Diário da Ana
Quinta-feira, 11 de Abril de 1974
Hoje fartei-me de andar, nem sei como tive tempo para fazer tanta coisa, andei num virote a correr de um lado para o outro!
Fui almoçar a casa dos meus pais que já estavam aborrecidos, queixavam-se de que há que tempos não me viam (com alguma razão, coitados...) depois ao fim da tarde fui à Baixa ver uns preços de umas coisas que preciso, tive de passar pela costureira que já tinha pronto os arranjos que mandei fazer, e ainda fui levar à Jú a carteira que me tinha emprestado, concluindo: para além do tempo, gastei um dinheiro incrível em transportes, uma data de bilhetes de autocarro e de eléctrico!
Quando estivemos em França, ( o que nos vale são estas viagens quando as conseguimos fazer, são uns balões de oxigénio..) vimos que eles para os transportes em Paris têm a «carte orange», isso é que era uma maravilha! Um passe que se pagasse de uma vez só e desse para andar as vezes que quiséssemos. Afinal é uma ideia que também não é mau para as empresas porque recebem à cabeça o dinheiro das pessoas. E é bem mais prático!
Mas, que raios, se os franceses conseguem ter porque é que cá não se faz?... Há coisas que facilitariam bem mais a vida.
6 comentários:
Esta ideia do diário da Ana é fabulosa. E a minha filha sabe mesmo do que gosto. Estive hoje a ler os comentários ao diário, desde inicio e realmente tens comentadores que completam este diário. Parabéns, a ti, em primeiro lugar, e aos comentadores.
Querida Méri, o teu email de ontem foi um raio de sol. Imaginar que estas coisas que escrevo aqui, afinal para o meu próprio prazer, podem servir para animar quem esteja a passar por momentos mais difíceis, foi um grande reforço, para continuar esta brincadeira.
E continuas a acordar tão cedo como eu!!!!
:D
Desta vez quis lembrar que ainda não se tinha generalizado o uso do carro, e que afinal o passe social foi um bom avanço. Ainda antes do simplex...
Por acaso, essa de receberem à cabeça o dinheiro das pessoas deu muito jeito, sobretudo quando, logo após a compra do passe, eram declaradas greves de transportes, pelas razões mais variadas.AB
Somando os comentários, tira-se o seguinte resultado: "Não há bela, sem senão!".
Huuummm...
Mas o «senão» desta bela é muito relativo.
É mesmo certo que o automóvel ainda era um artigo de certo luxo, apesar de começar a ser mais divulgado do que há uns 10 anos atrás. Contudo, seria impensável que o estacionamento da Cidade Universitária estivesse entupido com carros de estudantes, como hoje. E pelo que se nota, a Ana deslocava-se ligeira por essa cidade de transportes públicos. Talvez o andarem menos carros
ajudasse a que o trânsito fosse mais fluido.
Mas quanto à "carte orange" e o correspondente passe social, foi mesmo um benefício para as duas partes. Foi, e é. Mesmo quando hoje nos queixamos de que os passes estão caríssimos (e estão) pagar bilhete a bilhete é bem mais caro.
Pois é.
Afinal a Joaninha sempre é o meu heterónimo :)) Diz o mesmo que eu!
Enviar um comentário