O preço dos alimentos e o etanol
Muitos de nós, tão preocupados andamos a olhar para as prateleiras dos supermercados e para a nossa carteira, que nem equacionamos a gravidade da crise a nível mundial.
Porque se a aflitiva subida que estamos a constatar diariamente quando vamos comprar arroz, óleo, pão, massa, e reparamos em preços como nunca tínhamos visto, é grave aqui em Portugal imagine-se o que será em países subdesenvolvidos.
África, ou Filipinas, ou Haiti, o Egipto estão a sentir, e de que maneira, este choque e naturalmente outros se seguirão.
Vamos atacar depois as florestas tropicais?... A questão dos agrocombustíveis parece uma tentativa para ao fugir da frigideira, se cair no lume. Ao fugir da crise energética gerada pelo problema do petróleo, vai cair-se numa descontrolada crise alimentar.
Quando em vez de se produzir cereais para alimentar pessoas, se passa a produzir cereais (ou qualquer outra planta) para alimentar máquinas, alguma coisa não está bem.
Mas afinal quem toma estas decisões?!
Porque se a aflitiva subida que estamos a constatar diariamente quando vamos comprar arroz, óleo, pão, massa, e reparamos em preços como nunca tínhamos visto, é grave aqui em Portugal imagine-se o que será em países subdesenvolvidos.
África, ou Filipinas, ou Haiti, o Egipto estão a sentir, e de que maneira, este choque e naturalmente outros se seguirão.
Vamos atacar depois as florestas tropicais?... A questão dos agrocombustíveis parece uma tentativa para ao fugir da frigideira, se cair no lume. Ao fugir da crise energética gerada pelo problema do petróleo, vai cair-se numa descontrolada crise alimentar.
Quando em vez de se produzir cereais para alimentar pessoas, se passa a produzir cereais (ou qualquer outra planta) para alimentar máquinas, alguma coisa não está bem.
Mas afinal quem toma estas decisões?!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh_MGJ-l9w-3rUCIkuiEmYmbcC4yvdg97no7Hi8aekyR7ab6-8fpklmzZDblptOavsGDy6ns9-bG1BXqnTf9Gt-mt0vH1zVX7ZOsganBgM3w2ahPbN9Q8L4EKJoUSaK6LIKHLbRkrOYw/s320/Nova+imagem.bmp)
9 comentários:
Mas é claro que alimentar máquinas é bem mais importante do que alimentar pessoas, tinhas dúvidas?...
Tenho andado a ver se aprendo umas coisas sobre o etanol, mas ainda estou um tanto às aranhas.
Ao princípio, quando pensei que era uma alternativa não poluente, ai petróleo achei que era bom. Agoar quanto mais leio, mais me preocupa.
É que para o FMI dizer aquilo, algo de muito sério está a passar-se.
E então as «outras energias»??? O tal Sol, e Mar, e Vento...?
Esses existem com abundância, ninguém os come, e não se gastam.
O CO2 libertado na produção de biocombustível a partir do milho, por exemplo, não compensa em relação à quantidade emitida por combustíveis fósseis. Utilizar plantas alimentares na produção desses combustíveis é uma asneira em termos de alimentação mundial como já se vê. Para além disto, na Indonésia estão a destruir-se quantidades assinaláveis de floresta virgem para plantação de palmeiras afim de se obter óleo de palma.
O grande objectivo dos biocombustíveis é que na sua produção não sejam utilizadas matérias-primas que concorram simultaneamente no mercado alimentar; na sua produção a quantidade de gases emitida seja muito inferior à dos combustíveis fósseis; a quantidade de energia libertada pelos biocombustíveis seja muito próxima da obtida pelos combustíveis fósseis; e claro, seja comercialmente rentável.
Em Portugal, no INETI, está a investigar-se a produção de combustível a partir de microalgas (estas têm um crescimento exponencial e necessitam somente de sol e CO2).
A Galp em parceria com a Algafuel sob a orientação dos investigadores do INETI vão começar a produzir biocombustíveis na refinaria de Sines.
Como disse, as algas necessitam somente de sol e CO2 para crescerem, logo também serão utilizadas na captação de CO2 em unidades industriais com uma emissão muito elevada desse gás.
Portugal é um pioneiro na investigação de biocombustíveis a partir de microalgas.
Há uns meses atrás saíram artigos muito interessantes sobre esta temática na National Geographic e no Courrier Internacional.
Enquanto o autocarro, tem a maçaroca desenhada, no seu bojo, nós já a andamos a descascar há muito, sem conseguirmos encontrar o "milho rei".
Situação deveras preocupante, que não sei onde vai parar e se vai parar. Dói o coração, não ouvir os povos. Não resisto a contar uma conversa que tive,na época, com um elemento da Frelimo. Perguntava-lhe eu, se não achava preocupante a debandada de pessoas e de máquinas, que os colonos produziam. Resposta pronta: " Que nos interessam as máquinas, se nós nunca fomos ensinados a tirar delas qualquer benefício? Temos que começar tudo de novo e para isso temos as enxadas e os braços, assim iremos indo, até que possamos ter as nossas máquinas e saber trabalhar com elas, e comer o que com elas iremos produzir." Assim simples, sem mais.
Adivinho-os agora a produzirem para as "máquinas comerem", que ironia!
Mary, quanto às outras energias de que falas, ouviste o douto 1º ministro dizer que temos que avançar com o programa das hidricas, para podermos armazenar as energias produzidas nas outras fontes alternativas, sic.
Quantos mais "Vilarinhos da Furnas" teremos que submergir?
Obrigada Ilha_man pela explicação. (e já agora, como sou arrumadinha, limpei os comentários que tinhas repetido...fica mais bonito)O que se passa é que de facto sei muito pouco ou nada do assunto, mas basta algum bom-senso para se confirmar que algo não pode bater certo se vamos procurar combustível à custa de plantas alimentares num mundo onde existe fome.
A tua explicação sobre o estudo com algas, foi muito boa, e se estamos a trabalhar nesse sentido em Portugal é de aplaudir - e que bem que sabe e que agradável é quando se pode dizer bem!!!! Não pensem que gosto de dizer mal, é porque tantas vezes a coisa é tão absurda que não se pode fechar os olhos.
Zé Palmeiro, a tua história é bem interessante. Parece uma fábula. De qualquer modo, se eles arranjassem as máquinas e também quem os ensinasse a trabalhar com elas, era um salto em frente. O que tenho ouvido dessa terra de que gostamos tanto, é que nem tudo vai bem.
Pois eu acho que se está a tentar tapar o sol com a peneira. De repente "alguém" lembrou-se que tudo daria para produzir combustível. A boleia do petróleo dá para tudo, com os especuladores a nadar que nem peixes nas águas de um grande oceano. É até rebentar. Depois, depois logo se vê...
Quem tomas essas decisões? Simples. O mercado. Interessante não é? E a regulação? E os incentivos e tomada de decisões estratégicas no sentido de se revolucionar o modo como vivemos (e deslocamos) de uma vez por todas? Muito pouco ou nada está a ser feito. Porquê? Aposto que os doutos dirão que as consequências económicas seriam catastróficas com consequências imprevisíveis para o status quo.
Não consigo deixar de pensar numa grande "maquinação". Por cá, é com desprezo que vejo a publicidade de uma ChevronTexaco nos semanários. A proclamar-se preocupada com e amiga do, note-se bem, ambiente... A alta do preço do petróleo e a sua manutenção a níveis elevados está a capitalizar fortemente as petrolíferas para que possam dar o passo em frente, devidamente preparadas (e capitalizadas), mantendo-se assim na liderança do sector energético. Acredito piamente que poder político e lobbies criaram as condições para que tal ocorra. A ver vamos onde tudo irá parar...
Da minha parte, quando regressar a Portugal tratarei de comprar um terreno onde possa plantar as minhas couves, batatas, cenouras, alfaces, milho, trigo e construir um moínho de vento. De igual modo, espaço e pastagens suficientes para meia dúzia de vacas, porcos, cabritos e galinhas. A grande preocupação que tenho é que terei que colocar também uma cerca com vários metros de altura e electrificada, com segurança armada ao longo do perímetro pois já faltou mais para que hordas de urbanos ataquem os rurais...
Mais a sério, se o mercado "dita" a direcção a seguir, cabe ao Estado o papel de delinear as linhas estratégicas com que nos cosemos e acabar, de uma vez por todas, com a especulação que é responsável por x% da alta dos preços.
Sobre o nosso Moçambique, enfim... Nem comento.
Obrigada, Miguel. É sempre um gosto quando passas por cá, por muitas razões. Por um lado és um pouco diferente dos meus comentadores habituais, que são já um pouco da família... Gostando imenso deles (e teria imensa pena se deixassem de aparecer!) a verdade é que também sabe bem aparecer uma pessoa "diferente" até pelo estilo.
Por outro lado (não sei se posso dizer isto assim) mas 'completas-me' porque és forte exactamente nas minhas áreas fracas... Aqui está um bom exemplo. Já o Ilha_man tinha dado uma boa achega, e tu também explicas aquilo que eu 'adivinho' por intuição.
Obrigado pelas tuas simpáticas palavras Emiéle :) Nada mais são impressões de quem vai acompanhando a evolução e os sinais dos tempos... :p
Ainda acredito na "Utopia", mas está cada vez mais difícil. Como diria um amigo meu há pouco tempo, a questão alimentar resolve-se facilmente: comprimidos para todos com os nutrientes de que precisamos... Ou isso ou uma [forte] redução da população mundial porque o planeta talvez não dê para tanta gente...
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