sexta-feira, novembro 14, 2008

Lá vão os anéis

...para salvar os dedos.

Segundo uma reportagem do Expresso, ficamos a saber que Portugal é hoje em dia o melhor país na Europa para se comprar ouro e jóias em segunda mão.
A descrição da compra, por uma firma londrina (The Gold Shop of London) das jóias que famílias portuguesas com a corda na garganta andam a vender, é impressionante. Estes comerciantes preferem comprar à classe média-alta e alta da Linha do Estoril (!!!) - não é o cordão da bisavó, que passou para as mãos da avó, e foi herdado pela mãe, e vai para os penhores. É outra classe. São anéis de diamantes, gargantilhas, ou relógios de ouro que vão dar para pagar ao hospital ou o colégio dos filhos.
"Vou ser sincera: prefiro levar o carro à revisão do que ter essas jóias em casa" diz alguém.
Para onde foi a «classe média»?
Ou, até a «média-alta»?


9 comentários:

Anónimo disse...

Por um lado a gente tem tendência a não ter assim muita pena desta classe que ainda tem os filhos em colégios e carros para serem 'revistos', mas lá que é sintomático, não podia ser mais!
E a leitura da reportagem é chocante!
Porque o que se vê é que vendem por tuta e meia. um anel daqueles a ser comprado numa joalharia pediriam 10 vezes mais!

Anónimo disse...

Dizes bem King, "a ser comprado numa joalharia".Mas e a ser vendido?Tudo o que tenha "pedras" desce que nem queiras saber...e se o ouro tiver trabalho ,que na altura da compra é extremamente valorizado, na altura da venda é para "reciclar",como se diz muito ecologicamente agora.Não é a 1ª vez que acontece a "invasâo inglesa" na compra de ouro e objectos ditos de antiquariado em alturas de crise.E não são só peças inteiras,familiares.São peças desirmanadas como brincos sem par ou de tal maneira datadas que a remodelação da peça para a modernizar é um custo imenso.Portanto tanto é Cascais e Estoril(que tb.tem o Bairro do Pai do Vento e outros, que se calhar aproveitarão esta forma de realizar "Dinheiro vivo" a uns pilhançozitos realizados por aí)como o tradicional cliente do "prego ", de que já ninguém fala ,mas que continua a existir(a própria CGD fazia "emprestimos sonbre penhores"). Para os ingleses deste negócio a razão é simples:o ouro português chamado de "lei" é de muito boa qualidade e pureza.E depois o preço mundial do ouro baixou extraordinariamente, logo é altura de comprar.No capitulo "ouro" o que terá um valor independente do peso é, por ex., as moedas.E há por aí muita colecção, curiosamente de libras inglesas de "cavalinho" ou Rainha Vitória porque havia o hábito de ,prevendo tempos dificeis,se presentearem crianças no seu aniversário e outras datas festivas com uma.Assim ao longo da vida iam tendo uma poupança(como há quem faça com os certificados de Aforro).Em Inglaterra essas colecções de moedas já atingem valores muito consideráveis e, muitas vezes, quem as vende aqui não está a par das quotações porque são preços já de coleccionosmo.AB

Anónimo disse...

O anonimo sou eu .Sempre que o comentário é grande o meu PC censura e não assume o nome.Coisas...AB

josé palmeiro disse...

Oh! AB, de que tu te foste lembrar, a secção de penhores da CGD! Como me recordo e que maravilhas eles por lá tinham de que, depois, faziam leilões.
Bem, mas retornando ao escrito e aos links, estou como o King, chocado com a reportagem, a tal ponto que a não consegui ler, até ao fim. Pior que a crise, em que se vive é a crise moral a que estas coisas levam.

Anónimo disse...

Dá muito que pensar!

Como a AB lembra, a venda é bem diferente da compra. Mesmo as ourivesarias que têm uma secção de segunda mão, as coisas que lá se v~em são uma parcela do que custa «em primeira mão», porque exactamente como ela lembrou, o que é valorizado quando compramos é 'o trabalho', e depois vende-se «a peso». Um dó!!!
Já passei por isso.
Já pus umas coisas no prego, que depois levantei quando tive dinheiro, mas houve alturas onde tinha mesmo de vender, e fiquei aparvalhada com aquilo que me ofereceram. Confesso que vendi uns anéis (exactamente, eram mesmo aneis!) mas hoje estou bem arrependida.

Anónimo disse...

Antes da recessão anunciada chegar, já chegou a depressão a muitos lares. Mete dó as pessoas venderem bens preciosos, que têm vida , tantas emoções , que eu acho de deveriam ficar sempre na familia, mas crise é crise,sei, tenho pena e oxalá nunca venha a precisar de o fazer

cereja disse...

Tal como a Mary já experimentei as duas coisas. Há uns valentes anos, empenhei «as pratas da família». Por acaso, foi para valer a um casal amigo, que estava numa aflição e a quem eu não podia valer, por não ter nem um tostão de lado. Portanto a solução foi ir prego e deixar lá o que tenha de valor até esses amigos resolverem o aperto em que estavam - depois logo se levantou a 'cautela'.
Anos mais tarde, noutro 'aperto' mas esse de ordem pessoal, decidi através de uma senhora conhecida vender também dois anéis e uma pulseira, herdados. Hoje estou arrependidíssima. O que recebi foi uma ninharia, e mais tarde até como prenda, seria uma prenda formidável! São asneiras que só depois reconhecemos.


Quanto a esta situação, faz impressão porque realmente se fala que recorrem a esta solução pessoas que não se imaginava que o fizessem. E além disso,é muita, muita gente! Dizem ali «250 pessoas em apenas quatro dias» o que é impressionante, e a descrição é de filas de gente que esperam horas e horas... Para receberem 10% do dinheiro que deram quando a jóia foi comprada!...

cereja disse...

Ah, esqueci-me de dizer, que sabia que o «nosso» ouro era de boa qualidade, porque isso era muito citado quando estive em Macau. O oiro das jóias de lá, era mais amarelo e parece que tinha menos 'quilate', ou como é que isso se chama
:)

Anónimo disse...

Vocês prestaram atenção ao vídeo que vem no fim do artigo...? A pessoa vai vender aqui (que o próprio comprador diz que é muito bonito e até merecia mais!) para pagar a conta do Hospital!!!!!
Oh SNS!
Oh, Direito à Saúde (da Constituição)...

É que no caso em questão nem é para o colégio dos filhos, ou a revisão do carro (que podiam ser coisas supérfluas) ela diz que é para a caução do Hospital! Onde a gente já chegou.