segunda-feira, novembro 17, 2008

Um texto notável

Ontem, no seu blog «Estou na Sesta», José Palmeiro transcreveu um documento escrito por Mia Couto, a respeito das recentes eleições norte-americanas e fazendo um paralelo com o que poderia ser se este acto tivesse decorrido num país africano dos que ele conhece melhor.
Convido-vos a irem lá ler o texto completo, mas como aperitivo deixo só algumas frases:
[...]Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
[...] ...e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano?
[...]Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha.
[...]Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes
[...]..A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
O texto é um pouco comprido mas escrito como o Mia Couto sabe escrever, e diz verdades como punhos.
Por favor, vão à «Sesta» lê-lo todo!





9 comentários:

josé palmeiro disse...

Não sei o que dizer!
Não digo nada!
Aguardo que os outros o digam, aqui ou por lá, mas por lá, dizem que é difícil, veremos.
A mim tanto me faz, o que quero é que leiam e meditem, pois o Mia, tem toda a razão.
Para ti, um sincero agradecimento.

Anónimo disse...

Entendo que o Zé tenha «agradecido» teres roubado o post, porque foi uma propaganda ao «Sesta», mas merece.
Já lá fui ler tudo, e até nos comove.
Pobre ´África.
Pobre continente onde parece ser preciso imigrar-se para sobreviver e ter sucesso.

Anónimo disse...

Mas é importante ver que o Mia também põe a salvo as excepções.
Generalizar, é fácil e errado.

Anónimo disse...

O texto do Mia é de uma lucidez muito grande.E é um grande texto não só no sentido literário mas no sentido mais politico.Tomara a maioria dos analistas terem a acuidade que ele tem.È a diferença entre os números estatisticos e as sondagens e as respectivas analises politico-sociológicas e alguém que sabe do que fala,porque o sente.AB

Anónimo disse...

Que chatice vir a seguir à AB!!!
Vinha dizer o mesmo, mais coisa menos coisa e ela «tirou-me as palavras do teclado».

Fazia falta termos por cá alguém que fizesse uma análise destas!

Anónimo disse...

Sim, brilhante e doloroso, mesmo. custa a crer que estejamos no séc. XXI e que a humanidade - que nestas coisas nem sequer se pode escrever com maiúscula - ainda esteja neste ponto.
Calamity

cereja disse...

África.

Dizem que foi o berço da humanidade.
Mas até parece que depois se ficou lá pela infância, que não se atingiu a maturidade...
É certo que durante séculos aqueles povos foram explorados e escravizados de um modo terrível. Isso é algo de incontornável.
Que agora que já poderiam ser livres, no melhor sentido do termo, se deixem escravizar de outras formas e com outros tiranos, é um dó.

A verdade é que a economia neoliberal invade tudo, e atinge fins sem olhar a meios.

Anónimo disse...

" Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que vêm dessa parte do mundo" Muita gente devia reflectir profundamente nisto, e não acrescento mais nada

cereja disse...

Olá Kika!

De facto essa é uma das frases a fixar. Mas todo o texto faz-nos pensar

( imaginem que esta tarde alguém mo enviou por email; já anda a circular por aí, afinal; e ainda bem!!)