De novo a Educação
De vez em quando dá-me para fazer umas arrumações. Não do que está ‘visível’ porque de uma forma geral a minha casa anda arrumada o quanto baste. Mas na zona de papéis ou dossiers já não é assim. Tenho coisas guardadas porque penso que um dia vou ter tempo para as classificar, arrumar como deve ser, utiliza-las para algum trabalho, só que as coisas vão-se acumulando e, zás, volta não volta peneiro aquela coisa, encho até acima o «papelão» mais próximo e guardo só o mais importante.
Há poucos dias, numa dessas arrumações, encontrei imensa papelada com notas que tinha tomado para umas conversas que em tempos tinha tido, exactamente sobre o tema EDUCAÇÃO. Ainda tentei scanarizar uma antiga ‘transparência’ que estava engraçada, mas (como era transparente!) não resultou, pelo que transcrevo aqui o fundamental. Falava eu de 5
Tipos de “Má” Educação
Como entendem, estão um pouco por ‘ordem temporal’, digamos assim.
A Educação Gata Borralheira, é a mais antiga, hoje está em vias de extinção. Nem precisa de explicação, uma criança é educada como Gata Borralheira quando é fortemente reprimida e obrigada a trabalhar para além do que é justo. Óbvio, e também óbvios os seus defeitos
Vem depois a Educação “Ídolo da Família” que é a que tanto tenho criticado. Uma criança é criada como se fosse o Rei, o Monarca Absoluto. Tem todos os direitos e nenhum dever. É evidentemente uma «má educação».
A Educação Hiperprotectora, é também muito nossa conhecida. Verifica-se mais com mães que já nem são galinhas são a capoeira toda, umas asas enormes que protegem o seu pintainho de tudo e mais alguma coisa, sem o deixarem crescer. Erro, reconhecido quase sempre por todos, menos pela própria.
Mas existe também, infelizmente, a Educação Hipoprotectora. Há - sim senhor, oh se há! - casos onde quem cuida da criança anda muito ocupado e a deixa entregue a si mesma antes de ter idade para isso. Ela terá de se «desenrascar» a cuidar de si própria se quiser sobreviver. São crianças que se tornam independentes cedíssimo, sabem fazer a sua higiene, vestir-se sozinhos, até arranjar as suas refeições, numa fase da vida onde os outros meninos ainda dependem dos pais. Não é bom. Tão evidente isso que dispensa mais análises.
Por último, a Educação “Príncipe Herdeiro”, actualíssima e que se encontra muito em pais, preocupados e sensíveis decerto, que consideram estar a fazer o melhor para o futuro dos seus filhos. Quero referir-me a algumas crianças que para além das suas actividades escolares ‘normais’ têm ainda aulas especiais de línguas - inglês, francês, alemão, - de informática, de piano, de desportos variados - natação, hipismo, ténis, rugby – de artes plásticas, de…de…de…
Conheci uma vez um menino que, quando a brincar lhe perguntei se encontrasse uma fada com uma varinha de condão o que é que gostava de lhe pedir, me disse muito sério «Tempo!». Comecei por não entender a resposta na boca de uma criança com menos de 10 anos mas ele foi muito claro a explicar-me que sonhava com uma tarde por semana onde pudesse brincar com o que lhe apetecesse ou até sem fazer nada, só para gozar o tempo livre.
Fiquei sem resposta. Tinha encontrado mais uma vez um menino com a Educação “Príncipe Herdeiro”. Era isso, coitadito.
Há poucos dias, numa dessas arrumações, encontrei imensa papelada com notas que tinha tomado para umas conversas que em tempos tinha tido, exactamente sobre o tema EDUCAÇÃO. Ainda tentei scanarizar uma antiga ‘transparência’ que estava engraçada, mas (como era transparente!) não resultou, pelo que transcrevo aqui o fundamental. Falava eu de 5
Tipos de “Má” Educação
1 - Educação “Gata Borralheira”
2 - Educação “Ídolo da Família”
3 - Educação Hiperprotectora
4 - Educação Hipoprotectora
5 - Educação “Príncipe Herdeiro”
2 - Educação “Ídolo da Família”
3 - Educação Hiperprotectora
4 - Educação Hipoprotectora
5 - Educação “Príncipe Herdeiro”
Como entendem, estão um pouco por ‘ordem temporal’, digamos assim.
Vem depois a Educação “Ídolo da Família” que é a que tanto tenho criticado. Uma criança é criada como se fosse o Rei, o Monarca Absoluto. Tem todos os direitos e nenhum dever. É evidentemente uma «má educação».
A Educação Hiperprotectora, é também muito nossa conhecida. Verifica-se mais com mães que já nem são galinhas são a capoeira toda, umas asas enormes que protegem o seu pintainho de tudo e mais alguma coisa, sem o deixarem crescer. Erro, reconhecido quase sempre por todos, menos pela própria.
Mas existe também, infelizmente, a Educação Hipoprotectora. Há - sim senhor, oh se há! - casos onde quem cuida da criança anda muito ocupado e a deixa entregue a si mesma antes de ter idade para isso. Ela terá de se «desenrascar» a cuidar de si própria se quiser sobreviver. São crianças que se tornam independentes cedíssimo, sabem fazer a sua higiene, vestir-se sozinhos, até arranjar as suas refeições, numa fase da vida onde os outros meninos ainda dependem dos pais. Não é bom. Tão evidente isso que dispensa mais análises.
Por último, a Educação “Príncipe Herdeiro”, actualíssima e que se encontra muito em pais, preocupados e sensíveis decerto, que consideram estar a fazer o melhor para o futuro dos seus filhos. Quero referir-me a algumas crianças que para além das suas actividades escolares ‘normais’ têm ainda aulas especiais de línguas - inglês, francês, alemão, - de informática, de piano, de desportos variados - natação, hipismo, ténis, rugby – de artes plásticas, de…de…de…
Conheci uma vez um menino que, quando a brincar lhe perguntei se encontrasse uma fada com uma varinha de condão o que é que gostava de lhe pedir, me disse muito sério «Tempo!». Comecei por não entender a resposta na boca de uma criança com menos de 10 anos mas ele foi muito claro a explicar-me que sonhava com uma tarde por semana onde pudesse brincar com o que lhe apetecesse ou até sem fazer nada, só para gozar o tempo livre.
Fiquei sem resposta. Tinha encontrado mais uma vez um menino com a Educação “Príncipe Herdeiro”. Era isso, coitadito.
17 comentários:
Na verdade estes tipos de educação são todos maus, e eu abranjo-os a todos.
Nada a fazer!!
Fico á espera da próxima série.
Independentemente da classificação apresentada e bem, há factores intrinsecos ao ser humano, que a educação pode contornar mas não moldar, e aí ponto final!
Bem visto e com muita graça.
(explicaste mal uma coisa - não foste scanarizar uma transparência com certeza, deves ter posto um papel opaco antes imagino- o que é que correu mal? )
Realmente o caso das «mães galinhas» que todos mais ou menos em determinadas ocasiões apanharam esse vírus, é muito vulgar. E, em pequeninas doses, muitas vezes há um pouco de tudo no modo como educamos os nossos filhos. Mas, claro que como caricatura está óptimo!
Ah, outra coisa, não tinha pensado na etiqueta de hipo-protecção mas realmente há famílias que digamos que «estimulam a independência» das crianças de um modo incrível. Também me choca um tanto.
Mas a verdade é que são miúdos de uma autonomia espectacular! É vê-los aí com 16 anos a tomarem conta das mães!!!!! conheço casos e já tenho comentado com amigas minhas que afinal aquilo não resultou mal!
Cá por mim acho que todos conhecemos histórias que podem encaixar nessas categorias (e não estou a ver, assim de repente, uma categoria nova, além dessas)
Uma pequena dose e «mãe-galinha» é normal. Mas está muito bem visto quando dizes que a própria nunca o reconhece, ou diz a rir «sou mesmo uma mãe-galinha!» mas sem o sentir de facto! E quem hiper-protege fica arrepiado com quem hipo-protege apesar de em pequena dose também não ser nada grave.
Mas adorei essa do «Príncipe Herdeiro»
tal e qual, mas mesmo tal e qual!!!!
Bem visto, isso de «príncipe herdeiro» que que herda os sonhos dos pais, que de resto...
E tem as Bruxas Malvadas - que ensinam os meninos a arrumarem suas próprias camas, a lavar a louça que sujaram, a fritar um ovo ou cozinhar um macarrão (sob supervisão, claro), a faze-los escolher entre o volei ou o saxofone porque não há tempo para todos os quereres deles... e os engana deixando jogar futebol na sala em dia de chuva. :)
Educação é tema difícil. Nunca vamos nos ver como erradas. Afinal, mãe nunca erra! :) E, como digo aos meus filhos, ainda tem o terceiro olho, que tudo vê! :)
bjs.
Como já foi dito são mesmo essas as mais evidentes e aquelas onde se insere a maioria. Gostei imenso da do "Príncipe Herdeiro", uma maravilha!!!
Nem de propósito, já depois de ter escrito o que achei dever escrever, peguei em "A Estrada Fascinante" da Matilde Rosa Araújo e, a páginas 65, um pequeno texto do "mestre" João dos Santos, publicada em 1979 no Jornal da Educação, por alturas do "Ano Internacional da Criança", dizia assim:
"COMO SE EDUCA
Educa-se com o sentir e não com a inteligência.
Só se educa inteligentemente se se educa pelo coração e com AMOR.
De AMOR pelas crianças só são capazes aqueles que amam a criança que neles habita.
Nem todos puderam ser crianças, alguns foram apenas objectos utilitários de álguem.
Que o teu filho não seja um utensílio ou um adorno da tua vaidade. Não o tornes num autómato, não faças dele um objecto utilitário."
Volto cá para deixar um elogio ao Zé Palmeiro.
Ele não precisa , mas gostei muito do excerto de João dos Santos e aproveito para desejar bom fim de semana a todos
E, nestas coisas há quem por se esforçar demasiado, se esqueça de uma coisa simples e corriqueira - BOM SENSO!!!
muitas vezes não é preciso grandes teorias e a leitura de manuais, é preciso de facto amor, como é evidente, e muito bom senso. E conhecer-se bem os filhos que temos, não aqueles que «desejamos ter».
Este enumerado está giro porque abarca quase todas as formas de deseducar...
:)
O que o Palmeiro citando João dos Santos diz, está certíssimo, mas é o que pensam muitas das tais «mães [ou pais, se bem que mais invulgar] galinhas». Acham que o que fazem é amar muitos os filhos, mas... amam mal.
Olá Zé Palmeiro!
Gostei muito de lembrar o João dos Santos, e a frase é mesmo típica dele. Contudo como disse o Zorro muitas vezes a questão nem é Amar, mas sim Amar Bem.
Como estamos a falar do João dos Santos, lembra-me uma velha anedota que ele contava:
Uma família foi passear ao Jardim Zoológico e o menino decidiu trepar pelo pescoço da girafa acima e sentar-se-lhe na cabeça. Muita aflição, muitos pedidos de que descesse. Ele não saía dali. Foram buscar uma escada e subiu a mãe a suplicar que descesse, fez-lhe muitas festas, chorou e ele nada. Subiu o pai, prometeu-lhe muitos brinquedos, que lhe dava o que ele quizesse. Nada. Chamaram um psiquiatra que subiu a escada, disse-lhe duas palavras ao ouvido e ele desceu muito depressa. Milagre! Perguntaram o que lhe tinha dito. – Ora, foi só “Ou desces já daí, ou levas duas palmadas como nunca apanhaste”
Isto tinha mais graça por vir exactamente dele!!!
Eheheheh!!!
Os 'últimos recursos' não é?!
:)
Olá Joaninha. É verdade, não te respondi à questão da dita transparência. Bem, é claro que eu coloquei uma folha de papel opaco antes de tentar o scanar é evidente! :))) E foi porque vinha com umas imagens engraçadas, mas nada de mais.
sabes, tudo isso foi antes da época dos power-point, agora é canja, mas na altura era tudo à mão... :)
Só agora dei conta da visita da Senhora!!!! Cruzamo-nos nas Caixas das Histórias de Embrulhar Castanhas, mas ela ainda não me tinha visitado! Que bom tê-la aqui com a sua graça.
E é. Essa do terceiro olho, não tenho ideia mas tenho ideia de dizer que temos «um dedo que adivinha» :)
E, é isso, a mãe raramente erra, mas... só lhes faz bem essa do fazer a cama, estrelar o ovo, ou arrumar o quarto :)))
O teu primeiro parágrafo, podia roubá-lo para mim: sou tal e qual e é nessa tarefa que tenho andado por estes dias.
Em relação aos meninos, conheço de todos os géneros...
Ontem não passei por cá e não deu para comentar esta coisa das «más educações» (nada a ver com o Pedro Almodóvar, pelos visto!)
só posso estar de acordo, é evidente.
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