segunda-feira, junho 23, 2008

Vamos comparar

Já se sabe que, se por um lado se diz que ‘números são números’, quando se quer afirmar qualquer coisa como «contra factos não há argumentos», também é verdade que os números em si dizem pouco se não forem interpretados, e nessa interpretação pode existir a manipulação que se quiser fazer.
Digo isto porque até num site do Ministério das Finanças, vem um "Estudo Comparado de Regimes de Emprego Público de países europeus" onde se confirma que, contra a opinião muito martelada pelos governos, e aceite sem grande contestação por muita gente, Portugal não é um país que tenha mais funcionários públicos do que a média de 10 países europeus. Sobretudo países dados como exemplo em muitas coisas Suécia, Irlanda, Finlândia, França, estão acima de nós nesse campo, o resto iguala-nos, e apenas Alemanha e Espanha têm percentagens mais baixas.
Quer isto dizer que quem anda a fazer mal o trabalho de casa, é o governo. Os vários, que esta questão é velhíssima. O que lhes competia fazer era a tal reforma da administração pública a sério, e ‘arrumar a casa’. Distribuir convenientemente as pessoas, estudar onde eventualmente possam estar a mais e colocá-las onde estão a fazer falta.
Mas esse trabalho continua por fazer.
É mais fácil simplesmente cortar, ou passar para o privado a responsabilidade que não se quer aceitar e manter a confusão.

5 comentários:

Anónimo disse...

Essa «arrumação da casa» ninguém se dispõe a fazer. Neste momento joga-se com o medo, o passar tudo para eventuais, tudo a depender do humor do chefe, quem não está bem que se mude, e quem sente o emprego em risco perde todo o sentido de camaradagem.
Quando o limão estiver espremido, avança-se para o neo-liberalismo puro e duro. O estado fica reduzido ao seu esqueleto, e por absurdo, com uma desproporção entre lugares cimeiros e de chefes e assessores com a arraia miúda.
Belo panorama.

Anónimo disse...

É sabido que o que se deseja é o «sol na eira e a água no nabal».
Muito bem. Lá esses países do norte têm uma boa resposta social, mas pagam muitos impostos. Até se queixam disso.
Nós cobiçamos o seu estilo de vida, mas queríamos também as vantagens (???) do bom do capitalismo. O resultado está à vista, vivermos num país onde mais se notam as desigualdades sociais.
E não venham com a conversa de África, ou América Latina, a gente vive na Europa, gaita!!! Há quem viva pior? A gente sabe, mas para quem vive no Primeiro Mundo o que se vê é mesmo muito mau.

josé palmeiro disse...

Gostei da análise do King.
Só me permito acrescentar que, ninguém mexe, ou quando mexe, mexe mal, porque os lugares têm sido preenchidos ao sabor do cartão partidário, o que dificulta a arrumação. Depois, a luta do poder, via votos, tem que estar bem oleada, com gente que se demite do seu poder de decidir e vai pelo caminho mais fácil, de dar o voto ao primeiro que lhe promete emprego. Com este panorama, que vai querer arrumar?
Por fim, comparar-mo-nos com outros, bem, nem é bom pensar nisso, nós, somos incomparáveis!

Anónimo disse...

E eu gostei do labirinto das escadas que não levam a lado nenhum!
Boneco bem achado!!!!
(para este post, é claro!)

cereja disse...

Obrigada, sem-nick!
É isso, King, vai-se reduzindo ao mínimo as obrigações do Estado em todos os sectores, Saúde, Educação, Transportes, Justiça (não se fala em prisões 'privadas'?).
Quando não houver nada para Governar, o dito deixa de ter razão de existir - para que se precisa de Governo?...