O Diário da Ana
Terça-feira, dia 9 de Abril de 1974
Meu Deus, estou cansadíssima!
Cheguei a casa a deitar os bofes pela boca fóra... A porcaria do autocarro, este 55, mais uma vez não conseguiu subir a Alameda. Toda a gente diz que não deviam pôr autocarros daqueles de dois andares a subir com uma inclinação tão grande. Eles, coitados, já não são novos e quando começa a subida vão-se logo abaixo! É uma chatice porque é dia sim, dia não, a empanarem, o pobre do condutor à procura de um telefone para falar para a Carris a pedir solução, e nós subirmos depois aquilo tudo a pé depois de um dia de trabalho, deixa-nos de rastos!
É uma pena a rede de eléctricos ter estagnado e o metro ser aquele «centímetro» - porque mesmo com os prolongamentos que têm feito é ainda uma amostra quando comparado com os metros 'a sério' que conhecemos lá fóra. Podemos ir do Rossio a Entre Campos ou Sete-Rios, e até Alvalade, mas é uma gota de água para o que nós precisamos... E os eléctricos sempre subiram as colinas (para não falar nos elevadores que dão tanto jeito) contudo agora aposta-se mais nos autocarros e é o que se vê, quando se trata de subir muitas vezes parece que estão a brincar connosco, só falta sermos nós a empurrá-los.
E estes de dois andares, modelo inglês se calhar, não foram com certeza concebidos para inclinações tão grandes...
E são um perigo, para entrar e sair. Ainda hoje, uma pobre de uma senhora que não tinha tido lugar em baixo e teve de ir para o primeiro andar, quando vinha a descer falhou um degrau e desequilibrou-se a sério; se o revisor não lhe tem deitado a mão a tempo ainda partia uma perna. Foi cá um susto. Estes autocarros são perigosos, sim senhor!
7 comentários:
Viva o Metro, apesar de avançar a passo de caracol.
É inacreditável a lentidão com que esta coisa anda. Fui dar uma vista de olhos para me relembrar: Nasceu em 59/60, pequenino - ia dos Restauradores à Rotunda e daí duas linhas, uma para Entre Campos e outra para Sete Rios. Depois, dos Restauradores foi até ao Rossio. Ena!
E, vá lá, até Alvalade em 72. Ou seja 12 anos para ir do Rossio a Alvalade. O que não é nada demais, se pensarmos há quantos anos se está a tratar do prolongamento da linha vermelha, da Alameda a São Sebastião ( duas estações!!!!) Este ritmo alucinante é que quase nos faz rir do raio do metro, que seria uma boa solução - rápido, sem engarrafamentos, sem chuva vento, ou sol.
Quanto aos transportes de superfície, é uma pena o "esquecimento" do eléctrico que era uma forma tão simpática de viajar. E, ainda por cima, subia mesmo as colinas, a Graça que o diga!
A Mary tem razão, etc e tal, e a "Ana" claro que também, mas esses monstrinhos de dois andares fazem-me saudades.... as paródias que fazíamos lá no primeiro andar, porque quem subia logo era a malta mais jovem, mesmo que houvesse lugares cá em baixo, trepava-se logo para reinar!...
Podes crer King,o que eu namorei no ultimo banco de cima do 36 que vinha da Encarnação eu apanhava no Rato e seguia para o Alto de St.Amaro onde estava o D.João de Castro.às vezes ficava-se pelo Calvário e não era menor a graça!AB
Que boas as recordações dos de dois andares!
Estou convencido que todos os que tivemos a sorte de os utilizar temos essas recordações.
No meu ponto de vista, o que fica demonstrado, quer no diário quer hoje, é a pouca ou nenhuma atenção, que aos transportes públicos, tem sido dedicada. É tudo a passo de caracol, só que sem a casa às costas.
As cidades, e nomeadamente Lisboa e as outras grandes metrópoles, necessitam de bons, rápidos e actuais, transportes públicos.
Mais, estou plenamente convencido que se houvesse uma eficiente rede de transportes públicos, diminuíam substâncialmente os transportes particulares.
Boa!
Mais uma para a festa dos verdinhos de dois andares. Que paródia por ali não ia.
Como disse o King, aquilo em baixo podia ir vazio que a malta assim que entrava subia logo aquela escada de caracol até lá acima. Bem mais giro. E outra vista!!!!
OK, OK, é mesmo verdade que se os punham a subir e vinham cheios que nem um ovo, também empanavam.
A lembrança da Ana, bate certo. Quando já éramos mais velhos, e no fim do dia que era quando eles vinham mais cheios, podia chatear.
Quanto ao metro, não consigo entender a lentidão das obras. E a chatice de quem tem de andar cá por cima e a fazer uns desvios do caraças, anos a fio! Aquela zona do Saldanha/Arco do Cego parece que estamos em Bagdá...
Ai Joaninha, como te entendo, isto da demora nas obras do metro... Ai, kanervos!!!
Mas tem piada como saltaram tantas recordações dos «bons tempos do 1º andar daqueles verdinhos»
Poizé!
:)))
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