sexta-feira, junho 13, 2008

O susto

A imprensa informa-nos que durante o debate parlamentar Sócrates concordou que "em alguns momentos" da paralisação das empresas de transportes sentiu "o Estado vulnerável"
Deve realmente sentido um grande susto, mas susto decerto inesperado porque com esta crise à porta e sabendo o que se estava a passar por essa Europa, deslocou-se calmamente para fora do país, não alterando agendas, muito sereno como se nada estivesse a acontecer. Só pode ter sido uma surpresa.

Bom, o tsunami desfez-se segundo parece, ficam uns ‘
salvados’ na praia, e a lembrança destes dias. Muitos prejuízos de bens perecíveis estragados, horas perdidas e, para muitos, foi uma avaliação de como estamos dependentes dos transportes por estrada e desta energia que se vai esgotar como todos sabem mas fazem por se esquecer.
A nossa crise parece ter sido resolvida mais depressa do que noutros países. Será interessante analisar porquê.

Eu tenho lido agora várias coisas – mas ainda me sinto muito mal informada para dizer de minha justiça – e vou reparando que há duas posições muito diferentes. Por um lado os que vêm as questões - primeiro na pesca e agora nos transportes - como uma luta de empresários, armadores e transportadoras, e consideram que o governo cedeu exactamente
porque não está a tratar com sindicatos; por outro os que acham que para além dos grandes, estas associações incluem também pequeníssimos empresários, quase que ‘trabalhadores por conta própria’ e é errado incluir tudo no mesmo saco, até porque os pequenos são em maior quantidade do que os grandes e são os mais prejudicados. Eu não tenho dados para concordar com nenhuma destas posições. Não sei.
Mas já dá para ver que em qualquer destes casos a luta teve um ponto comum: a paralisação era indefinida. Não fizerem uma ‘greve-de-sexta-feira’, ou de ‘quinta-de-manhã’ (sem censura a quem utiliza estas, quem faz greve sabe que vai receber menos no fim do mês e muitas vezes um dia ou dois é o máximo que podem perder) desta vez a coisa era em duro.

E resultou.


9 comentários:

Anónimo disse...

Tocaste um ponto curioso.
Realmente as hostes de críticos ou apoiantes dividem-se bastante pela posição que assumem ao considerarem que estes camionistas eram grandes empresários ou que a maioria eram pequenos empresários.
Faz toda a diferença.
De qualquer modo, isto talvez nos acorde para a questão das energias alternativas.
...
E as vias férreas?

josé palmeiro disse...

O "SUSTO", foi e é , muito grande!
Na verdade houve toda essa panóplia de empresários, grandes, médios, pequenos e pequeninos. Todos nascidos e criados, por este centrão que nos atormenta e que tudo tem feito para reinar, dividindo. Depois há a criação de associações, que já se sabe, serão sempre comandadas pelos "maiores", porque os outros, funcionam nas franjas e nas sobras, enfim uma situação que não é benéfica para ninguém, sendo o fim da linha, NÓS, as principais vítimas.
Depois a Mary fala nas vias férreas, com toda a razão! Eu pergunto: Havia uma linha férrea em Estremoz, era o chamado Ramal de Vila Viçosa, que servia toda a ZONA DOS MÁRMORES, fazendo o seu escoamento, bem como dos cereais e dos adubos que a região necessitava. Para além disso, sevia uma franja de população, que apesar de pouca, representava uma alternativa de transporte público que foi propositadamente votado ao abandono, para justificar a sua menos valia, tudo acabou. Fizeram-se novas vias, diga-se, estradas, que com as toneladas que diaria e sucessivamente, por ali circulam, degradando-as com uma velocidade vertiginosa, só aumentaram a circulação viária, tornando-a cada vez mais perigosa e difícil.
Razões não faltam, não para ter "susto", mas para ter MEDO!

Anónimo disse...

Não é só a solução das vias férreas que está em stand-by. Todas as energias alternativas poderiam avançar bem mais depressa se existisse vontade de o fazer. Mas acredito que isso vai mexer com interesses bem poderosos. Muito acima do Sócrates ou dos governos nacionais dos diversos países.

Anónimo disse...

1º-O que ouvi (vi o debate quinzenal)não foi que "se tenha de acordar"para as alternativas à dependencia do petroleo,mas para a dependencia destes tipo de transporte(camiões)para o abastecimento.
2º-Até ouvi uma referencia aos camionistas do Chile na altura do golpe,uma referencia Histórica,neste PS tão alheio a ela.
3º-Para além das alfaces do nosso desvelo e das cerejas que sempre dão para lembrar canções revolucionárias, parece que os táxis tb.usam gasóleo e andam a mobilizar-se e os agricultores,aqueles que produzem antes da "distribuição",usam tractores e esses não levam coisas a lado nenhum mas tb.servem para bloquear estradas.
3º-Ouvi falar bastante de autoridade do Estado e de como o governo não estaria disposto,num Estado de Direito(!!!!)a ter gente que passasse das marcas e seria futuramente duro para com os prevaricadores
(coisa estranha...se te manifestas com 200mil na rua não tem importancia que é isso para nós ,se beliscas a economia levas com a tropa porque isto aqui não é o Chile)
3º-As forças da ordem portaram~se muito bem e até identificaram 50 pessoas,argumento de resposta ao Dr.Alberto Martins sobre o receio deste e do PSD da falta de autoridade do Estado(há anos em Coimbra, claro que não estavamos num Estado de Direito ,mas Dr.Alberto Martins, o Regime tb. não declarava publicamente que era uma Ditadura,mas as pessoas sabiam)Talvez chorar menos qd. voltar a falar de Maio de 68,porque depois não faz sentido levantar o alerta para a "faiblesse" das forças policiais.
4º-Fiquei a saber que um detentor de parte de uma empresa, a Galp,que é o Estado, não tem nada a dizer quando no próprio dia das negociações aumenta a gasolina de 1 centimo.Mas fiquei tb. a saber que o 1º ministro, que esteve em S.Bento(acto heroico), até à 1 da manhã, ficou chateado com a decisão mas não se pode meter numa decisão privada.Ou o 1º não representa o Estado ou o dito Estado já vendeu o resto das quotas e o povo não sabe, ou então a "autoridade do Estado" não se aplica em casos de provocação feitos pela Galp e quem diz Galp,agora fazemos o rol das participadas...
5º-Não acredito na resolução da crise como é óbvio,acredito no saneamento deste incidente com "pouco"porque por cá é sempre assim...até.
NOTA DE PÈ DE PÀGINA:EU TB.SOU PELO ESTADO DE DIREITO DESDE QUE ELE O SEJA.

Anónimo disse...

AB.O anónimo é AB.O meu computador teima em proteger-me das afirmações perigosas e escolhe o anonimato.è um idiota convertido...AB

Anónimo disse...

Mas AB, aqui no Pópulo até escusavas de assinar porque os teus comentários já trazem assinatura!!!! Eu li o de cima e disse«- é da AB» apasar de não estar assinado.
Eu não vi o debate, estava com trabalho, mas calculei que fosse mais ou menos isso. Um jogo de cintura habilidoso.

Anónimo disse...

Mas os duzentos mil ocupavam só umas ruas de Lisboa... Se estes camões estacionassem na Av. da Liberdade talvez a coisa fosse diferente.
Ou talvez também não, de qualquer modo as mercadorias não chegavam ao destino. :(

Anónimo disse...

Esqueci-me de dizer que também tenho ouvido as duas posições, os pró e os contra e ando bestialmente baralhado...
A AB fala das alfaces e cerejas (penso que simbólicamente) mas a verdade é que em certas localidades as faltas foram bem mais do que de legumes e frutos frescos. O resto: batatas, cebolas, leite, carne, peixe, tudo desapareceu. Que eu reparasse só as padarias funcionavam, porque a farinha, fermento, etc, havia em stoc. Mas falo de padarias pequenas, não os Panricos, Bimbos, etc, que precisavam de serem distribuidos.
A minha zona parecia que estava em tempo de guerra!!!

cereja disse...

O comentário da AB citando o debate, já diz quase tudo. Eu não ouvi debate nenhum, nem o 'lapso' (?) do Primeiro de modo que nem digo nada...