quarta-feira, março 04, 2009

Passado, futuro ... onde está o presente?

A Saltapocinhas escreveu ontem no Fábulas um post muito interessante
O melhor é irem lá lê-lo, mas num «super-resumo» posso dizer que ela se
escandaliza admira que, para os seus alunos poderem receber «o Magalhães», têm de dar um número de telemóvel.
Um telefone fixo não serve... Isso, porque o aviso de pagamento vem por sms, e só os telemóveis podem receber essas mensagens.
Naturalmente que a Saltapocinhas lembra que há outras formas de contactar as pessoas sem ser por telemóvel e sms...


Esta história é paradigmática de como uma boa tecnologia pode ser usada exageradamente.

A verdade é que a vida moderna tem muitas coisas excelentes. Vivemos com muito mais comodidades do que os nossos avós ou bisavós e gostamos disso. Prefiro ter um frigorífico de que ir todos os dias ao mercado, um fogão a gás ou electricidade é bem melhor do que um a carvão ou lenha, gosto de usar um elevador quando estou cansada e, se usar um avião, posso ir a qualquer ponto do mundo em poucas horas em vez dos meses que duravam as viagens noutros tempos.

É bom.

Mas aquilo que penso é que o uso de uma tecnologia moderna não anula por completo o conhecimento de outras formas de se fazerem as coisas. Para mim o que é bom no «Presente» é que podem coexistir aqui parte do passado com algo que podemos pensar como fazendo parte do futuro. Mas vivemos no Presente.
Aqui há uns tempos, o meu filho tinha ido fazer qualquer coisa com uma amiga minha (e até bastante mais velha do que ele). Tinha ficado combinado que eu ficava em casa mas iria almoçar com eles. Contudo a hora do almoço chegou, eu esperei, esperei, e nada. Tentei ligar para os telemóveis de cada um, mas sem resposta. Bom, ao fim de bastante tempo, aqueci qualquer coisa e sentei-me sozinha a almoçar, mas um pouco inquieta. O que se teria passado?!
Horas depois apareceram-me muito risonhos, não tinha havido problema nenhum – um dos telemóveis estava sem bateria e no outro não havia saldo. E aquelas almas não tiveram a ideia de parar numa cabine e ligarem-me por uma linha fixa! Nem ele, nem ela - que é do tempo em que não havia telemóveis!!!
E as pessoas que explicam que não podem ir aqui ou ali por não terem carro, como se as camionetes ou comboios nem existissem ?!


Não é preciso tão atrás, mas há outros transportes sem ser o automóvel...

7 comentários:

fj disse...

Olha que a foto é bem linda!...

É mesmo como dizes. Estamos de tal modo habituados a certas coisas que nos esquecemos que muitas delas se «podem fazer á mão» por assim dizer.
Até comigo se passa.
Fico bloqueado quando me falta alguma coisa a que estou habituado, sem me lembrar que há outras e mais antigas formas de o fazer.
O presente/futuro, faz esquecer o passado...

Anónimo disse...

É curioso que todos nós temos cenas dessas para contar. Situações onde a solução está à vista e era óbvia, mas tinha de se recorrer a um método antigo e nem nos lembramos dele!
Achei graça o Zorro dizer «fazer à mão» porque até a expressão já se usa pouco. E recorremos a profissionais e especialistas para coisas corriqueiras que dantes qualquer pessoa numa casa sabia fazer e fazia.

josé palmeiro disse...

Começando, como o Zorro, pela fotografia, dizer que sim, é linda, mas triste. É uma dor vermos um carro de varais tão lindo, votado ao abandono e em risco de se desmantelar, se não tiver já sido desmantelado. Pena porque é uma belíssima peça de museu.
Quanto à história da "Raposinha", pois que queria que dali viesse? Tinha que ser assim, analisando e pondo a nu, a situação em que estamos mergulhados e tornados escravos duma coisa que, em primeira instância, deveriam ser para nos facilitar a vida. Já pensaram o que uma avaria eléctrica, daquelas mais demoradas, pode acarretar?
Temos, urgentemente, que caminhar para a auto-subsistência, recorrendo a encontar as alternativas que todos conhecemos mas que foram esquecidas e deitadas pela borda fora. Lembro-me de viver numa casa que tinha um poço, fundo, com 16 metros de profundidade. Nunca tivemos falta de água e, no verão, descia por ali abaixo um cesto carregado das coisas que o calor podia detiorar e lá permaneciam, até serem necessários. Depois para tirá-los, era necessário puxar a corda e aí, fazia-se exercício sem necessitar ir para o ginásio. Como eram as coisas há cinquenta e cinco anos...

Anónimo disse...

Foto linda realmente linda e...até apetece.Lembrem-se da corrida de uma carroça e de um ferrari numas eleições municipais em lisboa.Z,jª e zp disseramjá tudo e adiro.

Anónimo disse...

Quem é que não se revê nisto?...
Todos nós já nos «esquecemos» de que por vezes também se pode «caçar com gato».

O post da Saltapocinhas está muito bom!

André disse...

Isso também está tudo relacionado com estratégias que visam a promoção de novas necessidades; quando se fala em apelo ao consumo não se pode esquecer esse ponto. Não o digo num sentido conspirativo, mas no sentido de que é urgente redimensionarmos as nossas próprias carências, até para reaprendermos a viver um pouco melhor, mais em harmonia com a nossa natureza de animais, nem sempre racionais...

saltapocinhas disse...

obrigada pelos referências ao meu escrito!
até estou a pensar seriamente em não me zangar por só comentarem aqui :)

O que me chateia maois nesta história é a arrogancia destes senhores que "dão" os magalhães.
como se as pessoas fossem obrigadas a ter telemovel!