sexta-feira, novembro 28, 2008

Netos únicos

Todos crescemos a ouvir falar em «filhos únicos» e nos benefícios ou malefícios de se ser «filho único».

Quando eu era criança quase todos os meus amigos tinham um irmão ou dois. Claro que havia famílias em que esse número aumentava e também havia alguns filhos únicos, como foi o meu caso. Mas o mais «normal» era ter-se um irmão. Os pais gostavam de ter «um casalinho» como se dizia, e se primeiro nascia um rapaz depois desejava-se uma rapariga “para ajudar a mãe”, ou se vinha primeiro uma menina, faziam figas para que o segundo fosse varão para continuar o nome...
Onde isso vai!...
Cada vez mais se foi reduzindo a prole e hoje olho à minha volta e vejo uma percentagem grande de filhos únicos.
Claro que essa velha questão de que os filhos únicos têm mais mimo ou são mais caprichosos, pode ter um fundo de verdade - afinal não precisaram de partilhar coisa nenhuma quando eram crianças – mas também é bem exagerado. Tudo depende da atitude dos pais e da personalidade do filho.
Só que agora, tenho reparado num outro fenómeno. É esses ditos filhos únicos por sua vez ‘acasalaram’ e têm um rebentinho que é o «neto único» de 4 avós babados...
Aí é que a porca torce o rabo, ou seja, aí é que vem o excesso de mimo, porque quando não vem de um lado, há-de vir do outro.
Ainda a semana passada, a minha empregada me contava que a sua «neta única» a quem ela, cheia de carinho, tinha comprado uma qualquer peça de vestuário lhe tinha respondido «Eu, avó?! Vestir isso?.... Nem morta! Ouviste? Nem morta!...» A pespineta tem 5 anos, e a avó vinha ver se lhe davam o dinheiro na loja, para procurar outra coisa ao gosto da cachopa.
Mas conta-me tudo isto a rir «Imagine o feitio dela... sabe muito bem o que quer: nem morta, imagine-se...».

São outros tempos, lá isso...

12 comentários:

Anónimo disse...

Aproveito esta dos netos para em primeiro lugar achar que o Palmeiro tem uma neta liiiiiiindérrima e que tem toda a razão para estar babado(desde que não babe para as migas-gatas que desde já agradeço imenso.Bela foto mais uma vez).Quanto ao tema do post propriamente dito tb. sempre se disse que uma das vantagens dos avós era poder "deseducar".AB

cereja disse...

OK, mas não era preciso tanto!!!
Essa visão era do tempo em que os
pais 'educavam'.
Como agora eles também não educam, 2 mais 4 faz 6 adultos a
'deseducar' um puto.

Pobre puto.

cereja disse...

E o tal exemplo (verdadeiro) da minha mulher-a-dias, que quando vai buscar a neta à escola tem de lhe levar uma prenda nova.
Quando estranhei, encolheu os ombros -oh, são coisitas sem valor.. - e a miúda já exige a tal prenda diária!

Anónimo disse...

Essa foto retrata na perfeição o mimo a birra e até a má educação.
Detesto ver uma criança assim e hoje em dia proliferam, por culpa mais dos pais, pois os avós não têm que fazer muito,embora por vezes devessem dar uma ajuda nessa área de educar.Mas como tambem não educaram muito bem os filhos colhem um pouco do que semearam. Actualmente parece-me que estas atitudes não têm tanto a ver , com o facto de serem unicos,mas sim com a sociedade num todo,embora os unicos sejam mais bafejados por essa pouca sorte!!!

Anónimo disse...

É um pouco a «pescadinha de rabo na boca»...
Como disse a Kika, os pais dos meninos já foram educados por estes avós... mal! Já eles mesmo não tiveram lá muitos limites. Não os dão aos filhos. e os avós vão na onda...
Aliás estes avós super-tolerantes foram exactamente esses pais também demasiado tolerantes da geração que censuramos - do tudo e já!

Anónimo disse...

Mas sabes que a história da tua empregada reforça uma coisa que tenho constatado há uns tempos:essa do "ter","consumir"quanto mais baixa é a classe economica e social mais o fenómeno se aplica....AB

josé palmeiro disse...

Vou responder a este escrito, pegando nos dois comentários da AB.
No primeiro para agradecer o que lá vem dito dobre a minha neta, que não é única, tem dois irmão mais velhos e para a descançar pois uso babete, daqueles que têm um recipiente, para recolher a baba, quando estou à cozinha.
Quanto ao segundo, para concordar, como que ele diz, na totalidade.
Referir também o comentário da Kika, que tem toda a razão no que afirma.
No meu caso, direi que, como estamos longe, sempre longe, quando nos encontramos e porque as relações são abertas e descomprometidas, estamos sempre a frisar aos pais, nossos filhos, a necessidade de usar os travões, de criar disciplina, qb, para que as coisas flutuem, sempre, ao sabor das ondas, sem afundanços que só pioram as coisas. Mas essas coisas dos mimos e das vontades, às vezes surgem sem querer, vidé o caso do meu neto, que fracturou o fémur, com dois anos de idade e que esteve duas semanas no hospital e sete engessado, de uma forma incrível. Como não, fazer vontades e acomula-lo de mimos?
Depois , isso sim, há que fazer o desmame dessas situações.

Anónimo disse...

É realmente verdade, AB. Gostaria que um sociólogo ou psicólogo me explicasse quais os mecanismos dessa coisa. Uma «revanche» por aquilo que eles não tiveram em criança???

De qualquer modo, lá que a natalidade tem baixado, é gritante - o Palmeiro com 3 filhos e já com 3 netos, não é a regra - hoje haver 2 irmãos corresponde ao caso de há 50 anos haver 4 ou 5 (também havia, heim!)
E não sei se isso faz com que se trate essas crianças com mais mimo e mais cedências.

Anónimo disse...

Ainda volto porque me lembrei de uma coisa a propósito do bisnico da neta da tua mulher a dias que afirmava que «só morta vestia aquilo que a avó lhe tinha comprado».
A verdade é que dantes (no meu tempo) muitas e muitas vezes «herdávamos» a roupa das irmãs mais velhas ou até primas. Quando se é único - filho ou neto - não se herda de ninguém, temos sempre coisas novinhas. Isso acentua o facto de sermos umas «excelências», de tudo nos ser devido.
Aprender a partilhar não é fácil!

Anónimo disse...

Este post acaba por ser uma espécie de continuação do de 4ª feira, sobre os que batiam nos pais.
É ainda educação.Eu sendo daquelas que acha que não existe isso do «mimo a mais», é sempre bom haver mimo seja até em que idade for, também me parece que o excesso de prendas não é nada vantajoso, até porque nem se liga muita ao que se recebe.
Tenho experiência de situações como o que diz a AB - pessoas de muito poucas posses, andam permanentemente a oferecer aos seus filhos ou netos tudo e mais alguma coisa. Como se isso fosse muito importante.
E os putos depois habituam-se a essa torneira sempre a pingar e nem dão importância à coisa.

Anónimo disse...

O pior não é o excesso de mimo dos petizes, nem os seus caprichos. Isso acaba quando se virem confrontados com a vida que não lhes dá mimo. O pior é o facto de haver um neto para, daqui a alguns anos, se tiver emprego, descontar para quatro reformas. Desculpem-me os pais que não tem filhos ou só têm um, mas quem vai pagar as nossas/vossas reformas?

cereja disse...

Aqui Lucinda teremos algumas divergências mas não dá para uma resposta curta, sobretudo ao fim-de-semana quando passo por aqui de fugida.
O «acaba quando se virem confrontados com a vida que não lhes dá mimo» devia ser assim mas... Muitas vezes, as opções são más. Ou se deprimem (e falo com conhecimento de causa) ou começam a agredir a sociedade que 'não lhes faz as vontades'.
E isso das reformas é um tanto complicado e antes de chegar a essa fase terão de ter emprego, coisinha que, como está na cara, anda a ser muuuito complicado.