A segurança do conhecido
Estava ontem a conversar com uma amiga que, meio a rir meio a sério ,se queixava do marido e afirmava
«Tá velho! é que está mesmo velho! Caturra!...»
E o sinal de ‘alarme’ era não querer alterar nadinha lá em casa, mesmo coisas que podiam melhorar muito com a tal mudança. E recordou-me
«Lembras-te daquela vez, a tua mãe?..Ele está assim.»
Claro que me lembrava, e ainda nos voltámos a rir. A minha mãe estava já velhota. E tinha a sala de estar arrumada de um modo completamente não funcional. A sala era grande e tinha duas janelas, mas o local onde ela tinha o sofá e uma cadeira de balanço de que também gostava muito, ficavam na zona escura. Ao pé das janelas, estava uma mesa que só servia para as refeições, e mais umas tralhas que nunca eram usadas.
Eu, cheia de boa vontade e energia, estive uma tarde a convence-la que devia virar aquilo ao contrário – levar o sofá para onde tinha luz, junto da janela, e assim evitava acender um candeeiro mesmo de dia, e puxava a mesa para o lado mais escuro, porque para jantar teria sempre de acender a luz e ao almoço mesmo que o fizesse era por um curto espaço de tempo.
Concordou, porque tinha muito bom feitio.
De modo que eu e esta amiga, arregaçámos as mangas, e toca de empurrar móveis, enrolar carpetes e voltar a estendê-las noutro sitio, esvaziar um armário enorme com loiça, e voltar a enchê-lo depois no sítio certo, até os quadros das paredes mudaram de local. Acabámos estafadíssimas, mas felizes. A sala parecia outra, muito, mas muito melhor na nossa opinião. A minha mãe acendeu um cigarro, sentou-se no sofá, e olhou em redor. Depois suspirou, e pediu com bons modos
«Desculpem, mas voltem a pôr tudo como estava dantes!»
Íamos morrendo!!!!
Segundo a minha amiga, o marido está na mesma. Ela muda um candeeiro de sítio, quer comprar um sofá novo que o que tem está a cair de velho, quis trocar as cortinas e foi uma guerra que ainda não acabou. Que não se sente bem com as coisas de outro modo.
O grave é que ele tem menos 20 anos do que tinha a minha mãe!!!! E eu, que adoro mudar as coisas de sítio, fico a pensar se aquilo será mesmo velhice ou feitio...? Será que eu ainda gosto de "brincar às casinhas"?...
Mas oxalá eu não me torne assim, que deve ser chato p’ra caraças!!!!
«Tá velho! é que está mesmo velho! Caturra!...»
E o sinal de ‘alarme’ era não querer alterar nadinha lá em casa, mesmo coisas que podiam melhorar muito com a tal mudança. E recordou-me
«Lembras-te daquela vez, a tua mãe?..Ele está assim.»
Claro que me lembrava, e ainda nos voltámos a rir. A minha mãe estava já velhota. E tinha a sala de estar arrumada de um modo completamente não funcional. A sala era grande e tinha duas janelas, mas o local onde ela tinha o sofá e uma cadeira de balanço de que também gostava muito, ficavam na zona escura. Ao pé das janelas, estava uma mesa que só servia para as refeições, e mais umas tralhas que nunca eram usadas.
Eu, cheia de boa vontade e energia, estive uma tarde a convence-la que devia virar aquilo ao contrário – levar o sofá para onde tinha luz, junto da janela, e assim evitava acender um candeeiro mesmo de dia, e puxava a mesa para o lado mais escuro, porque para jantar teria sempre de acender a luz e ao almoço mesmo que o fizesse era por um curto espaço de tempo.
Concordou, porque tinha muito bom feitio.
De modo que eu e esta amiga, arregaçámos as mangas, e toca de empurrar móveis, enrolar carpetes e voltar a estendê-las noutro sitio, esvaziar um armário enorme com loiça, e voltar a enchê-lo depois no sítio certo, até os quadros das paredes mudaram de local. Acabámos estafadíssimas, mas felizes. A sala parecia outra, muito, mas muito melhor na nossa opinião. A minha mãe acendeu um cigarro, sentou-se no sofá, e olhou em redor. Depois suspirou, e pediu com bons modos
«Desculpem, mas voltem a pôr tudo como estava dantes!»
Íamos morrendo!!!!
Segundo a minha amiga, o marido está na mesma. Ela muda um candeeiro de sítio, quer comprar um sofá novo que o que tem está a cair de velho, quis trocar as cortinas e foi uma guerra que ainda não acabou. Que não se sente bem com as coisas de outro modo.
O grave é que ele tem menos 20 anos do que tinha a minha mãe!!!! E eu, que adoro mudar as coisas de sítio, fico a pensar se aquilo será mesmo velhice ou feitio...? Será que eu ainda gosto de "brincar às casinhas"?...
Mas oxalá eu não me torne assim, que deve ser chato p’ra caraças!!!!
13 comentários:
Guardei o comentário deste post para o fim, que tem mais que ler e é engraçado.
Ai, Emiéle, imagino a vossa cara!!!!
Eu acho que todas as mulheres gostam de brincar às casinhas, sim senhor! Mas qual o mal?! Eu até fico beneficiado... Também gosto de mudar de aspecto de vez em quando.
Está bem observado, e tem um pouco a ver com a idade.
Tenho reparado nisso, as pessoas um pouco mais velhas precisam de sentir as suas referências nos «sítios do costume». Não digo que não melhorem a casa (como parece não querer fazer o marido da tua amiga) mas tem-se mais conforto em encontrar tudo onde costuma estar.
Eu entendo.
Olha, sem ir muito longe, fico bem irritada quando nos supermercados mudam tudo de sítio!!!
Parece que fazem isso para os clientes repararem noutros produtos que nem «viam» quando a coisa estava arrumada sempre do mesmo modo. mas a mim irrita-me tanto que tenho deixado de ir a alguns deles, quando fazem essas «arrumações».
Prefiro ir a outro onde comece a conhecer tudo de novo!
Bem, mas isto não quer dizer que na minha casa não goste imenso de mudar algumas coisas de sítio.
Brincar às casinhas, como dizes...
LOL!!!
E a tua mãezinha fumava?!
A cena está óptima!
Parece um quadro de revista.
Eu acrescentei isso do «brincar às casinhas» já no final, e acho que foi uma cedência ao A. o tal marido da minha amiga.
ela (que também tem muitíssimo bem feitio) diz que se procura lembrar sempre que a casa também é dele e levar as suas opiniões em conta.
Mas...
Eu que os conheço, sei que o gosto dela é excelente, e o dele o mais piroso que imaginar se possa!!!
Essa mudança que fizeste à tua mãe, já a fiz eu na minha casa "ene" vezes,dado a sala ser grandinha ,mas em formato L, e com luz directa só de um lado. Brinco muito as casinhas, mas olha que nem todas as mulheres o fazem.Tenho amigas muito conservadoras que gozam comigo, porque têm a casa quase igualzinha, como quando se casaram e não foi assim ha tão pouco tempo.Adoro mudanças,não me considero nada monótona e acho saudavel,mas há quem considere instabilidade, etc, etc
Apesar da idade, ainda gosto de fazer mudanças e parece-me que raro o dia em que tal não acontece. Fazer, já não é com a celeridade que era dantes, as articulações já vão doendo, ao fim de algum esforço, mas não me canso de mudar e agora mesmo estou eu, em vias de sair de Loulé para ir viver para Faro, vendendo o apartamento que aqui tenho e alugando um na capital algarvia. Depois será continuar no vai vem do costume, Açores / Algarve, e nessas viagens, só não mudo de companhia porque o monopólio TAP/SATA, não há meio de permitir voos low-cost.
Sem-nick - a minha mãe fumava sim. E eu ralhava. E ela escondia os cigarros. E eu descobria-os e ralhava. Eram umas cenas cómicas...
(e nunca teve problemas por isso, a gente às vezes nem sabe...)
Kika, tens razão, há gente nova que também gosta de muita 'estabilidade' - por isso chamei ao post a Segurança do Conhecido - que se sente mal e insegura quando as coisas mudam. E pessoas nada novas que têm 'bicho carapinteiro'! Mas o caso que contei aqui, deste A, marido da minha amiga, tem alguma coisa a ver com a resinguice que às vezes vem com a idade. Porque dantes não era tanto assim.
E é faz rir porque de facto o gosto dele é de fugir. Quando se mete a «decorar» era melhor não o fazer. Um famoso candeeiro com que apareceu em casa uma vez era o objecto mais feio que eu alguma vez vi!!! O kitsch, mais kitsch que se possa imaginar! Parece que «acidentalmente» se partiu graças a Deus!
Zé, basta essa coisa das viagens para se ver que te pula o pé para as 'mudanças', até de terra
Eheheheh!!!
Pode ser que essa coisa da idade acentue as características. Tenho observado isso.
Mas para mim, só 'acentua' o que já existe. Há pessoas que se sentem confortáveis no seu ninho pessoalíssimo, tal como o imaginaram, e dali não saem.
outras, pelo contrário, estão sempre em movimento, e odeiam a rotina. Conheço bem os dois tipos.
O complicado é, como ni caso que descreves, um tipo casa com alguém do outro. Ai, ai, ai...
:)
lol!!!
O Raphael, há tempos que não passava por cá! (isto é mesmo uma comunidade...eheheheh!)
Olha, o que a Emiéle aqui disse não me parece que o caso da mãe dela fosse de alguém que não aceita mudar nada. A verdade é que até concordou com a mudança, e se a filha achasse que ela era desse tipo 'imobilista' nem lhe tinha proposto nada! E o outro tipo, o , marido da amiga também não deve ter sido sempre assim , ou a mulher não dizia que ele estava «velho»!
Mas, tens razão, há quem assim seja desde novo!
A casinha de bonecas está uma delícia! Até apetece brincar...
Eu não era assim muito de brincar às casinhas, Gui, se calhar por isso acho piada às casas a sério :)
E o sem-nick tem razão, Raphael (de facto não comentavas aqui há uns tempos!) nestes dois casos, eram pessoas 'normais' que com a idade 'cristalizaram'...
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