quarta-feira, março 25, 2009

Se está falido não pode oferecer prémios...

Era o que o bom senso diria.
E, pelos vistos, lá nos EUA a coisa acabou por ter impacto.
Depois de algumas críticas do Presidente Obama, dos vinte quadros da AIG que tinham recebido prémios, quinze aceitaram devolve-los
A verdade é que a AIG recebeu 170 mil milhões de dólares do Governo dos EUA por estar em risco de bancarrota, donde seria um tanto estranho, que «em risco de bancarrota» se permitisse o luxo de distribuir 165 milhões de dólares a título de 'prémios'.

Era um bom exemplo a ser seguido cá...

9 comentários:

fj disse...

Como muitas vezes os EUA 'ditam a moda' pode ser que a coisa se espalhe.
Pelo menos era a tal coisa «ou há moralidade...»

josé palmeiro disse...

Como eu gostaria que o Zorro tivesse razão, relativamente ao espalhar-se por cá!
Sinceramente, duvido que tal coisa aconteça, pois por aqui, as pessoas esquecem-se, com uma facilidade termenda, nem sequer se lembram que o receberam ou que o deram a receber.
De qualquer maneira, como moda, pode ser que sim..., mas na lo creo!

Anónimo disse...

Bancos á beira da falencia temos nos, e vamos lá saber quais os premios e ordenados que auferem.. ora, ora não sejamos utópicos. Zorro a Portugal as ditas modas , não chegam, até porque nao temos Obamas por aí..

Anónimo disse...

Então ele não começou por 'congelar' os ordenados dos seus assessores ou lá o que foi?... tal e qual como cá!
.........
Ná. O modelo do eng Sócrates era o Tony Blair, não era?

Anónimo disse...

Era.
Ponto.

Hoje já nem sei se há «modelo»...

Anónimo disse...

Pois cá para mim é um Obama à Sócrates. Não tem grande moral e ando cada vez mais preocupado com este presidente norte-americano. A continuar assim, duvido que seja reeleito e começo a interrogar-me se terminará este mandato...

Perante algo que se tornou público "sem querer", a Administração foi forçada a "pronunciar-se" contra o escândalo que era a distribuição dos prémios. Nada mais demagógico. Sobretudo quando esta administração, em particular o presidente, não tem parado de cair nas sondagens.

Pergunto-me: as centenas de funcionários que receberam os prémios, se tinham este tipo de incentivo contratado deviam abdicar dele? Tratando-se de um grupo empresarial e não de uma empresa, onde existirão centenas de empresas e/ou negócios, os que deram lucros deveriam ou não incentivar os seus trabalhadores para fazerem ainda melhor? Etc, etc, etc, etc, etc...

Este é um assunto delicado e bastante mais complexo do que as primeiras páginas dos jornais. E cheio de demagogia. Neste caso até pode conseguir intervir com sucesso porque a maioria do capital é do Estado - estranho que já o sendo e estando presente na Administração, não tenha actuado antes - mas não o conseguirá onde não tem presença. E muito menos legislar contra a atribuição deste prémios. Poderá, eventualmente, taxá-los como querem o que será igual ao litro. Não alterará rigorosamente nada...

O que não deixa de ser interessante é a forma subtil, mas já detectada pelos media, como a administração Obama que tanto alarido fez esteja agora a tentar extinguir o fogo e não ser, afinal, tão radical como quando se pronunciou sobre este assunto da primeira vez. É que a realidade não se confunde com demagogia fácil.

Por último, apenas gostaria de dizer o seguinte: podemos todos condenar e achar que é imoral os prémios absurdos que se pagam. Concordo plenamente na maioria dos casos. Alguns passaram-se em Portugal. Contudo, cabe aos accionistas determinaram se concordam ou não com o que auferem as pessoas. Nesta linha de pensamento, quem está em condições de conseguir os melhores quadros, paga por eles. A lógica não é comparar o que ele ganha com os "9 to 5ers", mas sim o retorno sobre o investimento... Daí as manipulações dos resultados através da famosa contabilidade criativa, muitas vezes sancionada pelos próprios auditores e órgãos de fiscalização das sociedades.

Um abraço.

cereja disse...

Miguel, tens muitas vezes umas perspectivas «contra-a-corrente» e que ajudam aqui no «Prós e Contras» do blog.
Reconheço que se calhar não conheço a questão a fundo, escrevi baseada naquilo que o artigo diz. E o artigo não se refere a «centenas de funcionários que receberam os prémios» e sim a 20. E eram prémios enormes numa empresa em bancarrota ou a caminhar para lá.
De resto, não discuto que «quem está em condições de conseguir os melhores quadros, paga por eles» como aconselhas, o que me levanta dúvidas é se pessoas que levam as suas empresas à falência sejam assim "os melhores quadros". O que seria se fossem incompetentes...

Anónimo disse...

O Miguel está em Angola não está?AB

Anónimo disse...

AB, estou em Angola sim.

Emiele,

Nem de propósito. As demissões já começaram na AIG. Não sei se é positivo ou negativo, contudo:

1. OS 2 Top Managers do Banque AIG, em França, apresentaram a demissão e poderão provocar o default de cerca de 300 mil milhões de dólares de contractos em curso em que estavam envolvidos. Este facto constitui algo de novo para o "pesadelo" AIG e poderá provocar uma catástrofe na banca europeia por ter feito ali seguros contra defaults de dívida;

2. Os prémios totalizaram 165 milhões de USD e foram entregues a centenas de funcionários. Os 20 são o bode expiatório. 1 desses disse que não devolvia nada e que, logo que o dinheiro sobrante após impostos seria entregue a uma instituição de caridade ($742.000,00). Tanto quanto li, haveria 20 funcionários da AIG que terão recebido acima de 1 milhão de USD;

3. Se eu fosse funcionário da AIG e, por acaso, tivesse recebido alguma coisa, já teria rumado a outras paragens. Ter os meus filhos debaixo de fogo na escola, pelos colegas, a família incomodada em casa, repórteres parados em frente a casa, etc e tal, não é de todo simpático.

Vilipendiar é fácil. Basta ir lendo as notícias. Mesmo que não corresponda inteiramente à verdade, é mais fácil.

Finalmente, uma última questão. A perversidade dos actos que levaram à crise do sistema financeiro e, por arrasto, à "demise" da AIG dão muito que pensar. Mais do que condenar toda a linha do management há que ponderar as implicações dos inputs com origens exógenas às instituições "falhadas" nas suas tomadas de decisão.

Nada é linear. E muita tinta ainda vai ser gasta.

Uma última questão. Há anos que as fortunas do top managemet das empresas americanas são publicadas. Quer pelos R&C das sociedades quer por estudos comparativos que são feitos regularmente pelos media especializados. Nada é novidade.