sexta-feira, abril 17, 2009

Os culpados

Ainda temos presentes as imagens da queda da ponte de Entre-os-Rios.
Na altura, em Março de 2001, toda a comunicação social esteve em cima do acontecimento que deixou arrepiado quem «assistiu». Naturalmente que quem perdeu a família nesse horrível desastre quis saber de quem foi a culpa.
Quem não o faria? Se eu estivesse nessa situação moveria céus e terra para esclarecer de quem foi a responsabilidade do que se passou.
Curiosamente, mais uma vez se confirma que vivemos numa terra onde a culpa morre solteira. Entre os exageros que ouvimos contar de pedidos de indemnização por motivos fúteis que se passam nos EUA, e este caso onde morrem 59 pessoas e ninguém é responsável há o tamanho do mundo de diferença.
Mas depois aparece o inacreditável, o que parece absurdo – as famílias das vítimas, como levantaram um processo que teve esse estranho desfecho, irão ter de pagar 57 mil euros (não o meio milhão de que se falou, mas para o caso é idêntico, é um absurdo!) pelas custas do processo!
"Não só não vimos feita justiça, como fomos os únicos condenados no processo" diz uma das pessoas ‘condenadas’ a este pagamento, até parece que afinal devem ter sido eles os «culpados».
A indignação que ontem se ouviu por vários lados talvez faça rever algumas idiossincrasias do nosso sistema judicial.
Aqui se demonstra que a justiça é um bem de luxo diz o bastonário da Ordem dos Advogados.

11 comentários:

Anónimo disse...

Ontem, ouvi vagamente no rádio do carro uma ‘sondagem’ de opinião pública sobre o caso. Fiquei ainda mais confuso, porque ouvi coisas diferentes. Afinal as famílias foram ou não compensadas financeiramente? Este era um segundo processo?
De resto tens toda a razão ao falar entre o 8 e o 80. Fui espreitar a correr e não só nos EUA encontramos indemnizações curiosas. Olhem.
Jovem é indemnizada por passar 2 horas em fila
ou
Juiz manda ex indemnizar noiva abandonadaE isto foi no Brasil!!!
Que tal?

Anónimo disse...

Só um esclarecimento no caso da «noiva abandonada»:
Não que ache mal que uma pessoa que abandona outra seja chamada à razão. E penalizada. Por isso é que existem divórcios e que até podem ser muito pesados para o prevaricador. Agora além disso pedir uma indemnização, acho... original!

AB disse...

Desculpem que mal pergunte:o que é um prevaricador em caso de divorcio?Tirem da lista os maus tratos fisicos que isso é caso de policia ainda antes de qq. acção.Mas no caso de EEntre-os-Rios como é que se paga aquele espaço de tempo em que a dognidade do Eng.(?)Jorge Coelho o obrigou à demissão imediata sem tempo de como é que se costuma dizer em politica?Transição?Julgo que é assim qd. se passa de chorudo cargo para outro e no intervalo se recebe uma indemnização pelo tempo de espera...Aliás acho mesmo pena que ao propor o levantamento do sigilo bancário para efeitos fiscais em termos da moralização do sistema o Francisco Louçã não tenha proposto tb. a abolição e divulgação das benesses dos detentores de cargos politicos desde os simplesmente parlamentares cá como os dos representantes europeus.AB

Joaninha disse...

OH King, responde aqui à AB que também sorri com isso... «Prevaricou» como?
................
Tudo isto é feio, e talvez sirva para se por alguma coisa em causa. Pelo que entendi neste último julgamento o Estado também foi acusador dos engenheiros absolvidos, as famílias das vítimas foram um tanto 'à boleia' do processo. E como é, o Estado paga custas a si mesmo?
Penso que paga, mas faz-me cá uma confusão... Entra de um lado e sai d outro mas o bolo é o mesmo?!?!

fj disse...

Nunca seão devidamente ou "devidamente" indemnizdos.
A conduta de Jorge Coelho é Jorge Coelho. Conheço-o bem, é um "puro".

Anónimo disse...

Pronto, pronto....
A expressão de «prevaricar» não foi famosa, mas o que pretendia dizer é que o casamento afinal é um contrato. Assina-se um documento onde duas pessoas combinam legalmente certos procedimentos. Se não o quiserem fazer não casam.
Se o contrato está assinado e um dos elementos ao fim de dois dias o quer rescindir, é um pouco estranho, mas não parece mal - ele lá sabe. Mas arrisca-se a que o divórcio lhe corra mal, e o 'prevaricar' é isso ter-se posto a andar sem uma explicação à recém mulher. E o que achei curioso foi o juiz falar em indemnização... como se fosse um caso civil.

AB disse...

FJ é um "puro"quê?Como os havanos?AB

kika disse...

O tema mostra-nos a vulnerabilidade dos mais fracos.A justiça portuguesa é realmente um cancro para o qual não se vislumbra cura, por enquanto.
"A justiça é forte para os fracos e fraca para os fortes" esta frase do bastonário faz todo o sentido em Portugal.
Isto é rídiculo, não me revejo nisto e só desejo nunca me ver metida numa situação em que tenha de fazer recurso a um tribunal.

josé palmeiro disse...

Senti-me tão envergonhado, tão vilipendiado, tão tudo, que não tive, nem tenho, vontade de dizer seja o que for, desta, imensa, injustiça!

cereja disse...

Como disse aqui a Kika a «vulnerabilidade dos mais fracos» é imensa. O que está em discussão nem é a quantia (o que apesar de tudo em altura de crise grave como agora, é sempre uma coisa importante) mas o sistema em si. Recorrer-se á Justiça é caro, caríssimo. Nem sei se isso é assim para fazer desistir dos processos quem esteja em piores condições e aligeirar os montes de dossiers em 'lista de espera'!

André disse...

A fotografia quase que parece evocar o "The Fog" por tudo o que sinistro se desenrolou nessa trama. E no meio de tudo isto falta ainda entender quem é quem na estória. Entre protagonistas e antagonistas que se entrecruzam, nada nem ninguém sai por cima, excepto a vergonha de uma narrativa inconclusiva. E atenção! nada disto é ficção...