O botão
Este vai ser (ou devia sê-lo) um post para a categoria “bola-de-sabão”. Quero dizer que é muito levezinho, quase sem assunto… Mas apeteceu-me escrevê-lo e, enfim, o blog é meu, não é assim?!
Desta vez foi o botão.
A verdade é que me acontece não uma, nem duas, nem dez vezes, muitíssimas vezes mesmo, em qualquer peça de roupa que tenha uma linha a sair, eu ou alguém estranhar aquele feio apêndice dar um puxão para melhorar a coisa e, sem dizer água vai, de repente descose-se um bom pedaço da dita peça.
No caso que motivou este escrito foi um botão. Uma linha pendurada, um puxão(zito) nem muito forte nessa linha e … zás! o botão é apanhado em queda, completamente solto!
Quando eu era criança, a minha avó tinha uma máquina de costura. Era uma peça importante lá em casa que reinava no quarto de costura. Nem toda a gente tinha máquina de costura, e aquela parece que era muito boa. É Singer, dizia-me ela, de muito boa qualidade pelo que me explicava, insistindo nisso. E até me assegurava que ia ficar para mim, quando ela já fosse muito velhinha e eu tivesse a minha casa.
Bem, os anos passaram. Muitos.
A vida tem girado a uma velocidade enorme, lembro-me de que a minha mãe que nunca foi dada a costuras, também ter uma, mas esta mais moderna, eléctrica, pequena, e guardava-se num armário. Servia só para quando a costureira ia lá a casa. De resto, não me lembro de ver mais ninguém usar aquela coisa – eu mesma se sabia coser era na da minha avó que tinha de se dar ao pedal com alguma força.
Muito bem, nessa época, usava-se a máquina para as costuras grandes, que ficavam mais bem-feitas e infinitamente mais depressa do que feitas à mão, mas os «acabamentos» faziam-se à mão. Rematavam-se as costuras à mão e cosiam-se os botões à mão. Um botão bem cosido, como me ensinaram, depois de se passar diversas vezes a linha pelos seus buraquinhos, enrolava-se várias vezes a linha entre o botão e o tecido e, finalmente, rematava-se com um nó especial que se fazia passando a agulha por uma laçada de linha e puxando com força. Ficavam firmes. E as costuras, até podiam 'abrir' se a linha era fraca e de má qualidade, mas não no final da costura.
Eram esses os ‘remates’ da época. Mas hoje temos o pronto-a-vestir, o pronto a usar, e o pronto a descoser-se ou a estragar-se. Os botões são cosidos à máquina, coisinha que devia ter deixado a minha avó de olhos arregalados.
E as operárias, nas suas máquinas industriais não podem ter tempo para esquisitices de «acabamentos».
E este é o resultado: um ou outro fio solto, e zás, o trabalho de terminar em casa aquilo que afinal ficou mal acabado de origem.
Ai, ai, ai...
Desta vez foi o botão.
A verdade é que me acontece não uma, nem duas, nem dez vezes, muitíssimas vezes mesmo, em qualquer peça de roupa que tenha uma linha a sair, eu ou alguém estranhar aquele feio apêndice dar um puxão para melhorar a coisa e, sem dizer água vai, de repente descose-se um bom pedaço da dita peça.
No caso que motivou este escrito foi um botão. Uma linha pendurada, um puxão(zito) nem muito forte nessa linha e … zás! o botão é apanhado em queda, completamente solto!
Quando eu era criança, a minha avó tinha uma máquina de costura. Era uma peça importante lá em casa que reinava no quarto de costura. Nem toda a gente tinha máquina de costura, e aquela parece que era muito boa. É Singer, dizia-me ela, de muito boa qualidade pelo que me explicava, insistindo nisso. E até me assegurava que ia ficar para mim, quando ela já fosse muito velhinha e eu tivesse a minha casa.
Bem, os anos passaram. Muitos.
A vida tem girado a uma velocidade enorme, lembro-me de que a minha mãe que nunca foi dada a costuras, também ter uma, mas esta mais moderna, eléctrica, pequena, e guardava-se num armário. Servia só para quando a costureira ia lá a casa. De resto, não me lembro de ver mais ninguém usar aquela coisa – eu mesma se sabia coser era na da minha avó que tinha de se dar ao pedal com alguma força.
Muito bem, nessa época, usava-se a máquina para as costuras grandes, que ficavam mais bem-feitas e infinitamente mais depressa do que feitas à mão, mas os «acabamentos» faziam-se à mão. Rematavam-se as costuras à mão e cosiam-se os botões à mão. Um botão bem cosido, como me ensinaram, depois de se passar diversas vezes a linha pelos seus buraquinhos, enrolava-se várias vezes a linha entre o botão e o tecido e, finalmente, rematava-se com um nó especial que se fazia passando a agulha por uma laçada de linha e puxando com força. Ficavam firmes. E as costuras, até podiam 'abrir' se a linha era fraca e de má qualidade, mas não no final da costura.
Eram esses os ‘remates’ da época. Mas hoje temos o pronto-a-vestir, o pronto a usar, e o pronto a descoser-se ou a estragar-se. Os botões são cosidos à máquina, coisinha que devia ter deixado a minha avó de olhos arregalados.
E as operárias, nas suas máquinas industriais não podem ter tempo para esquisitices de «acabamentos».
E este é o resultado: um ou outro fio solto, e zás, o trabalho de terminar em casa aquilo que afinal ficou mal acabado de origem.
Ai, ai, ai...
17 comentários:
Claro que é «bola de sabão» mas que bem que sabe recordar essas coisas. Realmente essas «prendas de agulha» desapareceram, creio que ainda bem para o género feminino que era um vítima, o que não quer dizer que não se faça um trabalho bem feito por verdadeiros profissionais.
O pronto a vestir de mais qualidade não deve ter situações dessas, mas reconheço que a maior parte do que usamos e vestimos sofre dessa maleita :) o síndroma da linha-pendurada-a-pedir-um-puxão!
Olá tus, tudo bem, bem dispostos?
Realmente os acabamentos dão muito que dizer, e o ritmo imposto levará a isto. Quando puxo uma dessas linhas fico espantado pois ou estou cheio de força ou elas são mesmo muito mal fixadas.
Não obstante, justiça se faça,neste caso, não é só culpa do sócrates..
Ná, desta vez o homem está inocente!
lol!!!
Isto de fios soltos, é uma chatice. Em todos os campos...
(não é por acaso que se usa como uma metáfora recorrente)
Oi, FJ! Tudo na maior!!!
:)))
Que engraçado, a minha avó tinha uma igualzinha a essa...
Mas nunca aprendi como é que se mexia na coisa! Admirava imenso o talento dela para dar ao pedal...
A roupa da Zara, ainda não saiu da loja e já não tem botões, fechos zip , bainhas enfim um corte e cose miserável.Umas calças saem da fábrica por um custo baixissimo, logo a mão de obra é muito barata e de muito fraca qualidade.Claro que isto não é culpa dos pobres trabalhadores. Os empresarios pretendem colocar roupa moderna a baixo custo e depois lá temos de ser nós a coser os ditos botões , com essas voltinhas todas que a Emiéle tão bem descreve.Isto não acontece na roupa de MARCA, claro!
Ainda há quem não saiba pregar um botão ou coser uma bainha, e por causa disso,
criaram-se novamente essas lojas de arranjos que proliferam tanto, onde actualmente tb se podem modernizar peças boas.
São deliciosas, estas histórias, não só porque reais, mas porque, bem contadas.
Depois, há coincidências espantosas com o que se passa cá por casa. Não tenho a máquina da avó, mas tenho a máquina da mãe, aqui nos Açores e, em Loulé, uma muito velhinha, que compramos em segunda mão, mas que costura, maravilhosamente.
Quanto aos botões, esses cosidos maquinalmente, é como dizes, um puxão e lá vem ele. Eu, aprendi esse "metier", na tropa, em especial com aqueles botões de pé. Quando caíam, principalmente os dos bolsos do blusão, arranjava-se um pau de fósforo, colocava-se o botão na casa e atravessave-se o pau no pé. Ficva cosido para todo o sempre e era só levantar a pala.
Como dizem os brasileiros: FUI!!!
Convivi de perto com essa realidade do "faites à la main" (é mais chique). Nós éramos muitos filhos e havia necessidade de transformar a roupa, passando assim de uns para os outros, por exemplo: de uma camisa do pai (gasta pelo uso) fazia-se um pijama ou até umas cuecas (?); tínhamos 2 máquinas de costura, 1 movida à manivela (da minha avó que vivia connosco) e outra a pedal (era as delicias dos mais novos, servia de baloiço, fazendo desandar a correia e ouvindo um raspanete da avó). Naquele tempo era hábito, das famílias, ter a costureira em casa, a nossa ia 1 vez por semana (na altura de maior produção), com ela, já mais crescida, ganhei o gosto pelos “trapos”, recriando a minha roupa e ainda hoje gosto de reutilizar a roupa dando-lhe um novo aspecto e mais pessoal.
Ah, não esquecendo que, paralelamente a isto, havia o ensino na escola da disciplina "Lavores femininos" e, se não me engano, ia até ao 3º ano do Liceu, aprendia-se: a coser, cerzir, casear, pregar botões e a bordar, enfim tudo o que, ao espírito da época, nos dotar para o casamento, enquanto isso, os rapazes iam para o campo de jogos treinar, a professora, que era um pouco à frente, levava-nos para assistir ao treino, escusado será dizer que, não bordávamos nada, ficávamos a olhar para os rapazes que, faziam tudo para se exibirem aos nossos olhos (gulosos), era uma alegria que, quase sempre, acabava com o professor de ginástica a discutir com a professora de Lavores.
Por isso, cozer bem "O botão", aprendi com esforço e alegria! (eheheh...)
De vez em quando fico baralhada com a idade que imagino para ti, Maria...:) Não cuidei que tivesses recordações tão antigas!?
No meu caso a minha avó era muito dotada, a minha mãe nem por isso mas havia a tal costureira que vinha a casa e tratava dessas coisas de modo a aproveitar-se as roupas o mais possível. Outros tempos.
Zé, já tinha ouvido essa técnica de coser botões-de-pé. Um arame também dá... E ainda hoje vejo colegas mais desenrascados que cosem bainhas com um agrafador, por exemplo. :)))
Kika, a roupa da Zara ainda vá lá, mas já viste a das lojas de chineses?... Taditas das operárias chinesas, aquilo devem ser 10 peças por hora, não dá para perfeições!
:)
Sabes que gosto bastante destes teus posts «bola de sabão» como lhes chamas. E este tem uma delicadeza especial. Também recordei outros tempos, porque essas máquinas quem é que não teve uma avó com uma?.. E achei graça a tua dizer que ta deixava em herança :)
........
Quanto às pontas soltas, é isso mesmo. Eu já aprendi a não as puxar, a não ser quando estou muito distraído. Vale mais cortá-las com uma tesoura se for preciso.
Emiéle, eu estou na casa dos 50 (assim é mais suave...) mas vou renovando o meu espírito jovem eheheh!
De qualquer modo, onde fui criada, esse hábito de "manufactura", manteve-se durante muito tempo. Para além disso no início dos anos 80, talvez como contra corrente da moda daquela altura (inestética ao meu gosto), frequentava uma oficina onde se juntava gente de várias idades e ideias diferentes e aprendíamos a fazer roupas e outros acessórios de estilo muito genuíno, utilizando a tecelagem artesanal (a Ana Benavente, mais tarde, ligada às Ciências da Educação, foi minha colega) enfim, foi uma época muito gira da minha vida!
Por acaso tenho reparado que este é um dos blogs mais «paritários» que anda por aí em nº de comentadores. Vejam bem que os comentadores com nick masculino (calculo que sejam homens) é mais ou menos igual ao das comentadoras com nick feminino (calculo que sejam mulheres)...
A média de idades é que, por aquilo que vejo, é mais elevada. Tirando o Farpas e o Miguel, pelas minhas contas os outros têm mais de 40...
Estatística, meninos!
Só tu!
Uma graça.
o fj É o fj?
É!
nem acredito. julgava-o perdido para sempre (para mim, naturalmente...)
Só uma resposta à Maria: se andas aqui pelo Pópulo há relativamente pouco tempo, aconselho uma visita à minha categoria «Era uma vez...» que tem lá 102 post neste momento e, se ultimamente tem mais «recordações gráficas» digamos assim, se recuares um bom bocado vais encontrar uns testemunhos de alguém que recorda até a década de 40. Vais achar graça, imagino.
GV - Não, não está perdido não senhora. Tem uma vida difícil porque não há nada que não lhe aconteça, mas passa muito por aqui, e era giro que vocês se encontrassem.
ele nunca mais quis saber de mim. abandonou-me foi o que foi...
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