e nas nossas voltas encontramos, num antiquário uma lindissima peça de "Arte Nova", mais propriamente um tinteiro, em cristal e antimónio. Ficamos de olho nele, mas não o podiamos alcançar. Voltamos há óuco à capital e o tinteiro, ainda lá estava, só que desta vez preparados para o adquirir, o que conseguimos. A beleza e delicadeza é tão grande que não resistimos á sua aquisição. Considero que foi uma compra essencial.

cereja disse...

Olá José!
É claro que tem a ver com aquilo que disse. Eu também falei em «peças únicas» e essas até as coloquei noutro patamar. O «usar-e-deitar-fora» passa-se com os produtos de todos os dias, e são esses que, mesmo sendo relactivamente caros por vezes, voam das lojas.
Essa de mudarem completamente de casa já em idade de estarem sossegados, mostra uma grande vitalidade. Parabéns! (eu não sei se o conseguiria...)

Anónimo disse...

Olha, olha, hoje encontro a Emiele, herself, ainda por aqui!!! é raro.
Oh mulher, isso de passar por uma loja, não comprar logo e no dia seguinte ver lá o sítio é dia sim dia não!!! Nem entendo como é possível mas está comprovado: as coisas evaporam-se.

cereja disse...

É raro, mas pode acontecer Joaninha!
Faxavor de não dizerem mal de mim, que estou aqui atrás da porta! :)

Anónimo disse...

Olá Emiéle!!!!! Ainda aí estás??!


(não deve estar...)
Acontece constantemente. Ainda há minutos ouvi uma senhora a queixar-se a outra de que tinha voltado á loja para comprar não sei quê e ... já tinha sido vendido.
Eu acho que vem é pouca quantidade, que a gente tem tão poucochinho dinheiro!

cereja disse...

heheheh!!! Realmente de manhã estive perto do PC, mas só me voltei a aproximar agora...
E este post foi um desabafo, mas ainda hoje voltou a acontecer!!! Grrr!!!
Raphael, a gente tem pouco dinheiro, mas devemos fazer alguns milagres graças ao "São Crédito", imagino eu.