sexta-feira, abril 11, 2008

Relações humanas

A história em si terá pouco interesse.
Por aquilo que o jornal nos conta, uma pessoa que esperou 18 meses por uma cirurgia, foi internado 30 horas e, depois de estar já preparado para a operação, ouviu da boca do médico
"Desculpe, mas não tenho tempo. Pode ir embora que tem alta.”.

E, pelo que diz, à saída teve de pagar a conta…
Imagina-se que fosse uma operação que não fosse urgente. Não havia perigo para o paciente, era uma operação a um cotovelo para «descomprimir um nervo». De qualquer modo, se foi considerado necessária esta intervenção, esperar um ano e meio por ela já é um ponto negativo.
Mas o que mais choca nesta história é o modo como se trata uma pessoa. Compreende-se que o cirurgião «não tivesse tempo». Pelo que depois disseram houve uma cirurgia que correu mal, demorou mais tempo que o previsto, e possivelmente o caso seguinte podia ser muito grave e não era conveniente atrasar tudo.
Explicações poderá haver muitas, só que nem foram dadas, nem as correspondentes desculpas. Quer dizer, a palavra foi dita: «desculpe». Mas não chega. É o que se diz quando damos um encontrão sem querer.
O que falta aqui é o mais elementar respeito pela pessoa, é uma questão de relações humanas. E isso, nem custa dinheiro, nem leva muito tempo.
É uma questão de atitude.

11 comentários:

Anónimo disse...

Leva tempo, leva, a aprender ou a compreender.

Anónimo disse...

Calculo que sim,que leve tempo...então ao doente para se acalmar e não partir aquela tra...toda!AB

cereja disse...

Vocês reparem que a gente não sabe o que se passou. Daquilo que a Nise contou do que se passa no Hospital de Faro, podemos calcular o que sejam os recursos, ou ausência deles em muitos casos. (e contudo, diz quem sabe, e eu acredito, que para casos graves ainda onde se está melhor é nos hospitais públicos)
O que choca é a falta de respeito pela pessoa, e isso creio ser melhor nos privados, o doente é um cliente enquanto aqui é um utente.

josé palmeiro disse...

Pegando no escrito anterior, ao menos, esse médico, teve que dizê-lo, na cara do doente e, pena foi que a operação fosse localizada no cotovelo, pois se, noutro sítio, talvez tivesse levado um murro, bem dado.

Anónimo disse...

Mas, Zé Palmeiro, o mal é que afinal não lhe disse nada. Só o informou de que não tinha tempo para o atender, sem mais nada.
A Emiéle diz ali, e eu concordo, que não sabemos exactamente o que se passou, e de facto podia ter surgido uma emergência de grande urgência que não permitisse cumprir o que estava estipulado. Tanto assim que eles marcaram a nova operação para um dia muito próximo. O chocante é a forma como a coisa é dita «desculpe lá mas vai ter alta que eu não tenho tempo para si».
O Zé a a AB, respondem um tanto olho por olho, mas o acto de partir tudo ou dar um murro no médico, era afinal um 'desabafo'.
O mais importante é exactamente a queixa, e sobretudo a repercussão que possa ter. E avaliar quais as condições de trabalho daquela gente.

Anónimo disse...

É de facto um questão de atitude.
E quem trabalha em pontos tão delicados como hospitais, devia receber periodicamente, mais do que os workshops actualizando os conhecimentos científicos, outros igualmente importantes, realçando a importância do tal factor S de SIMPATIA.
Simpatizar ou empatizar, é uma qualidade fundamental para quem trabalha no sector da saúde.

josé palmeiro disse...

A minha mãe, já na etapa final da sua vida, caiu e fracturou o colo do fémur. Evacuada para Évora, e depois de horas à espera, a acompanhante, eu só soube depois, ouviu os médicos, depois de lhe perguntarem a idade e terem ouvido a resposta, disseram: "oitenta e dois anos? Isso é para morrer!", e a minha mãe voltou para Estremoz. Eu , só soube depois, porque a acompanhante me informou. Fiquei como podem calcular e fui de imediato ao C.S. falar com o meu médico de família. Escrita uma carta, por ele, a minha mãe voltou a Évora e foi finalmente operada. Recuperou e ainda viveu mais uns meses, já se sentando e não tendo as horríveis dores com que eu a vi.
Pergunto-me, se fosse eu a ouvir tal coomentário, como teria reagido? E tu, Joaninha?

Anónimo disse...

Claro que essa história é diferente, Zé Palmeiro. Já entra noutro nível. A que o jornal conta e a Emiéle refere, fala de uma pessoa, jovem ainda, que esperou muitíssimo por uma operação, e quase que minutos antes de a fazer, esta é adiada sem uma explicação correcta. Ela realça e eu concordo que houve uma grande insensibilidade, e as pessoas que lidam com doentes deveriam ter uma outra atitude. No caso que contas, para além da brutalidade do comentário, há inclusivamente uma recusa em prestar assistência a um paciente. É gravíssimo e merecia um castigo severo.

Anónimo disse...

Acho que, profundamente, o jp tem razão: no fundo,no fundo, a atitude é igual ou muito semelhante.

Anónimo disse...

É verdade, o método ab tambem convinha.

cereja disse...

Claro que a história do Zé, chocante, vem colocar as coisas noutro plano. Mas digamos que se a dimensão é outra, a base da falta de respeito é semelhante. O que distingue o veterinário do médico ainda é a linguagem, mas se calhar é esperar muito...