sexta-feira, abril 04, 2008

O Diário da Ana

Quinta-feira, dia 4 de Abril de 1974

Estivemos a conversar, eu e o João, ainda sobre a escolha do filme que se vai ver no sábado e até nos rimos quando eu disse que é uma sorte a televisão não ser uma alternativa, como noutros países parece que é.

Nem sei para que é que abriram um 'segundo canal', só um chegava e sobrava, aliás muitas vezes ali no segundo repetem o que já passou no primeiro! Quando abre, cerca da uma da tarde, é só para crianças, com os desenhos animados, e também quem é que vê aquilo? Os miúdos estão na escola a essa hora, os adultos a trabalhar...

E depois, tudo espremido, são quase só telejornais – temos o das 13:45, o das 19:30, o das 21:30, e o das 23:30!!! Não há falta de informação – a que eles nos impingem é claro, a que nós gostaríamos não se vê.

À tarde temos a tele-escola, de vez em quando há uns jogos de futebol, e uma ou outra série sem nenhum interesse especial. Muitas vezes nem me apetece levantar da poltrona para ir carregar no botão para apagar e deixo as imagens ali sozinhas enquanto leio o meu livro.

Pff…E pagamos nós uma taxa para isto.

Que saudades do tempo do Zip-Zip, ...já há quase 4 anos. Aquele, sim, é que foi um programa!



11 comentários:

Anónimo disse...

E a preto e branco.

Mas olha que naquele mês (e vejo que segues a coisa com rigor) a programação podia ser fraquíssima, mas ainda existiram programas, do Villaret, do do Vitorino Nemésio, etc, bem interessantes.
Vemos agora na RPT Memoria e ainda são bons.

Anónimo disse...

Diria mesmo mais,King-AGORA-é que são bons.Mas depois do entusiasmo inicial pela televisão houve quási imediatamente uma espécie de atitude snob em relação à dita em certas camadas...Os famosos "Adeus e atè ao meu regresso",trágicos e interminaveis,davam muitas vezes e a muita gente vontade de rir dada a ingenuidade e iliteracia das mensagens.A preto-e branco,sim e murro no alto do aparelho quando a imagem tremia.E muita gente dizia "em minha casa tal objecto nunca".São os que tem agora os plasmas enormes e os LCD de última geração .AB

Anónimo disse...

Já agora mando à Emiele duas fotografias de um programa de sucesso da altura,Se reconhecerem os que tiverem idade para isso...AB

Anónimo disse...

Da altura dita revolucionária.Mais tarde que o ZIP-ZIP.AB

josé palmeiro disse...

Alinho, sem qualquer dúvida, com os comentadores anteriores.
É mesmo como dizes, AB.

Anónimo disse...

Tenho de fazer o «mea culpa» depois de ter lido a AB. Também na minha casa se alinhou nessa espécie de snobismo de não querer a TV. E depois ainda se resistiu muito em comprar uma a cores quando veio a cor - só comprámos a tal a cores quando a velhinha deu o berro.
Mas os programas eram mesmo fraquinhos, com as excepções que aqui se disse: a noite de cinema, a noite de teatro, o Nemésio, o Villaret, e um 'rancho melhorado' no fim de semana, mas o conjunto era fraquito. Por isso se convivia muito mais!

Anónimo disse...

E o tempo em que vimos a primeira telenovela, a famosíssima Gabriela...!
Vocês devem lembrar-se que quando foi anunciada ninguém acreditava que valesse nada e depois o espanto e a «conversão» total. O país parava a ver aqueles brasileiros tão bons actores (coisa que não se suspeitava até então)!

Mas isso foi mais para a frente, lá para 1977.

Anónimo disse...

Joaninha, era fraquinha é verdade, mas repara que agora vemos a RTP memória e parece muito melhor!....
Agora temos coisas com muito mais técnica, mas espremido não deita sumo nenhum. E actualmente a TV ocupa em muitas casas (mesmo a dos tais intelectuais que como disse a AB agora já têm plasmas e cinema em casa e o raio a sete) o lugar central. Aquela coisa nunca se apaga, uma espécie de «chama vestal» dos nossos «lares»
lol!

Anónimo disse...

Bem visto, King!
Hoje a malta chega a casa, despe o casa, acende a TV, vai arrumar o que trouxe, vai à casa de banho, conversa com os filhos, prepara o jantar, e «aquela coisa» ali ligada sem ninguém prestar atenção mas como se fosse um pecado, ver o ecrã preto...

E quando se vai visitar alguém e os donos da casa não a apagam e passamos o tempo a deitar um olho para o que está ali a dar?....

cereja disse...

Eu tenho tentado dar assim um panorama do dia-a-dia, com o rigor que consigo. Não digo que não me descaia nalgum anacronismo...
Quanto à Gabriela eu tinha a certeza de que tinha sido mais tarde. Telenovela ali só «As conversas em Família» do Marcelo, ou no género trágico as mensagens dos soldados com a famosa frase de despedida «Adeus, até ao meu regresso!» Era de uma grande candura, mas apertava o coração.

Realmente havia um dia por semana dedicado ao Cinema e outro ao Teatro. E havia uma espécie de concursos, o famosíssimo Festival da Canção, mas os Jogos Sem Fronteiras só tiveram a participação de Portugal lá para 1979...

Anónimo disse...

Eu gosto é dos horários - abertura quase à uma e acabar antes da meia-noite!
Belo!!!
Assim é que devia ser.
Embora, com franqueza aquilo eram noticiários a mais...

(tenho uma ideia, mas era ainda quase criança)