Os penduras do guarda-vento
Uma praia é um posto de observação do melhor.
De um modo geral, quando chego lá depois de cravar o guarda-sol na areia, estender a toalha, pôr protector solar e abrir o livro ou a revista que levo, faço uma pausa para olhar em volta e apreciar o que vejo.
E na verdade há sempre bastante para ver. Por exemplo, tenho reparado na quantidade de gente que não se rala nada em fazer publicidade a troco de um guarda-sol. Se olharem com atenção, em cada cinco guarda-sois uns dois ou três anunciam coisas de beber ou comer: café, cerveja, gelados, iogurtes, águas... (não digo as marcas para não fazer publicidade)
Estou a brincar com isto mas, se calhar, se me oferecessem um também o aproveitava! O meu é muuuito velhinho, mas ainda resiste a tudo. Imagine-se que nem é de nylon, é ainda dos de lona e tem uma indicação de que é 100% de algodão! Aos anos…
Mas, recentemente, quero eu dizer o ano passado, decidi adquirir também um guarda-vento. A verdade é que muitas das tarde de praia ficam desagradáveis, não por não haver sol mas sim porque há demasiado vento. E isso resolve-se com três ou quatro paus unidos por bocados de pano que se espetam na areia e fazem uma barragem contra o vento.
Muito útil.
Ontem chegámos à praia, como sempre depois das 4 horas, e já não havia muita gente. Óptimo. Escolhemos um local simpático e lá plantámos o guarda-vento. Decidiu-se que aquilo chegava, a sombra que dava era o suficiente para nos protegermos.
Ao fim de uns 15 minutos de sossego entregue à leitura, oiço umas pessoas a falar com muita nitidez. «Que curioso» pensei «como aqui na praia os sons enganam. Até parece que estão aqui mesmo ao lado» e deitei uma olhadela para avaliar da distância a que estariam as pessoas cuja conversa estava a ouvir tão bem. Em redor não via nada até que o meu olhar se aproximou. Era uma família, dois adultos e duas crianças, que tinham estendido as suas toalhas mesmo encostadinhos ao outro lado do meu guarda-vento!!!
Que eu saiba é coisa inédita, a cortesia das praias costuma ensinar que nos devemos instalar a uma distância razoável dos nossos vizinhos. E decerto que havia espaço de sobra no resto da praia, simplesmente eles decidiram aproveitar dos benefícios do meu guarda-vento.
Deu-me um ataque de riso que, obviamente, ouviram sem se ralar lá muito…
E lá foram aproveitando daquele cantinho resguardado enquanto eu, que desejava algum silêncio para ouvir o som das ondas - a única coisa que se devia ouvir nas praias - fui brindada com a tagarelice desinteressante daquela família, separada de mim apenas pela distância de uma lona!
De um modo geral, quando chego lá depois de cravar o guarda-sol na areia, estender a toalha, pôr protector solar e abrir o livro ou a revista que levo, faço uma pausa para olhar em volta e apreciar o que vejo.
E na verdade há sempre bastante para ver. Por exemplo, tenho reparado na quantidade de gente que não se rala nada em fazer publicidade a troco de um guarda-sol. Se olharem com atenção, em cada cinco guarda-sois uns dois ou três anunciam coisas de beber ou comer: café, cerveja, gelados, iogurtes, águas... (não digo as marcas para não fazer publicidade)
Estou a brincar com isto mas, se calhar, se me oferecessem um também o aproveitava! O meu é muuuito velhinho, mas ainda resiste a tudo. Imagine-se que nem é de nylon, é ainda dos de lona e tem uma indicação de que é 100% de algodão! Aos anos…
Mas, recentemente, quero eu dizer o ano passado, decidi adquirir também um guarda-vento. A verdade é que muitas das tarde de praia ficam desagradáveis, não por não haver sol mas sim porque há demasiado vento. E isso resolve-se com três ou quatro paus unidos por bocados de pano que se espetam na areia e fazem uma barragem contra o vento.
Muito útil.
Ontem chegámos à praia, como sempre depois das 4 horas, e já não havia muita gente. Óptimo. Escolhemos um local simpático e lá plantámos o guarda-vento. Decidiu-se que aquilo chegava, a sombra que dava era o suficiente para nos protegermos.
Ao fim de uns 15 minutos de sossego entregue à leitura, oiço umas pessoas a falar com muita nitidez. «Que curioso» pensei «como aqui na praia os sons enganam. Até parece que estão aqui mesmo ao lado» e deitei uma olhadela para avaliar da distância a que estariam as pessoas cuja conversa estava a ouvir tão bem. Em redor não via nada até que o meu olhar se aproximou. Era uma família, dois adultos e duas crianças, que tinham estendido as suas toalhas mesmo encostadinhos ao outro lado do meu guarda-vento!!!
Que eu saiba é coisa inédita, a cortesia das praias costuma ensinar que nos devemos instalar a uma distância razoável dos nossos vizinhos. E decerto que havia espaço de sobra no resto da praia, simplesmente eles decidiram aproveitar dos benefícios do meu guarda-vento.
Deu-me um ataque de riso que, obviamente, ouviram sem se ralar lá muito…
E lá foram aproveitando daquele cantinho resguardado enquanto eu, que desejava algum silêncio para ouvir o som das ondas - a única coisa que se devia ouvir nas praias - fui brindada com a tagarelice desinteressante daquela família, separada de mim apenas pela distância de uma lona!
20 comentários:
:)
Já tinha saudades de vir aqui ao Pópulo de manhã! E ainda andas com o horário de férias... Mas não faz mal que 9 e meia é boa hora para a minha bica.
Esta história é das arábias! Ele há lata para tudo, mas apanharam com alguém com paciência de Job! Eu era capaz de não dizer nada mas de me levantar e olhar fixamente para eles até entenderem e irem montar o arraia para «outra sombra»!!!
Que descaramento.
Bisbilhotice: esta foto é tua, não é? Digo isto porque se clicarmos nela fica muito grande. As fotos que tiramos da net não costumam ficar grandes. E, se é tua, o teu post é quase uma reportagem, eheheh!
Também me parece que é preciso muita pachorra para não zarpares de imediato para outro local. Tu e o teu guarda-vento, é claro.
:)
Tás visto que nesta última semana decidiste brindar-nos com histórias divertidas!
Esta é o máximo :)
Como disseste há uma espécie de 'etiqueta de praia' que faz com que se respeite um espaço entre cada grupo. Só quando é de todo impossível é que isso não se cumpre.
E neste caso, parece que havia espaço à vontade, o que também havia era vento....
É assim, se o vento tal como o sol, é de todos, então o «não-vento» também é!!!
lol!
Esse é o supra-sumo do descaramento, menina!
Às vezes quando o sol muda muito (quero dizer ele não muda, a gente é que não dá pelo tempo a passar...) a sombra do nosso guarda-sol foge do sítio onde estamos e temos de mudar as cadeiras ou o guarda-sol. Mas não é nada o caso que contas!
(claro que esta é uma foto pessoal e o cantinho da praia bem simpático! cuidado com as rochas, heim...)
:-)
Talvez, não fique muito bem e vos pareça estranho eu afirmar que me considero uma pessoa de fácil convívio, amiga de partilhar ideias e bens materiais, aliás sou muito desprendida mas, essa coisa de coabitar, no exíguo "espaço -praia" com desconhecidos e de comportamento pouco cívico, por muito que me custe e até pareça uma atitude elitista, tenho que confessar que, cada vez mais, tenho imensa dificuldade.
Sou uma privilegiada porque vivo próxima da praia e assim fica fácil fugir a enchentes mas, onde mais gosto de me "banhar" é nas poças naturais, no calhau como aqui se usa dizer, lembram-se da expressão "ir a banhos" (?) onde já vai...A democracia tem os seus "custos" - diz uma pequeno burguesa, como eu;))
Emiéle, gosto imenso do teu guarda-sol de pano, deviam ser todos assim e de preferência haver barracas de lona como havia e julgo, ainda, haver.
ehehehehe!!!!
«Até parece que estão mesmo ao lado»... Bingo! Estavam mesmo ao lado. Por aquilo que contas estavam quase em cima de vocês!
Olhem, meus caros, sou como a Maria. Sou bastante sociável onde se deve ser sociável. Mas na praia devia haver umas barreiras invisíveis a delimitar os espaços. Já me tem acontecido chegar e se está muito cheia para o meu gosto, ir para outra.
Esses teus «penduras» foram de uma má educação abissal!
É mesmo, Maria. A barraca de praia que se alugava no início da época. Ou o toldo. E não era nada caro, quem tinha casa na praia, ou até alugava casa à época, tinha também barraca. Eu há muito que não vou para essas praias agora, mas São. Martinho, Nazaré, S. Pedro de Moel, Figueira da Foz, lembro-me bem de que a areia era um mar de barraquinhas...
Delona, é claro.
Como o guarda-sol da Emiéle, que afinal tem durado que se farta.
Vamos lá ver as coisas como elas são:
Ontem gastaste no teu escrito, de 23 comentários, trez placas de sinalização que teriam dado imenso jeito, tê-las colocado, no guarda vento. Eles, os "saca-sombras" teriam seguido a indicação e tu, não ouvirias essas conversas descoloridas e desinteressantes.
É como dizes, cada vez a chamada ética da convivência, se mostra excluída do nosso dia a dia e, pelos vistos, já nem é preciso a prais estar cheia. Já agora, disseste-lhes alguma coisa ou, simplesmente, desarmaste a "tenda" e sacudiste-lhe a areia para cima?
Eu, se na verdade me incomodassem , claro que mudava de sitio em silêncio.
Mas o que te digo é que te tens divertido á brava, com estórias para contar aqui e que nos deliciam.
Continua bem!!!
É isso mesmo, Kika. Também acho que ela se diverte com estas coisas, e assim tem tema para escrever...
Joaninha, afinal as «antigas barracas» afinal eram tudo: guarda-sol e guarda-vento! E serviam para a gente mudar de roupa discretamente.
Mas hoje são muito caras.
Opa! Lá vou eu discordar... :) É que aqui as praias no verão lotam! Os guarda-sóis dos vizinhos acabam por fazer sombra para o outro vizinho e assim vai indo.
Por aqui, nunca vi um guarda-vento! E do jeito que somos, se um vizinho encostasse, provavelmente "avisaria" que estaria aproveitando, perguntaria como é que a gente arranjou aquilo, já serviria uma cerveja, pediríamos uma porção de peixe e o guarda-vento, quando déssemos conta, já estaria ao chão, servindo de esteira para as crianças, molhadas, tiritando de frio, embrulhadas em toalhas. :))
beijinhos.
Senhora, eu também sou popular, isto é, pensava que era mas, depois do seu comentário, vejo que estou a tornar-me ..."snob", pronto, já disse - isto não é nada simpático, é horrível... :))
Maria, eu estive em Portugal e não conheci nenhum português snob! :) Duvido que você seja!
É que brasileiro, com o seu lado "indio", é folgado por natureza... ;)
Olá, olá! Hoje passei por aqui a meio do dia espreitar o correio e venho dar uma resposta muito rápida (amanhã logo vos respondo um a um)
:)
Kika e Mary, vocês estão cheias de razão. A história foi tal como a contei, mas reconheço que me deu o tema para o post de hoje, e a verdade é que me diverti bastante. Contei que me tinha rido e assim foi. Ainda lá, ri tão alto que mesmo que eles estivessem longe tinham ouvido de certeza a nossa risota.
Senhora, é mesmo uma atitude diferente, tens toda a razão. Mas olha que cá também acontece metermos conversa com o guarda-sol, ou toldo do lado! Mas é diferente. Repara que era uma praia já com pouca gente, eles vieram meio sorrateiros porque a verdade é que não os senti chegar, só dei que estavam ali quando ouvi a conversa; e, numa atitude como a que contas, o mais normal seria dizerem a brincar «olá! Podemos aproveitar este cantinho sem vento?» ou coisa assim, ora eles estavam meio ‘escondidos’. :)
De resto, o estúpido disto é que eu não saí dali, não!!! Também não ia ficar muito tempo que a maré estava a encher, e não estive para mudar!!!
A tua passagem por cá, ainda que de fugida, aclarou as coisas.
Todos sabemos que no Brasil é diferente, pelo feitio folgazão e peal fácil interacção as coisas são diferentes.
O que trama aqui a Emiéle e todos nós é o ar sorrateiro e aproveitador que foi tomado. Se têm dito um olá, feito um sorriso, como que a pedir "sombra". onde estava o mal? Mas não, é a "chico espretice" portuguesa e, contra isso, não há paciência.
Já agora, se querem convívio, convido-os a irem a Cádiz e às prais circunvizinhas e aperciarem o que é conviver!!!
Nem me tinha bem apercebido do aspeto sorrateiro que essa implantação teve. Claro que era de berrar, tirar-lhes a sombra,etc, mas se calhar se tivesse sido eu o apanhado faria exatamente o mesmo.e a chico-espertice lá vai ganhando terreno
Realmente a explicação da Emiéle ajuda.
Numa praia com pouca gente, pais e filhos virem aninhar-se ao lado de lá da barreira do vento, é um desplante!...
E a educação que dão os filhos (não sei que idade, mas...)
De qualquer modo, está para aqui uma colecção de histórias mesmo giras! :)
É claro que eu também tinha saudades do King. Ainda bem que o tenho aqui agora todos os dias!
Sem-nick - sim é uma foto minha (vê-se pela ‘qualidade’ da dita) mas foi tirada noutro dia e cortei o que não interessava…
Pois foi, Joaninha e Mary, esta semana as histórias estão ainda mais num registo leve. Para assinalar que o bom está a acabar! Para a semana lá tenho de encarar as responsabilidades de outro dia a dia - mas só de 3ª em diante! :)
E Estrela disse aquilo que vários de vocês disserem e o que também pensei: aquilo foi descaramento a mais!!!
Maria, identifico-me muito com o que escreveste. Também acho que sou comunicativa e gosto de confraternizar, mas há limites. Para mim o limite, e este caso até nem teve a menor importância, é se sinto que me ignoram, que não me respeitam como eu respeito os outros.
Foi giro lembrarem-se das barracas da praia. Nas praias do centro e norte continuam, mas cá para baixo há só uma dúzia por praia…
Zé, bem visto juntares o post de ontem e o de hoje ehehehe (aliás o de anteontem e o de ontem!) :)
Senhora, ontem já deixei aqui uma resposta. Mas a Maria tem razão, há toda uma postura aí no Brasil que é diferente da nossa, creio que as próprias praias são mais alegres. O Brasileiro é um povo bem disposto, que é muito agradável ver.
Fj, imagino que fizesses o mesmo que eu. É feitio… Podia ser pior.
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