Sem fim
A coisa de que menos gosto nos filmes de terror, (de que não sou lá grande apreciadora...) é aquela parte, já no finzinho de tudo, quando o protagonista finalmente conseguiu vencer os monstros, os fantasmas, os seres de outro mundo, as abelhas assassinas, os robots - seja lá o que for – quando ele e a namorada se regozijam porque tudo está acabado, abraçam-se, abrem uma garrafa de vinho, festejam, partem em viagem, e... entretanto a câmara foca mais um mostrozinho que está escondido, ou outra abelha mortífera a pôr mais ovos, ou a chegada de uma nova nave. E, depois dessa imagem, lê-se «Fim» deixando-nos de novo no princípio.
Detesto!
Porque está certo que se roa as unhas durante um pedaço, enquanto o bem combate o mal, por piores e mais assustadoras que as coisas se apresentem. Pronto! Fim, end, rideau, fine, endem, quando termina, termina.
É injusto pensar-se que, afinal, tudo o que acabámos de ver foi para nada porque tudo em breve vai recomeçar.
...................
Bem, muitas vezes na minha vida e sobretudo na vida nacional, fico com essa sensação de mau gosto na boca que me dão esse tipo de filmes ou séries. Tenho passado por diversos momentos na minha vida onde é enorme a sensação de um «dejà vu», e penso de mim para mim ‘outra vez?!’.
Mas é sobretudo nas alturas pré e pós eleitorais que isto é mais forte. As entrevistas, os debates, os artigos de opinião, nada é novo, tudo tem um aspecto requentado.
E, de vez em quando, este meufeeling sentimento recebe uma confirmação.
Na sexta-feira passada estava a dar uma vista de olhos pelo «i» e encontrei um título:
«Trabalho - desde o primeiro governo de Cavaco que não era tão mau para os jovens». Cá está, quem é mais novo nem sabe, quem é mais velho esqueceu, mas os tempos do cavaquismo não foram bons, não senhora. E a conjuntura era bem outra! As vacas estavam muito mais gordas.
Mas nesse artigo, esbarrei com uma declaração que me deixou arrepiada. A propósito do facto de muita gente jovem estar a emigrar em busca de melhores condições de trabalho, o repórter entrevistou um rapaz a trabalhar em Inglaterra. E a dada altura ele afirma que está muito contente porque:
"Tenho um contrato permanente, ganho cinco vezes mais do que ganharia em Portugal e trabalho numa área em expansão: a cobrança de dívidas de clientes portugueses por abuso do cartão de crédito."
Como??? É considerado uma área em expansão (?!) a da cobrança de dívidas a portugueses que abusam do cartão de crédito?
E isto na Inglaterra?
Detesto!
Porque está certo que se roa as unhas durante um pedaço, enquanto o bem combate o mal, por piores e mais assustadoras que as coisas se apresentem. Pronto! Fim, end, rideau, fine, endem, quando termina, termina.
É injusto pensar-se que, afinal, tudo o que acabámos de ver foi para nada porque tudo em breve vai recomeçar.
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Bem, muitas vezes na minha vida e sobretudo na vida nacional, fico com essa sensação de mau gosto na boca que me dão esse tipo de filmes ou séries. Tenho passado por diversos momentos na minha vida onde é enorme a sensação de um «dejà vu», e penso de mim para mim ‘outra vez?!’.
Mas é sobretudo nas alturas pré e pós eleitorais que isto é mais forte. As entrevistas, os debates, os artigos de opinião, nada é novo, tudo tem um aspecto requentado.
E, de vez em quando, este meu
Na sexta-feira passada estava a dar uma vista de olhos pelo «i» e encontrei um título:
«Trabalho - desde o primeiro governo de Cavaco que não era tão mau para os jovens». Cá está, quem é mais novo nem sabe, quem é mais velho esqueceu, mas os tempos do cavaquismo não foram bons, não senhora. E a conjuntura era bem outra! As vacas estavam muito mais gordas.
Mas nesse artigo, esbarrei com uma declaração que me deixou arrepiada. A propósito do facto de muita gente jovem estar a emigrar em busca de melhores condições de trabalho, o repórter entrevistou um rapaz a trabalhar em Inglaterra. E a dada altura ele afirma que está muito contente porque:
"Tenho um contrato permanente, ganho cinco vezes mais do que ganharia em Portugal e trabalho numa área em expansão: a cobrança de dívidas de clientes portugueses por abuso do cartão de crédito."
Como??? É considerado uma área em expansão (?!) a da cobrança de dívidas a portugueses que abusam do cartão de crédito?
E isto na Inglaterra?
15 comentários:
Eu não toquei no assunto, até porque estou nesta onda de reduzir o número de posts, mas só posso concordar com o ponto seguinte da crónica da semana da Rosarinho:
6. Mas a grande notícia da semana foi, sem dúvida alguma, o cinquentenário daquela coisa que está na margem sul a assombrar a cidade de Lisboa e que, pensava eu, mais dia menos dia seria demolida em nome do bom gosto. Enganei-me. E mais, assistimos à maior manifestação de sempre da promiscuidade entre igreja e estado, perante a passividade do agnóstico António Costa e da comuna Maria Emília, que inclusive alinharam na fantochada de atravessar o Tejo no barco que transportou, na maior das solenidades, uma boneca que na verdade tem o mesmo valor duma Barbie ou dum das caldas, com a agravante de ser mais pirosa. Tirem-me deste filme!Em cheio!
No caso do 1º ter a ver com esse "Sem Fim" retiro o que disse no outro post, já.
Não estou à altura para decifrar tamanho enigma, muito menos resolvê-lo!
Não gosto fe filmes de terror e começo a ouvir e ler cada vez menos "dessas" notícias que me fazem medo...
Ora bem, essa do "cinquentenário" só não é anedota porque o "mamarracho" vai continuar a "assombrar a cidade de Lisboa" como disse a Emiéle.
Começando pelo fim, que é o que tenho mais fresco, de facto «área em expansão ser a da cobrança de dívidas a portugueses que abusam do cartão de crédito» é mesmo assustador.
Será possível?!
Quanto ao início do post, agora há essa moda, essas histórias onde fica no ar a sugestão que vão continuar... numa sequela. Eu já estou mais ou menos à espera e não me incomoda, apesar de te entender. Na nossa vida essas «sequelas» são bem mais chatas.
Claro que nem falo na «res publica» é claro, isso é demais
h, claro que essa fantochada num Estado que se diz laico, está acima - ou abaixo, nem sei o lugar - de qualquer classificação.
Que a Igreja fizesse a sua Festa, OK, era justo. E era lá com ela. Mas gramarmos um sábado inteiro com aquilo, mesmo quem não vive em Lisboa... livra!
(digo "mesmo quem não vive em Lisboa" porque falo da TV; quem vive em Lisboa, como eu, teve um sábado infernal - passe a expressão - com um engarrafamento gigantesco)
Eu, que não estava em Lisboa, logo não apanhei com o "mamarracho" nem com as suas consequências, tive outro, se não pior pelo menos igual: O Sr. Santo Cristo dos Milagres.
Ponta Delgada toda conjestionada, e a tv-açores, que não passa as suas produções, refiro-me concretamente ao Tele-Filme, "Anthero-O Palácio da Ventura", a exemplo da sua chefe no continente, deu-nos um dia inteiro, cheio de manifestações religiosas.
Por fim dizer, que faço minhas as posições tomadas pela autora do post e comentadores, até o momento.
Bem lembrado, Emiéle, que as pessoas têm a memória curta: o tempo do Cavaco beneficiou imenso com as ajudas de Bruxelas, apanhou-as em cheio, mas para «vacas gordas» até estiveram de dieta! Tal como chamas a atenção, isto parece uma «História Interminável» apesar de a imagem que me ocorre não é tanto de um círculo fechado mas sim de uma espiral - porque em muita coisa vai andando para pior!!!
Claro, quanto ao Cristo-Rei estamos conversados.
Como alguém aqui disse, que a Igreja celebrasse estava no seu direito, mas que o Estado entrasse na festa, é coisa de pasmar!
«Laico»?
Há muito para dizer e podias ter dado doses, penso eu!
Promiscuidade, crise e corrupção.
Estamos mal, muito mal com esta gente.Tenho de sair, passei só para deixar um curto comentário
Lá isso estamos mal, sim Kika.
E sem ver nenhuma luzinha...
Pois foi Joaninha, o ouvir que o tal rapaz considera que é uma ««área em expansão a da cobrança de dívidas a portugueses que abusam do cartão de crédito» é de estarrecer!
Bo-las!!!
Tu e os bonecos que descobres para ilustrar os posts, nunca me desiludes e muitas vezes surpreendes-me.
Se calhar os meus colegas que comentaram não se lembram do que é a História Interminável.
Eu vi primeiro em filme, e depois tive curiosidade em ler o livro. Gosto imenso dessas histórias meio mágicas, e essa é formidável.
Eu li-a traduzida em português mas se quiseram espreitar mais dados, vejam aqui.
E o bonequinho no meio do texto, do AURYN, também não deve ter sido entendo a não ser por mim...
Eheheheh!!!
Estamos numa «neverending history» ai é? Mas lá os maus acabavam!!
Olha que está muito bem visto.
Também me faz impressão esse tipo histórias com uma pirueta no final onde tudo parece voltar ao princípio, e afinal é o que se passa na nossa cena política.
Quando parece «que desta vez é que é», mal tomam posse fazem exactamente o mesmo que criticavam quando eram oposição.
O que mais me custa nisto é termos perdido (ia dizer a fé, mas depois da história do Cristo-Rei soa-me mal - lol ) a crença num bom futuro já nem digo que imediato...
Mal acabei de clicar nisto e reli, lembrei-me de uma entrevista recente a um economista estrangeiro que dizia que estava confiante e as coisas se iam endireitar... em 2020 ou coisa assim!
O espantoso é que ele estava a falar a sério quando dizia que tinha boas notícias. A perspectiva desta gente é espantosa, é tudo relativo!
Olá estrela do mar! :)
'Apanhaste' bem o meu boneco/significativo.
De facto tento sempre ilustrar o que digo de um modo... engraçado, se possível original.
Zorro, é isso mesmo, é tudo relativo, para um economista os valores de dinheiro não contam como nós e o tempo também não. Muitas vezes a vida observada pelos olhos de um economista, um sociólogo, um psicólogo, um historiador, não é a mesma vida, parece que vivemos em mundos diferentes.
Paralelos?
Se calhar nem isso!
Por acaso senti-me um bocado num filme de terror quando li essa da área em expansão. Até encolhi um bocadinho.
Não é verdade, Castanha.
Bolas!!!!!
«Em expansão»?!
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