quinta-feira, janeiro 08, 2009

Publicidade enganosa quase enganosa


Todos nós conhecemos os desdobráveis que nos atafulham as caixas do correio quando não se tem a cautela de explicar que não desejamos publicidade.
Todos os grandes supermercados usam e abusam desse sistema, folhas enormes cheias de vistosas fotos de belos produtos que são uma tentação para os olhos. E acontece sermos tentados por uma ou outra coisa.
Também nos acontece, por vezes, encontrarmos um aviso dizendo que no produto X, afinal o preço não corresponde ao que lá está escrito ou é a foto que está errada. Mas, de uma forma geral, isso é dito à entrada.

E sabemos que há produtos que são quase só chamarizes, se esgotam ao fim de poucas horas e quem lá vai acaba por levar outro menos barato ou menos bom. São as leis do mercado que todos conhecemos.
No limiar do tolerável, mas...

Acontece que a loja Makro andou a espalhar folhetos com umas promoções espectaculares. Tinha de se aproveitar que aquilo era só entre o dia 7 de Janeiro e o dia 14 (parece-me). E a verdade é que alguns dos artigos tinham realmente uns preços interessantes, para quem anda a contar tostões.

A minha vizinha, que tem ‘cartão makro’, disse-me que planeava uma excursão lá e eu atrevi-me a pedir-lhe que então me trouxesse um aspirador que o prospecto mostrava e me parecia bastante aceitável. Como ela receava que as coisas melhores se esgotassem depressa, pôs o despertador e no dia 7 (ontem, quarta-feira) assim que a loja abriu as portas, às 6 horas da matina, já lá estava a empurrar o seu carrinho de compras.

Ora bem, das 4 coisas que ia comprar, não havia nenhuma.
Como ela é muito simpática e se tinha comprometido comigo, aquilo que deu mais luta foi o «meu» aspirador. Assim que chegou à prateleira viu que não havia. Perguntou.
Beeeeeem, - disseram-lhe - aquilo era fim de stoc, e já não havia. Como??? Se era o primeiro dia da promoção e eram 6 da manhã com 4 ou 5 clientes na loja, como era possível JÁ não haver...?! Aliás ela podia ver nos carrinhos dos outros onde não havia nenhum aspirador!
O banzé meteu até o responsável que mandou ver ao armazém e lá desencantaram um que minha vizinha guardou triunfantemente no carrinho.

De resto, noutro caso, a foto que estava no prospecto não coincidia com o preço. Com aquele preço era outra coisa, que não interessava nada. Tinha sido erro da publicidade (mas não estava anunciado ao pé do expositor que havia erro...)

Uma terceira compra, um GPS, também já não havia, e o quarto objecto também não correspondia ao modelo.

Resumindo, ela estava lá no primeiro dia à abertura da loja e acabou por me fazer um favor, mas com muita «peixeirada» à mistura.
Que publicidade é esta?....



18 comentários:

Anónimo disse...

Fazes bem em deixar este "desabafo".
Não sei os limites entre o 'enganoso' e o não, mas que se leva ao engano, não há a menor dívida...
Estou já a ver os «public relation» se por acaso lessem isto a explicarem que os prospectos são para muitas lojas, e logo por coincidência aquilo aconteceu naquela que não estava preparada. se a tua vizinha tivesse ido antes à loja X ou H, ou Z havia ali à fartazana...
A gente imagina!

E não há essa coisa que são livros de reclamações?!

Anónimo disse...

Eu espanto com as pessoas que se levantam às cinco da manhã por causa de uns tantos tostões menos.E não são coisas de primeira necessidade.Um GPS em saldo....bom!Mas por outro lado acho que é um bom treino para as bichas(filas)de racionamento quando começarem a faltar produtos.Alguem já deu por exemplo por falta dos lenços de papel Renova?Ou do sabão de sedas(um amarelinho que é bem melhor que os detergentes suaves para a roupa delicada?)È que há coisas que já vão faltando...e quando for o arroz e a massa ...?È que o sabão e os lenços são como o GPS são para quem gosta de "acessórios"(nas devidas proporcões)mas qd. chegar ao essencial?AB

Anónimo disse...

Quanto à publicidade enganosa-a publicidade nunca se engana...quem vai ao engano é o consumidor....que é permiavel à mensagem.AB

Anónimo disse...

É um desaforo, salve-se quem puder a tal ética de que falava o Palmeiro num post de ontem. Estou como a AB como é possivel levantar-se alguem as 5 da matina, para comprar coisas dessas.. acho graça

Anónimo disse...

Tens é uma vizinha simpática à brava!
Essas «promoções» isca são casos conhecidos, mas não costumam acabar ... antes de começar!
AB, olha que muitas vezes já há produtos de outro tipo que entra nessas promoções - fruta, arroz, legumes.
O tal Lidl, por exemplo, tem muito isso e depois explica que cada cliente só pode levar 3 ou 4 quilos daquilo que está realmente barato. Cá em casa no outro dia trouxeram de lá kivi a um euro o quilo...
A Makro sempre achei que era vigarice sobretudo por os produtos trazerem os preços sem IVA, o que engana imenso. Claro que nalguns casos há excepções, mas...
:)

Anónimo disse...

Ainda aqui volto, sem procuração nem da Emiéle nem da vizinha, mas quanto a mim, é exactamente para produtos onde o desconto pode contar muito, que faz sentido estar lá ao abrir da loja!
Ao contrário do que pensam, para mim faz algum sentido um sacrifício (nem sei a que horas a senhora costuma começar a trabalhar) sair de casa mais cedo se no final poupar 50 ou 100 euros. E pelo que dizes, se eram 4 coisas, uma o tal aspirador, outra o dito gps, e duas que não sabemos o que era mas podiam ser produtos também caros, com essa decisão ela poderia ter poupado bastante. Se fosse uns 25 cêntimos no quilo do arroz, ou 10 cêntimos no açúcar, era um exagero que não adiantava nada.

Anónimo disse...

Conheci um grande latifundiário (que se foi tornando minifundiário)que tinha um lema identico"Só o superfluo é importante e exige sacrificio".Assim sempre que um negocio o deixava à beira da ruina dava uma festa para comemorar.E assim de festa em festa...se foram aneis e mais tarde os dedos.Era obviamente um aristocrata do "espirito"(não sei se compativel com o Makro).AB

josé palmeiro disse...

Na verdade, o capital, tem uma força do caraças.
Cada um, ao seu jeito ou à sua maneira de ver e de estar no mundo, tem a sua razão.
Eu nunca me encontraria numa fila (bicha), para comprar fosse o que fosse.
Por outro lado, entendo a Emiéle, que tendo visto algo que necessitava e que, ainda por cima, havia alguém que se levantava para ir espreitar a oportunidade, lhe solicitasse a compra. Já quanto às manigâncias das suprefícies comerciais, (lembrança do Camacho Costa), já são por demais conhecidas e nem vale a pena gastar tinta com essa gente.
Gostei da história da AB! De uma forma geral lembra-me aqueles, (prevenidos) que, em tempo de crise, aplicam os seus proventos a comprar 10Kg de açocar, o mesmo de arroz e/ou, massa, porque são mais baratos ou porque se anuncia uma subida drástica e depois quando os vão utilizar o açucar, está em pedra, cheio de humidade e o arroz e/ou a massa, está para ir para o lixo porque tem gorgulho. Enfim, cada um é livre de actuar como entende, mas que não há razão para ir ao engano, isso não.

josé palmeiro disse...

Já agora, AB, se necessitares do tal Sabão de Seda ou de Alcatrão ou de Pedra Pomes, tudo com a qualidade, "Ach. Brito" diz, que aqui nos Açores encontram-se com muita facilidade.

cereja disse...

Bem, como ainda passei por cá e vi que ao contrário do que imaginei este post não foi tão pacífico e consensual como pensei - para além da 'defesa' do Zorro, passo então explicar:
a) A senhora de que falei levanta-se vulgarmente quase a essa hora, porque trabalha em limpezas, praticamente de madrugada. Se falei na hora foi para acentuar que era impossível àquela hora terem vendido tudo!
c) Muitos de vocês consideraram as compras de grande luxo, mas não o eram. O marido dela é taxista, e o famoso gps facilita-lhe muito o trabalho. E o «meu aspirador» que vai substituir um, velhinho de 15 anos, não é um luxo asiático. Imagino que quem me esteja a ler também tenha um. As outras coisas creio que era uma 'máquina de cozinha' que lhe daria jeito (para quem tem uma vida muito ocupada) e era de boa marca, apesar de encontrar mais barato nuns chineses decerto, e já não sei o que era por último mas não era exactamente um luxo!
Evidentemente que só pode haver 'engano' por haver quem se deixe enganar, mas...é um raciocínio complicado, não?...

Anónimo disse...

Não,não é Emiele.Não há campanha nenhuma publicitária que não envolva um estudo de mercado prévio onde se espelha o perfil "psicografico" do consumidor alvo.A mensagem é adaptada a esse perfil.Não é por acaso que a maioria dessas promoções são distribuidas porta-a-porta ,em folhetos, e desvinculadas dos meios de comunicação de massas que podem ser alvo de escrutinio por exemplo de autoridades da comunicação.Aí a coisa pia mais fino.E vês por exemplo em meio televisivo mensagens que dizem "a partir de 50%"sem especificar o nem produto,nem a altura do saldo em que esses 50% são aplicados...Qt. à história da vizinha ,segundo os dados que dás, enquadra.-se perfeitamente no "público-alvo" a atingir.Portanto funcionou.E os aspiradores não são nenhum luxo como toda a gente sabe mas para durarem 15 anos é necessário serem de muito bom fabrico(os electrodomesticos estão programados hoje para pouco mais tempo do que a garantia)e não é neste tipo de saldos que essa qualidade se "vende",.a menos que haja stocks por esgotar.AB

Anónimo disse...

Gostei muito do comentário da AB, com a história do latifundiário.É bem oportuna para os tempos que se vão viver.Vou escrever a frase, faz-me falta relembrar isso

cereja disse...

AB, não sei bem se estaremos a falar da mesma coisa.
Que se «pinte» um produto com as cores que se imagina agradarem mais ao potencial cliente, parece evidente. Que também se escolham os 'alvos' das campanhas, é natural (sempre achei 'interessante' que no intervalo dos jogos de futebol para além da cerveja o anúncio que se vê é o que previne e 'disfunção eréctil'....)
Até aqui, nada se seja de estranhar. O que referi, e isso estranhei, é que se anuncie algo que... afinal está esgotado antes da campanha começar! Podia ser para acabar com o stock, mas tinha de existir algum stock, por pequeno que fosse.
O aspirador, acredito que seja bom, pelo menos a marca é muito conhecida e o desconto foi muito grande. Talvez venha aí outro modelo, mas eu gostei deste que é muito potente e me parece resistente. A ver vamos.

Anónimo disse...

Se calhar estamos e se calhar não estamos.O que não temos de certeza é a mesma concepção do que pode ou não a comunicação públicitária nem temos o mesmo olhar sobre o ramo dessa mesma comunicação que se chama "bellow the line" e que engloba a via promocional.Mas é uma conversa longa provavelmente mais técnica mas que por exemplo a mim tendo trabalhado no meio me deixa quasi imune à "promessa"...AB

Anónimo disse...

Pois Kika eu nunca mais a esqueci e olha que não foi à força de repetição.Mas tens frases paralelas como a do Visconti no Leopardo sobre o jovem Tancredi(aliás a frase é textual do livro do Lampedusa)"Um jovem como este só se consegue com várias gerações de fortunas desbaratadas"-eu é que não reproduzo textualmente a frase que tenho preguiça de ir à estante procurar o livro mas o sentido é este.AB

Anónimo disse...

Quanto ao Zé Palmeiro agradeço.Se puderes um pacotinho ou dois do dito sabão de seda seria excelente.Qd. chegares vemos a forma de entrega...AB

josé palmeiro disse...

AB, fica combinado.

Alex disse...

O Mackro que se lixe mas, quando tiveres oportunidade, faz-me o favor de enviares os meus melhores cumprimentos à tua vizinha. Ganda Mulher, é assi mêmo!