Conhecer a realidade
Quando estou de férias vejo mais TV, como se pode calcular. Os dias rendem mais, parecem maiores e ficar enrolada num sofá sem pensar em nada a não ser naquela «pastilha-elástica» que entretém, é bom para reee-laaa-xaaar…
E tenho reparado mais num anúncio que se repete muitas vezes, primeiro numa versão e agora noutra: publicidade a um telemóvel. Agora que em Portugal não há cão nem gato que não tenha um, pretendem impingir-nos as ‘versões mais actualizadas’. O anúncio até é relativamente engraçado. O ‘protagonista’ é uma criancinha que, paternalmente, dá conselhos ao pai e à mãe no tom e com as palavras que é suposto eles utilizarem quando falam com ele.
Digo que é «relativamente engraçado» porque já me parece que há por aí demasiadas criancinhas a mandarem nos pais e não lhes costumo achar muita graça, mas enfim, o pegar-se numa realidade quotidiana e trabalhá-la de um modo publicitário é giro.
Mas a frase final diz-nos «se queres preparar a tua mãe para o futuro fala-lhe no telemóvel xptl apenas por xxx euros». E pronto, com isso numa pirueta onde os costumes ficaram às avessas o filho ‘preparou o pai ou a mãe para o futuro’.
Isso lembrou-me uma das discussões na Assembleia da República onde alguém perguntou a um elemento do governo quanto custava creio que um pão, provocando algum incómodo. Ele não devia saber, como não devia saber a generalidade dos preços dos alimentos ou dos produtos de higiene ou de drogaria. Os nossos deputados não devem ir às compras do mês nas suas casas.
Mas as crianças vão. Como não devem ficar sozinhas em casa e não têm onde as deixar, muitas pessoas vão ao supermercado com os seus filhos de todas as idades. Mas experimentem perguntar ao menino do anúncio [o que está a «preparar os pais para vida» explicando-lhes a qualidade e preço daquele telemóvel tão sofisticado] quanto custa o leite, o pão, a manteiga, as batatas, os carapaus, o arroz, o queijo, as costeletas…
Ele talvez saiba (se souber!) quanto custam algumas das guloseimas preferidas, ou algum sumo sintético, mas aquilo que consome ou deve consumir todos os dias, duvido que faça a menor ideia do seu valor. Assim como, muito provavelmente, também não fará a menor ideia de quanto ganha o pai ou a mãe – e isso até convinha por causa do tal preço tão convidativo do telemóvel.E tenho reparado mais num anúncio que se repete muitas vezes, primeiro numa versão e agora noutra: publicidade a um telemóvel. Agora que em Portugal não há cão nem gato que não tenha um, pretendem impingir-nos as ‘versões mais actualizadas’. O anúncio até é relativamente engraçado. O ‘protagonista’ é uma criancinha que, paternalmente, dá conselhos ao pai e à mãe no tom e com as palavras que é suposto eles utilizarem quando falam com ele.
Digo que é «relativamente engraçado» porque já me parece que há por aí demasiadas criancinhas a mandarem nos pais e não lhes costumo achar muita graça, mas enfim, o pegar-se numa realidade quotidiana e trabalhá-la de um modo publicitário é giro.
Mas a frase final diz-nos «se queres preparar a tua mãe para o futuro fala-lhe no telemóvel xptl apenas por xxx euros». E pronto, com isso numa pirueta onde os costumes ficaram às avessas o filho ‘preparou o pai ou a mãe para o futuro’.
Isso lembrou-me uma das discussões na Assembleia da República onde alguém perguntou a um elemento do governo quanto custava creio que um pão, provocando algum incómodo. Ele não devia saber, como não devia saber a generalidade dos preços dos alimentos ou dos produtos de higiene ou de drogaria. Os nossos deputados não devem ir às compras do mês nas suas casas.
Mas as crianças vão. Como não devem ficar sozinhas em casa e não têm onde as deixar, muitas pessoas vão ao supermercado com os seus filhos de todas as idades. Mas experimentem perguntar ao menino do anúncio [o que está a «preparar os pais para vida» explicando-lhes a qualidade e preço daquele telemóvel tão sofisticado] quanto custa o leite, o pão, a manteiga, as batatas, os carapaus, o arroz, o queijo, as costeletas…
Pois é. Imagino no final desse anúncio, uma outra voz off a acrescentar «e quanto a si , se quer preparar o seu filho para o futuro, fale-lhe do preço real das coisas e já agora do seu ordenado, para ele imaginar a ginástica diária que você faz».
5 comentários:
Mas olha que muitos adultos também não fazem a menor ideia do preço de muitas coisas que consomem.
Sobretudo se não forem eles a fazer as compras, mas o mais grave é que conheço muita gente que faz realmente as compras, mas não olha duas vezes para o preço. Queixa-se quando chega à caixa pelo total, mas na altura de meter no carrinho, nem pensa duas vezes nem compara. Zás, apetece e leva!!!
Tens razão quanto a esse anúncio. Sinto o mesmo. O puto é giro e a publicidade bem feita, mas...
Parece de facto que se aplaude os meninos sabichões que olham para os pais de um modo condescendente, porque sabem (ou pensam que sabem) muito mais do que eles.
Grrr!
Boa, muito boa, mesmo!
Quanto ao anúncio, não vi ou não lhe prestei atanção, mas a lição, ou melhor conselho, que pertendes passar, é bem ajustada às circunstâncias. Aprendi com o meu pai a, fazer compras e a saber os preços, desde muito novo. Quanto ao valor do dinheiro e ao facto de haver muito ou pouco para gastar, bem como o comprar por comprar ou comprar o que os filhos ou, agora, os netos, não está na minha maneira de ser. Relativamente aos ordenados auferidos, sempre se soube, exactamente o que cada um ganhava. Não concordo com o dar-se a entender que podem ter tudo o que cobiçam, pois é um passo para o endividamento e o pensarem uma coisa que não existe, a vida fácil.
Há dois filmes sim.Um com o pai e outro com a mãe.A "criança"indulgente com os mais velhos é um clássico do "paternalismo" públicitário.È o equivalente civilizado do "explica-me como se eu fosse muito estúpido"AB
Tem graça o anúncio porque o miúdo é muito bonito e fala muito bem, no tom exacto.
Mas...
Sinto as duas coisas. Uma certa irritação porque aquilo corresponde a um tipo verdadeiro de relação filhos pais, por outro lado o que dizes é certo: eles sabem quanto custa um telemóvel, ou um msm mas não fazem ideia do que ganha o pai ou a mãe e de quanto é que esse dinheiro é na realidade- o que se pode comprar com ele daquilo que é fundamental.
Enviar um comentário