quinta-feira, outubro 16, 2008

Verde que te quero verde

Ontem o Jornal «O Metro» era verde.
Pelo menos o exemplar que me veio ter às mãos. Eram umas 20 páginas esverdeadas, onde todas as notícias que lá vinham estavam relacionadas com a ecologia e seus derivados.
Na primeira página referia a notícia de que eu também aqui falei, que «os automóveis e equipamentos domésticos de energia renovável vão dar mais abatimento no IRS» e por ali fora era tudo no mesmo sentido: ideias para poupar, como transformar óleos domésticos em velas coloridas e perfumadas, que a EDP caminha para um futuro mais sustentável, Hollywood vestida de verde, e até o anúncio de página inteira da última folha era sobre um esquentador que funciona a energia solar.
Muito bem. Motivador.
Guardei-o na minha carteira, para o ler com mais calma ao chegar a casa mas, antes de subir as escadas abri a caixa do correio. Tinha lá 3 gordos envelopes. Um da PT, outro da EPAL, e outro do meu Banco. Como a minha bolsa é de tamanho médio já lá não consegui meter aquilo tudo.
É que cada um dos sobrescritos, para além do que seria indispensável e se resumia a uma folhinha em cada caso, trazia folhas e folhas de informações inúteis, publicidade completamente dispensável, e até mesmo o verso de algumas páginas tinha o aviso «esta página foi propositadamente deixada em branco» (devia ser para eu aproveitar e tomar ali apontamentos que precisasse....)
Quanto ao Banco, pode estar em crise, e a verdade é que o extracto só mo envia de 3 em 3 meses, mas quase todas as semanas recebo cartinhas amorosas a publicitar produtos que eles imaginam serem indispensáveis ao reforço da minha conta. O certo é que depois de ler aquilo, guardei duas folhinhas num dossier (já pedi se me passavam a enviar estes dados por email, para ficar com mais espaço em casa) e o resto da papelada, aí umas 7 folhas mais os respectivos envelopes foram para o saco da reciclagem do papel.
Mas há mais.

No fim-de-semana tinha passado por uma loja de móveis onde comprei uma mesinha, pequenininha, tipo 'mesinha-de-café' que na altura não pude trazer porque não tinha levado carro. Mas aquilo ficou comprado e pago. A comprovar tinha 3 folhas de papel A4, uma que dizia 'ordem de venda, outra 'recibo' e outra descrevia o material que eu tinha comprado.
Ontem passei por lá, deixei o carro com os 4 piscas ligados que aquilo é mau para se parar, e numa corrida avancei para a loja na intenção de agarrar na mesa que pensei estar logo ali à porta e a meter no carro.
Isso julgava eu! O senhor que me atendeu declarou que eu tinha de ir lá ao fundo da loja, falar com uma colega que ia imprimir mais um documento. A senhora lá tratou do caso e mandou-me de volta para a entrada, onde o outro colega me deu em mão mais duas folhas A4 - era o recibo definitivo, que o outro afinal não servia (mesmo estando tudo pago). Perguntei pela mesinha e tive de ir duas portas à frente, ao armazém, onde outro tipo olhou para aqueles papeis, e me fez assinar mais outro que tinha lá, antes de ir buscar a famigerada mesinha.

Como a compra que fiz foi de um produto em saldo, tinha pago menos de 10 €... Quanto papel e tinta se terá gasto nesta importante transacção????
Muitas vezes quando oiço falar em ecologia, parece que é uma brincadeira.
Só o papel inútil que eu ontem guardei para reciclar já era um raminho de uma árvore!



12 comentários:

Anónimo disse...

Este post está comprido mas realmente eu assinava por baixo.
tal e qual.
O desperdício parvo de papel que se faz - e até entidades importantes - não dá para se entender.
De papel e não só. Essas cartas que recebes ou pagam selo ou têm porte pago o que quer dizer que pagam por junto. Mas andam a dar trabalho aos correios... para quê?!
Eu prefiro que me mandem as facturas por net.

josé palmeiro disse...

Já tudo foi dito e escrever mais é chover no molhado.
Subscrevo o escrito e o comentário do King.

Anónimo disse...

Tambem subscrevo, então a quantidade de porcaria que os bancos mandam irrita-me particular mente. Está bem vista quem paga. De positivo:facilitar aquisição de carros. Acho de longo alcance social.

Anónimo disse...

É verdade, é.
A quantidade enorme de papel que se recebe por correio e vai de imediato para o lixo é revoltante.
E o raio dos Bancos, como dizes, fazem-se esquisitos para mandar o extracto (só trimestral e é com sorte!) mas passam o tempo a impingir coisas que eu não quero nem preciso.
Não é só s aplicações, são mesmo «coisas», medalhas, selos, porcelanas, computadores, faqueiros...
Oh que raiva!

Anónimo disse...

Essa loja que te 'oferece' sete folhas de papel A4 por uma compra de menos de 10€ é fantástica. Podes aproveitar a parte de trás para o rol das compras ou recados para a família...
(mas acredito piamente, porque sei de muitos casos assim; e papel impresso com várias cores para fazer vista e gastar-se tinta, já que os tinteiros são baratos...)

cereja disse...

o post ficou realmente um bocado comprido para o meu gosto mas quis dizer várias coisas de uma vez só e uma encadeava na outra...

É que essa questão do poupar, ambientes ecológicos, etc e tal, é muito correcto mas «bem prega Frei Tomás». Até essa coisa dos jornais gratuitos, deviam colocar ao lado dos expositores de onde se tiram os que vamos ler, uns depósitos para os que já estão lidos. Porque dado o nosso conhecido civismo, a malta atira aquilo para o chão, e é um espectáculo lastimável!
Quanto à papelada inútil que recebemos, desta vez apeteceu-me desabafar, mas todos os dias vocifero com aquilo que recebo! O que despejo no ecoponto azul todas as semanas, vocês nem imaginam....
Para quê????

saltapocinhas disse...

eu tenho assim a modos que um ódio visceral a estes dsperdícios.
(esse é um dos motivos também porque detesto a minha ministra! nem calculas a quentidade de papel que se estraga em inutilidades, em coisas que não servem para NADA!!)

eu só gostava de recber em dinheiro o equivalente ao que se desperdiça em papel, em portugal, por dia!
ficava multimilionária!!

cereja disse...

É que é mesmo desperdício!
Eu até considero que se devem registar bastantes coisas. OK. o que está registado dá-nos segurança, fica ali para sabermos que se fez, como e quem o fez. Só que não é preciso tanta cópia, tanta 2ª via, tanta treta! Ainda por cima agora que há computadores...! das sete folhas de papel A4 da minha famosa compra, bastava uma folhinha de um palmo que fosse o recibo. Mainada!

Anónimo disse...

É engraçado que neste comentários todos (e foram muitos) referiram o mais importante, é claro, mas ninguém falou do poema do Lorca.
«Romance sonâmbulo»
Belíssimo como toda a sua poesia.

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.

.... etc
Apeteceu-me falar disso.
É que gosto quando deixas de vez em quando um poema por aqui, e hoje tinha calhado bem.
:)

cereja disse...

Olá Gui!

Eu realmente deveria ter posto aspas no título do post, não é?
Ficou um pouco snob, como se toda a gente tivesse obrigação de conhecer bem a poesia.
Tens razão.
E vou passar a deixar aqui mais vezes poesias, sim. É uma boa ideia.

Tem piada como o 'verde' aparece assim em poemas. também temos o

«Lembro o seu vulto, esguio como espectro,

Naquela esquina, pálido, encostado!

Era um rapaz de camisola verde,

Negra madeixa ao vento,

Boina maruja ao lado....»
que até deu para cantar...

Alex disse...

vim apagar a luz e despejar os cinzeiros...

Não te telefonei porque caí para o lado a dormir; quando re-acordei já não eram horas decentes

Estás agendada.

beijo

cereja disse...

Pois é Alex, minha tardia amiga, tu e a Saltapocinhas atrapalham a ideia feita que tenho de que quem me lê passa por aqui obrigatoriamente de manhã... Talvez a maioria o faça, mas há pelo menos estas duas famosas excepções.

Sabes que a Saltapocinhas é professora e, por tudo o que sei dela, o rigoroso oposto do exemplar de que falámos.