sexta-feira, janeiro 09, 2009

A Cinemateca

... e da dificuldade de agradar a gregos e troianos.
Soube ontem que o João Bénard da Costa vai sair da direcção da Cinemateca por razões de saúde.
Desejo que de saúde não esteja assim muito mal, mas ele já não é um rapazinho e terá direito a algum descanso.

Eu frequento quando posso a Cinemateca que pouco a pouco se tem transformado num local não apenas onde se pode (re)ver o melhor cinema como até um agradável ponto de encontro, onde reencontro alguns amigos e tomamos café, ou até uma refeição simpática.
A explanada é muitíssimo agradável de Verão, e a ideia de aí passar alguns filmes ao ar livre foi, no meu entender das melhores.

É natural que as transformações por que passou a Cinemateca não sejam só devidas ao trabalho do Benard da Costa. Existia um staff que decerto tinha voto importante na matéria, mas o certo é que a imagem deste apaixonado por cinema fica ligado a esta obra.

Mas, como sempre acontece, nunca se agrada a gregos e troianos.

Li os comentários dos leitores a esta notícia e achei curioso como o leque era tão aberto – dos que aplaudiam calorosamente a obra feita, até aos que encontravam motivo de crítica e censura em tudo. Considerar o preço dos bilhetes, 2,5€ , muito caro e exorbitante (sic) 15€ por ano o cartão de sócio que dá desconto de 50% em tudo incluindo livros, é olhar de um modo bem injusto o que se faz. Já a crítica ao folheto mensal, parece-me certa. Aquilo é uma confusão para se ler... Creio que se, em vez de uma enorme folha única desdobrável, fizessem uma agenda tipo caderno todos ganharíamos.
Depois é também interessante a crítica aos horários. Muitos acham que os filmes «melhores» vão a más horas, só que a conceito dos tais melhores, é terrivelmente subjectivo!
Certo, espera-se que agradecendo ao Benard da Costa tudo o que fez, a passagem de testemunho agora se faça de um modo a manter o que há de bom e a corrigir alguns pontos que podem ser melhorados.

15 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que sei concordo.Claro que todos fazemos erros, e hã matérias, como horários,em que raramente se consegue consenço---embora ati aí haja remédios, como sessões desencontradas de certos filmes.

Anónimo disse...

Mas não vivemos na terra do «Velho o rapaz e o burro»?
Tem de haver sempre críticas!!!
Não tenho lá ido as vezes que desejava, mas 'a culpa' não é deles. São afazeres que se metem.
Mas acho que a recuperação do espaço é excelente!
E quem aproveitar as sessões da noite até tem estacionamento fácil, que a EMEL já não manda àquelas horas... E ali é facílimo haver lugar.

Anónimo disse...

A tua foto ilustrativa é bem sugestiva - um canto de um prédio recuperado ( e que bem recuperado que foi!) o letreiro que indica o que é, e ainda umas folhinhas verdes que são esperança.
Bonito.

Anónimo disse...

Eu suponho que as críticas ao Benard da Costa um homem muito erudito(emprego a palavra de propósito para distinguir do culto)tem a ver com a demasiada permanencia no lugar e com os "vicios" de centralização que se ganham com esse tipo de lugares vitalicios.A SPA embora com contornos diferentes teve o que teve e por aí fora.Mas a ultima do Benard não me agradou de todo.Tratava-se de mudar o nome da Cinemateca para Museu do Cinema.Calculo não ser preciso explicar o que isso significaria.De resto na apreciação do espaço e com alguns reparos à programação(tanto John Ford podia passar a ser mais cinema europeu contemporaneo por exemplo)estou de acordo com o que diz a Emiele.Depois a tal história do velho e dorapaz e do burro ,nisso a malta do cinema è eximia.Por alguma razão qd. eles se juntavam há uns anos no Và-Vá.lhe chamavam "o alguidar de lacraus".AB

josé palmeiro disse...

O mal, nestas coisa, está no eternizar os lugares.
O João Benard da Costa, teve o seu tempo, dirão alguns, muito alargado, dirão outros que apesar de tudo não conseguiu fazer tudo o que pertendia, mas a vida é mesmo assim.
O tempo dele, na "Cinemateca", passou. Agora teremos o Pedro Mexia, como antes dele, Benard da Costa, tinhamos tido o Dr. Manuel Félix Ribeiro, grande impulsionador de toda a modernização da casa.
Faço votos para que a saúde do João lhe permita vivenciar ainda muito cinema, de que ele, e nós, tanto gostamos e que a Cinemateca continue a desenvolver um programa de acordo com oque tem vindo a acontecer, melhorando sempre, de forma a agradar a gregos e a troianos, quando isso for possível, sem trair a memória e o fascínio do CINEMA.

Anónimo disse...

Olá
sou frequentador assíduo da cinemateca e nos últimos anos também do espaço. A esplanada a que se acede subindo os 39 degraus é dos locais favoritos para meeting point. Mesmo o folheto mensal, Emiéle, é acompanhado por uma folha com toda a programação em ordem cronológica, fácil de consultar.
A única crítica que tenho é mesmo o facto de fechar aos domingos e em Agosto.
Concluindo, gosto e recomendo.

Anónimo disse...

É como diz o zorro, mas das criticas, tambem surgem novas ideias e aqui já surgiram algumas, eu estou longe, não opino

Anónimo disse...

É como diz o zorro, mas das criticas, tambem surgem novas ideias e aqui já surgiram algumas, eu estou longe, não opino a não ser dizer que todas as pessoas que fazem coisas positivas pela cultura e sua divulgação merecem aplausos

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o Pedro.
Os domingos é uma pena. A fechar que fosse outro dia.
Já o fechar em gosto, compreendo um pouco melhor. Se têm de dar férias... Afinal é um mês onde muita gente não está.

Por mim, adoro aquele espaço. Está muitissimo agradável, para além da questão do cinema.

André disse...

Tanto para dizer...
A Cinemateca é, provavelmente, o melhor espaço para ver, discutir, respirar e vivenciar cinema; verdadeira alma das imagens em movimento.
Bénard da Costa, Luis de Pina, Félix Ribeiro e, tantos, tantos outros, que mais ou menos anónimos, fizeram e fazem com que aquela casa não sucumba ao devir histórico, ao progresso ciclópico. O Bénard da Costa não é a casa, mas deu muito à casa...
Quanto à programação, é claro que cada cabeça sua sentença, mas AB, mais cinema europeu contemporâneo... e sim, aquilo é um museu de cinema, no sentido mais estrito e, como tal, há muitas décadas para revisitar (e John Ford, pois claro, o homem com a concepção visual mais apurada da, ainda assim, curta existência dessa actividade)e , nesse sentido, foi desenvolvido um trabalho altamente meritório,pleno de erudição e de cultura cinematográfica (e não só, AB).
Viva a Cinemateca!

Anónimo disse...

Bom Palmeiro uma cinemateca não é nada a mesma coisa que um Museu.E não excluo(nem poderia a menos que fosse idiota)as revisitações como tu dizes.E muito menos as homenagens.Quandoi falei do Ford fi-lo como exemplo ou metáfora,se quiseres e cinema europeu contemporaneo,passando pela dúvida que parece assaltar-te existe e em muitos casos não só é muito bom como tem a ver connosco com a cultura que nos assiste.Assentemos ideias.Não tenho nada contra o Bénard da Costa e gosto muito da Cinemateca tal como ela é.Não gostaria é que se desse aquele caso comum nas coisas vitalicias"Après moi moi le déluge" e então passa a museu.Porque (e aí divergimos)é mais do que um museu.AB

André disse...

Não tenho por hábito pôr em causa a cultura cinematográfica (ou afim) de ninguém, portanto, no que toca ao cinema europeu contemporâneo, estou razoavelmente bem documentado, só não considero condição "sine qua non" ser a cinemateca a passâ-lo (há outros e bom espaços, aliás). Quanto à expressão "museu de cinema", sinceramente, acho que faz todo o sentido, não como coisa empedernida, mas como algo a ser relembrado e, mais importante reinventado (daí, a urgência em conhecer a história do cinema, americano... e não só, claro está).
Uma última achega: De há uns anos para cá, que ambos os nomes coexistem, CINEMATECA e MUSEU DO CINEMA. Porque será, AB?

Anónimo disse...

Coexistem mas não se substituem.Porque será Palmeiro.Ouve,qt. à cultura cinematográfica-falo da minha,-vejo o que posso e tenho muita curiosidade por linguagens novas que nos digam do que vivemos hoje ( ou de como olhamos hoje coisas de há 40 ou 50 anos)e muito provavelmente não tão documentada quanto tu, porque como disse a Emiele ,logo qd. eu cheguei e estranhei 2 Palmeiros,és um especialista.Bem Hajas.AB

Anónimo disse...

Ah e preconceito em relação ao cinema americano,nenhum.Bem pelo contrário.AB

André disse...

Especialista, não sei o que isso é. Talvez um cinéfilo, que gosta demasiadamente disso para trabalhar noutra coisa. Mas, como tudo em Portugal, melhor seria não ter muitas coisas em que pensar e, talvez não me arreliar com coisas como a Cinemateca. Bem hajas!
André Medeiros Palmeiro.