Recordações com pássaros
Quando escrevi o post sobre as diversas Lisboa que cabem na grande e falei nos famigerados pombos, de pensamento em pensamento, ou de passarinho em passarinho, veio-me à memória uma recordação da minha infância. (Seria uma história que podia caber no «Caderno de Capa Castanha» mas agora não me apetece reabri-lo)
Eu era bastante pequena. Aliás pelo desenvolvimento da história vão ver que só podia! Estava de férias na casa dos meus avós, numa aldeia do Alentejo. E um amigo, talvez um pouco mais velho, tinha apanhado dois passarinhos – não faço a menor ideia como!!! – e veio oferecermos.
Fiquei contentíssima. Era um brinquedo vivo. Fiz-lhe muitas festinhas, explicaram-me que tivesse cautela com as festas para não os magoar e não consigo recordar se os teriam posto numa gaiola improvisada (?) ou coisa assim. O que se segue é que, satisfeita com o meu brinquedo novo, fui para a janela do meu quarto, no primeiro andar da casa e levei-os comigo.
Às tantas, ou porque me chamassem, ou porque pensasse em fazer outra coisa, afastei-me. Quando voltei à janela, não vi os passarinhos.
Desci a correr, e fui procurar debaixo das janelas do meu quarto.
-«O que estás a fazer, ‘Lezinha’???» perguntaram-me.
-«Os meus passarinhos! Caíram à rua. Se calhar magoaram-se», e lembro-me bem da minha angústia no momento.
Grande risota, e eu parva com tanta insensibilidade. Sim, aquilo era alto para uma coisa tão pequenina como os pássaros caírem!!!
-«Cairam? Mas onde é que eles estavam?»
-«À janela»
-«Achas que não fugiam?»
-«Não, que eu atei uma linha às patas. Se calhar tropeçaram e por isso é que caíram», eu cheiinha de remorsos.
Lá fiquei meio desapontada mas feliz quando me foi convenientemente explicado que eles simplesmente tinham batido asas e ganho a liberdade.
Eu era bastante pequena. Aliás pelo desenvolvimento da história vão ver que só podia! Estava de férias na casa dos meus avós, numa aldeia do Alentejo. E um amigo, talvez um pouco mais velho, tinha apanhado dois passarinhos – não faço a menor ideia como!!! – e veio oferecermos.
Fiquei contentíssima. Era um brinquedo vivo. Fiz-lhe muitas festinhas, explicaram-me que tivesse cautela com as festas para não os magoar e não consigo recordar se os teriam posto numa gaiola improvisada (?) ou coisa assim. O que se segue é que, satisfeita com o meu brinquedo novo, fui para a janela do meu quarto, no primeiro andar da casa e levei-os comigo.
Às tantas, ou porque me chamassem, ou porque pensasse em fazer outra coisa, afastei-me. Quando voltei à janela, não vi os passarinhos.
Desci a correr, e fui procurar debaixo das janelas do meu quarto.
-«O que estás a fazer, ‘Lezinha’???» perguntaram-me.
-«Os meus passarinhos! Caíram à rua. Se calhar magoaram-se», e lembro-me bem da minha angústia no momento.
Grande risota, e eu parva com tanta insensibilidade. Sim, aquilo era alto para uma coisa tão pequenina como os pássaros caírem!!!
-«Cairam? Mas onde é que eles estavam?»
-«À janela»
-«Achas que não fugiam?»
-«Não, que eu atei uma linha às patas. Se calhar tropeçaram e por isso é que caíram», eu cheiinha de remorsos.
Lá fiquei meio desapontada mas feliz quando me foi convenientemente explicado que eles simplesmente tinham batido asas e ganho a liberdade.








9 comentários:
Chego tarde e a más horas mas pelo que reparo, deixaste há muito pouco tempo este post que podia estar em "intimidade" ou no "era uma vez...", não é?
Claro que sorri.
Estou a ver com facilidade, uma cachopinha citadina, de laçarote espetado na cabeça, interessada pelo mundo que vê, mas... bichos só de peluche!
Calculo bem a galhofa que o amigo que tos veio dar, deve ter feito quando soube que tinhas preso uma linha à pata como se fosse um cão!!!
Emiéle, só de ver a foto senti um nó aqui na garganta...
Que recordações!!!!!
E a tua história, tão bem contada, veio avivar muitíssimo.
m.n., já sintetizou o meu pensamento.
A Mary, fala de "cachopinha citadina", tem alguma razão, mas naquelas idades e então se recuarmos no tempo, naquela altura, não seria bem assim.
Comigo, passou-se um episódio, que até poderia dizer semelhante, dado o actor principal, "o pardal".
Era altura dos ninhos, as novas criações de pássaros estavam a dar os primeiros vôos. Coisas incipientes, de tal forma que qualquer mão, mais ágil, os podia agarrar. Nós tinhamos acabado as aulas e as amoreiras da estação do Ameixial, esperavam por nós, tão sucolentas e apetitosas eram as amoras. Acontece que eramos cinco, e as bicicletas eram só duas, o que implicava alguém ficar de fora. Já se sabe que os donos dos velocípedes, não poderiam ser, pelo que eu, felizardo, estava destinado a ir. Tirado à sorte coube a M. ficar e guardar as sacolas dos outros, para irmos mais leves. Mas M. queria mais, queria ficar com um penhor qualquer, para executar a tarefa. Aí surge um pardalito, incauto, que resolveu fugir do ninho e eu, zás! Não perdi a oportunidade, apanhei o pássaro, que serviu de penhor, para a nossa aventura. M. carregou as sacolas, de todos, para sua casa, e ficaria com o pardal, se nós não viessemos, num determinado espaço de tempo.
As amoras estavam deliciosas e as bocas, começaram a denotar essa finura de paladar, as bocas, as mãos e até as camisolas e os calções, tudo muito escuro. De M., nunca mais nenhum de nós se lembrou e quando, finalmente, regressámos e nos dirigimos a casa dele, estava inconsolável, o pardal, não tinha aguentado tanto tempo apertado, na sua mão, sem beber ou comer, fosse o que fosse e nós de barriga cheia, tinhamos sido os causdores, involuntários, de tal morte.
Esta, foi a história, do meu "pardal".
Giríssimas estas histórias. A da Emiéle, na sua inocência de imaginar que o passarinha caía da janela abaixo, e o M. que tão obediente, nem o largou, nem o meteu noutro sítio onde pudesse sobreviver...
Gosto.
A segunda com um fim mais triste, mas as duas com a graça da infância.
Ora aqui está uma história (duas se contarmos com a do Zé) com princípio meio e fim.
E deixa-nos a sorrir de ternura.
..........
Tal e qual.
Infância, não é?...
Olá Zé!
Realmente a tua história é um certo contraponto da minha, e como eu também pensava que aquela ignorância dos costumes dos animais era só por ser menina de cidade, fico a sentir-me menos parva!!!
Tive sorte quando encontrei esta imagem que comoveu o MN. Também me comoveu um pouco, porque revivi o que senti ao ter o passarinho na mão. A mão da foto pode bem ser de uma criança. Imaginei facilmente que era a minha.
(de resto eu fui prevenida que não lhes fizesse muitas festas, não os apertasse, lhes desse água, etc,etc. Só ninguém me disse que eles voavam!!!
Bem,"algemas" nos pardais...isto anda estranho de há uns dias para cá.AB
AL-GE-MAS???????????
Ai, AB, quem não anda lá muito bem não sou eu!
Podias dizer que era uma trela, é já isso ultrapassaria a minha intenção, mas ALGEMAS??!!
Pois fica sabendo que mesmo as gaiolas me faziam impressão! Era eu ainda mais pequena, e ao contarem uma história de um passarinho que estava numa gaiola, fiz beicinho e pedi à minha avó -«Tira, tira, tira o passarinho da gaiola tadinho!...» Isso faz parte das histórias familiares da pequena Emiéle.
Neste caso, era uma linha de carrinho de linhas, e tinha a romântica ideia de poder passear na rua com os meus passarinhos.
Já agora, sabem que os chineses fazem isso? As gaiolas lá, têm um gancho na parte superior, eles vão passear até ao jardim levam a gaiola e penduram num ramo. :D Foi o único sinal de sensibilidade para com os animais que encontrei, mas este é forte.
olha lá para um pardalito uma linha é uma coisa assim como uma corrente...ora,ora.AB
Enviar um comentário