quarta-feira, maio 07, 2008

Fazer «como os outros»

É uma história sem nenhum interesse especial, banal até.
Parece que um senhor, gerente bancário, manipulava várias contas paralelas. Coisa feia. Isso não se faz. Esse senhor e dois outros gestores de conta, foram acusados de «usarem dinheiro de clientes para operações financeiras próprias com acções da PT, depois de obterem informações bolsistas privilegiadas».

Explicaram que era muito fácil, essas contas permitiam oferecer juros altos, mas também empréstimos sem garantias ou contrapartidas, e a chatice foi que se descobriu que tinha prejudicado o Banco em 10 milhões de euros.
Muito dinheiro.
O que eu gostava de sublinhar é que uma testemunha, também gestor de conta, foi a tribunal, declarar que tais actos eram uma prática generalizada
Aaah, então está bem!

Este tipo de raciocínio/desculpa, que dá uma cambalhota por cima de tudo o que sejam valores sociais respeitáveis, é o que mais se ouve por aí.
«Fizeste isso?!» Encolher de ombros. «Ora, os outros também fazem!», e pronto, quem não o fizer deve ser parvo.
Eu sou uma das parvas. Completa e totalmente parva, mas não consigo entrar nesse esquema «dos outros».
E desejava sinceramente ver «os outros» ou numa cadeia ou - como parece que há poucas - a trabalharem numa actividade cívica útil, a ver se os valores que não entraram a bem entravam a mal!

13 comentários:

Anónimo disse...

Bom,eu e bancos não nos entendemos e a minha relação com os chamados "gestores de conta"anda tão tremida,mas tão tremida que estava mesmo desejando um "deslize" maior para os meter na cadeia...Palavra!AB

Anónimo disse...

Creio que faria como eles, para quê tanto dinheiro parado? E mais 10 milhões menos 10 m para o banco, não aquece nem by ( é assim que se escreve?).( verifico agora que é a segunda confissão grave que aqui faço: gostava de ser ladrão de museu e/ou-não existem incompatibilidades legais- gestor de contas criativo. A culpa é, como sempre dos meus pais, que, na devida altura, nunca me sugeriram isto, nem sequer como ho

Anónimo disse...

Ai, FJ, mas foi só o Banco o lesado ou ainda por cima os clientes do dito?... Entendo o que dizes «ladrão que rouba a ladrão» etc, etc...
Mas a verdade é que nos afastámos do tema da Emiéle, que era se não estou em erro, a desculpa de que tudo está bem se os outros - e até se calhar a maioria - o faz.
Não é só ela que ouve essa frase. Ando fartinha de a ouvir. E, também com franqueza é a coisinha mais esfarrapada que se podia inventar!

Anónimo disse...

Essa praga do «os outros fazem assim» infiltra-se por todo o lado!!!
E já viram como é que se responde a um miúdo que nos vem com uma dessas?...

Anónimo disse...

E a m**** é que «os outros» safam-se na maior parte das vezes.
Entendo o gajo do tribunal.
Não há justiça...

Anónimo disse...

Eu gosto imenso do FJ, e dos seus comentários de humor, mas alguém o devia ajudar a completar as coisas.
Emiéle! Tu costumas fazer isso...

Anónimo disse...

Este post merecia um comentário maior do que o meu tempo neste momento o permite (quero ver se ainda cá volto) mas quero para sublinhar que até as pessoas que se consideram mais honestas e criticam quem o não é, pisam constantemente o risco com essa de «toda a gente faz assim».

Anónimo disse...

Este post merecia um comentário maior do que o meu tempo neste momento o permite (quero ver se ainda cá volto) mas quero para sublinhar que até as pessoas que se consideram mais honestas e criticam quem o não é, pisam constantemente o risco com essa de «toda a gente faz assim».

Anónimo disse...

(não sei como é que entrou duas vezes, há bocado...)

Agora tenho um pouco mais de tempo, e venho dizer a minha experiência: aquilo que «os outros» fazem influencia profundamente aquilo que «nós» fazemos! Tenho assistido a cenas espantosas de pessoas que se consideram super-honestas e criticam quem abuse e faça pequenos furtos, mas depois traga da sua empresa quantidades industriais de produtos porque ... todos trazem! Ainda a semana passada, ouvi uma senhora que faz limpezas numa clínica, censurar as suas colegas que vão ao armazém e abastecem-se de papel higiénico, sabonete líquido, etc, para as suas próprias casas. Entretanto ela estava a arrumar na dispensa uma caixa de luvas de borracha e um garrafão de lixívia que tinha trazido de lá!!!!!!
O «todos fazem» tem muitíssima importância e, tal como dizes, quem vá contra essa corrente, é olhado como patetinha, um atrasado mental. Reparem no caso das «luvas», receber-se «luvas» é norma. Gratificações e gorjetas. Todos recebem.
E neste caso, devem ter pensado que não prejudicavam ninguém, apenas se aproveitavam de um conhecimento que tinham... O contrário seria excesso de escrúpulo para eles!

josé palmeiro disse...

Por essas e por outras é que as nossas contas, não crescem.
Fj, lindo! Sugiro que tentes uma administração de uma empresa das grandes, dá menos trabalho, tens os proventos e quem roube por ti! Um abraço!

cereja disse...

Mary, nem sempre consigo. Desta vez não entendi qual seria a última palavra! :))
RS - sabes que também conheço histórias dessas? Censuram coisas de de outra forma também fazem, porque todos fazem...

Mas continua a irritar-me!

Anónimo disse...

Joaninha e mary têm toda a razão. S´0, mary, não é só azelhice, o meu pc ( mais ou menos como o outro aliás) dá muitos saltos, e foi isso que aconteceu ao Hobby, entre outras coisas.Jp é que não tem razão: administrar uma empresa importante pode dar muito dinheiro, mas dá trabalho que se farta.

cereja disse...

OK.
Desta vez não percebi que o ho era o início da palavra hobby. Às vezes adivinho (ou tento adivinhar, se calhar escrevo em teu nome coisas em que não tinhas pensado) mas desta vez só com o ho... ainda pensei em "hoje", mas não dava.
Aqui houve um «S´0,» que também não interpretei (seria 'mas'?) contudo o resto estava impecável. Só apaguei o triplicado, embora me aumentasse o número de comentários...
:D