De volta à terra
Desde o momento da minha operação - em que deixei de ir à rua e fazer o meu dia-a-dia habitual mas, sobretudo, desde esta segunda-feira em que como saí da minha casa e tive de me adaptar a todo um habitat diferente - que tenho vivido um tanto desligada da realidade. Ando a brincar com isso como vocês têm visto, mas a verdade é que não tem sido só brincadeira, é mesmo certo que ando nas nuvens num outro mundo.
Ontem, bruscamente, tive a consciência de que o país estava a arder e eu a tocar harpa. Bem, não exactamente, creio que o Nero apreciava o espectáculo e eu nem tinha cheirado o fumo e muito menos visto as chamas.
No meio dos problemas que citei ontem como preocupantes, falei na greve dos camionistas. Falei de uma forma superficial, informei logo que não estava muito informada sobre o caso mas, tratei-o como um caso entre outros.
De repente durante a tarde comecei a juntar sinais, e a acordar.
Tinha ido ao supermercado com a empregada cá de casa para me ajudar (de notar que como ela é ucraniana só falamos o indispensável, ao contrário da gralha que vai à minha casa) e estranhei um pouco a falta de produtos que via. As prateleiras da fruta quase vazias, as dos legumes ainda mais e até no caso dos congelados alguns produtos que costumo usar, e onde vulgarmente encontro pilhas deles, via um ou dois para amostra. Huummm… O que pensei – na lua, como estava – é que esta zona era mal servida, simplesmente.
Depois uma amiga telefonou-me, muito arreliada porque tinha tido de desmarcar uma consulta porque estava sem gasolina. A conversa foi por telemóvel e eu não fiz muitas perguntas, mas estranhei aquilo, até porque ela falou como se eu percebesse logo de que é que ela estava a falar.
Fui à minha fisioterapia, e na volta ao chamar o táxi ouvi muitas graças, sobre se eles ainda circulavam, e que se calhar ia esperar muito (o que aliás aconteceu!) e ao regressar a casa observei realmente uma fila enorme numa bomba de gasolina. Contudo ainda dessa vez não “acordei”. Foi preciso um telefonema de outra amiga, bastante empanicada por estar quase sem leite em casa, os iogurtes nem vê-los, e me contar que na zona dela o supermercado tinha colocado nas prateleiras dos legumes os pacotes das sopas pré-fabricadas, que finalmente poisei os pés na realidade.
Esta greve - em Portugal, Espanha, França – pelo que sei, está a ter repercussões gravíssimas. Que os carros particulares não possam andar, vá lá. Mas ouvi que há autarquias que garantem que as ambulâncias não estão em perigo de parar, alguém perguntava quanto tempo a Carris aguentaria, e isso é outra coisa. Assim como o abastecimento de víveres também pode vir a ser gravíssimo, e já começa a assustar um bom bocado.
Hoje leio que afinal parece que se chegou a um acordo O que não quer dizer que até as coisas se regularizarem não tenhamos ainda uns dias difíceis e as prateleiras dos supermercados não se esvaziem ainda mais.
Um cenário de guerra.
Tive um “acordar” violento!
Ontem, bruscamente, tive a consciência de que o país estava a arder e eu a tocar harpa. Bem, não exactamente, creio que o Nero apreciava o espectáculo e eu nem tinha cheirado o fumo e muito menos visto as chamas.
No meio dos problemas que citei ontem como preocupantes, falei na greve dos camionistas. Falei de uma forma superficial, informei logo que não estava muito informada sobre o caso mas, tratei-o como um caso entre outros.
De repente durante a tarde comecei a juntar sinais, e a acordar.
Tinha ido ao supermercado com a empregada cá de casa para me ajudar (de notar que como ela é ucraniana só falamos o indispensável, ao contrário da gralha que vai à minha casa) e estranhei um pouco a falta de produtos que via. As prateleiras da fruta quase vazias, as dos legumes ainda mais e até no caso dos congelados alguns produtos que costumo usar, e onde vulgarmente encontro pilhas deles, via um ou dois para amostra. Huummm… O que pensei – na lua, como estava – é que esta zona era mal servida, simplesmente.
Depois uma amiga telefonou-me, muito arreliada porque tinha tido de desmarcar uma consulta porque estava sem gasolina. A conversa foi por telemóvel e eu não fiz muitas perguntas, mas estranhei aquilo, até porque ela falou como se eu percebesse logo de que é que ela estava a falar.
Fui à minha fisioterapia, e na volta ao chamar o táxi ouvi muitas graças, sobre se eles ainda circulavam, e que se calhar ia esperar muito (o que aliás aconteceu!) e ao regressar a casa observei realmente uma fila enorme numa bomba de gasolina. Contudo ainda dessa vez não “acordei”. Foi preciso um telefonema de outra amiga, bastante empanicada por estar quase sem leite em casa, os iogurtes nem vê-los, e me contar que na zona dela o supermercado tinha colocado nas prateleiras dos legumes os pacotes das sopas pré-fabricadas, que finalmente poisei os pés na realidade.
Esta greve - em Portugal, Espanha, França – pelo que sei, está a ter repercussões gravíssimas. Que os carros particulares não possam andar, vá lá. Mas ouvi que há autarquias que garantem que as ambulâncias não estão em perigo de parar, alguém perguntava quanto tempo a Carris aguentaria, e isso é outra coisa. Assim como o abastecimento de víveres também pode vir a ser gravíssimo, e já começa a assustar um bom bocado.
Hoje leio que afinal parece que se chegou a um acordo O que não quer dizer que até as coisas se regularizarem não tenhamos ainda uns dias difíceis e as prateleiras dos supermercados não se esvaziem ainda mais.
Um cenário de guerra.
Tive um “acordar” violento!









15 comentários:
Tinha já escrito um comentário que não entrou.Vou tentar reproduzir o que escrevi,porque não faço rascunhos e vai directamente.AB
Falava eu de um titulo que sempre pairou na minha cabeça e era "Canção diante duma porta fechada".E falava de metáforas como a das valsas do Titanic antes de ir a pique e até convoquei o Munch e o "Grito" para dizer que comentários leva-os o vento e não adianta "uivar"(coisa que já faço aqui há umas semanas )porque é à lua que uivo.Ou seja a evidencia da alface que não existe nas prateleiras é mais violenta que qq. palavra.Muito bem.Vai haver um acordo sim,resta saber que mais sacrificios vão sair daí.Porque é de sacrificio que se trata para compensar a cegueira das nações e a supremacia dos directórios que (o que eles gostam de falar na Europa dos cidadãos)acordam lá para 2020 a convergencia de sabe-se lá o quê,que os paises bons alunos sem fazer ondas e sem voz nem sequer para impor ser uma lin
gua oficial(não estou a falar do acordo ortográfico)mas que incham porque tem nome num tratado ratificador que se excusaram de ratificar por referendo...se escusam tb. de comunicar aos "cidadãos os tais de plenos direitos incluindo o da ignorancia do que os afecta no seu dia-a- dia.O paragrafo vai longo e só reproduzi esta gaita toda por teimosia aqui com o computador que não ha-de ser mais teimoso que eu.E quem não percebeu percebesse.AB
PERCEBEU-SE LINDAMENTE.
(Também saiu com maiúsculas porque estava assim e depois não estive para corrigir, e até fica bem!)
O grave é aquilo para que em certa medida aponta a AB. Estamos agora aos gritos com o Governo e ainda bem. Só posso concordar que se grite com o Sócrates até porque o gajo é mouco com o que lhe convém. Mas, é bom contextualizar-se esta coisa e analisar que, desta vez, isto ultrapassa aqui os limites do rectângulo. O que é que os senhores que mandam na EU vão dizer agora?...
Pois é AB, eu também escolhi um mau momento para me 'distrair'. A coisa anda muito negra.
De qualquer modo hoje fui a outro super e não achei o cenário tão assustador como ontem naquele primeiro a que fui. Se isto desbloquear, foi um susto para nós e um aviso para os senhores que mandam. Vamos ver os capítulos seguintes.
Mas, AB, só não entende, quem não quer.
Todas estas coisas, lembram-me a "Espiral da Violência" de D. Helder Câmara, e podes crer que só agora começou. Está a seguir-se um movimento com armadores, nomeadamente um que dizem ser o maior e que foi presidente de um clube de futebol, (como as coisas se ligam todas), e que já afirmou ir paralizar toda a sua frota e colocar no desemprego, todos os seus trabalhadores. Aguardo com alguma espectativa dois resultados o do referendo irlandês e a ida do sócrates ao parlamento, logo à tarde.
Tinha estranhado que deixasses passar esta «crise» (???) sem dizer nada.
OK, estás desculpada.
:D
É uma história que está a ter muitas leituras. Mesmo aqui, na blogosfera e entre blogs de esquerda não encontro unanimidade de opiniões...
Sobretudo porque a Antram é formada por muita gente, grandes empresários mas também imensos pequenos. Vejam aqui
Ainda hoje escrevi sobre isto Emiéle, um desabafo quase grito. Não me parece que possamos fechar os olhos aos sinais. Este foi um. E forte.
(gosto muito da modernice que colocaste, de aparecer uma listinha amarela quando clicamos sobre os links) :-)
RS, fui uma pausazinha. Não posso estar sempre na linha da frente, mas reconheço que escolhi mal o afastamento :(
Raphael, a questão é complexa, a gente sabe, mas vamos ouvindo várias opiniões e sempre se fica mais informada. E a verdade é que realmente nesta coisa dos transportadores cabe muita gente realmente.
Olá Mar. Eu agora tenho ido pouco ao Ponto, que racionei um pouco a net, porque não estou na minha casa... Passo por lá mas sem parar = sem comentar. :) Mas a coisa está feia, ou pelo menos começa a ver-se a fealdade...
O fundo amarelo já estava, mas era mais pálido. Sempre realça, não é?
Parece-me que o aviso não é só para os senhores que mandam. O susto foi para todos e o aviso é para todos!
Méri, que o susto fosse para todos é certo, mas em relação ao 'aviso' se for para todos será para se estar atento. Não vejo que poder nós tenhamos nestas situações.
Claro que perante situações concretas como esta não temos saída.
Mas parece-me que também temos que tomar consciência que o estilo de vida TEM que mudar. Esta crise do petróleo (todos o dizem) não vai recuar. O preço vai-se manter e continuar a aumentar.
Os portugueses, em geral, terão necessáriamente de alterar alguns dos seus hábitos de vida. É neste sentido que acho que foi um aviso para todos, mas não me parece que, genericamente, se tenha compreendido o aviso.
OK!
Aí 100% de acordo!
Há mil pequenas coisas que não se fazem, com a esfarrapada desculpa de que «os outros» também não fazem. O aprender a rentabilizar os recursos que temos é matéria que se devia ensinar na escola desde a primeira classe. Se dá resultado com a reciclagem, também teria de dar com o modo de encarar os nossos recursos.
Apoiadíssimo.
Esclarecimento:
Disse «se dá resultado com a reciclagem» porque tenho a convicção de que os miúdos pequenos estão mais sensibilizados para reciclar do que muita gente de meia idade.
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