Como se faz "justiça"
Já há uns meses referi por aqui o assunto e na altura chamei-lhe «Dois pesos, duas medidas» porque, inevitavelmente, me ocorreu a comparação, que salta logo aos olhos, dos métodos policiais usados numa situação ‘doméstica’ e passada entre pessoas desqualificadas socialmente, e num caso que foi incrivelmente mediatizado, e onde se trata de pessoas importantes.
Agora vem de novo falar-se no caso de Leonor Cipriano, a mãe de uma outra criança desaparecida, mas que como as investigações não levaram a nada, tal como aconteceu no caso da Maddie, se resolveu com o que estaria mais à mão – a responsabilização da mãe da menina.
Um relatório confirma agora as suaspeitas de como se passou a «confissão» da mãe da Joana.
E é realmente a prova de que, quem sabe como o fazer, consegue fazer confessar o que se quiser a qualquer um. (Certo, há excepções, há quem resista a tudo mas curiosamente se calhar esses até são profissionais treinados para isso…) Uma mulher que logo de início não causou simpatia no público, talvez porque não mostra os seus sentimentos, foi um alvo fácil para arrumar uma história para a qual não estavam a encontrar solução.
É curioso que a Directora da Prisão reconhece, agora (!!!) muitas coisas:
que tinha «ficado chocada com o estado em que Leonor entrara» na cadeia depois do interrogatório e que as «nódoas negras, hematomas e contusões, na cara, cabeça e costas de Leonor, indiciavam claramente agressões violentas e nunca uma simples queda por uma escada abaixo»;
que «estranha o facto de a PJ ter escolhido os dias de interrogatório exactamente coincidindo com a sua semana de férias», e «se estivesse em trabalho, nunca teria permitido o comportamento da PJ de ir buscar Leonor às 6 horas da manhã e devolvê-la pela meia-noite».
Muito bem… porque não o disse na altura?
Este depoimento não foi usado pela defesa se calhar porque não era conhecido. Uma história sinistra, e onde a opinião pública manipulada pelos media, quase linchou uma pessoa, e ainda hoje, essa opinião pública (vejam os comentários dos jornais) mantém a opinião da culpa.
Quem acode à segunda vítima?
É curioso que a Directora da Prisão reconhece, agora (!!!) muitas coisas:
que tinha «ficado chocada com o estado em que Leonor entrara» na cadeia depois do interrogatório e que as «nódoas negras, hematomas e contusões, na cara, cabeça e costas de Leonor, indiciavam claramente agressões violentas e nunca uma simples queda por uma escada abaixo»;
que «estranha o facto de a PJ ter escolhido os dias de interrogatório exactamente coincidindo com a sua semana de férias», e «se estivesse em trabalho, nunca teria permitido o comportamento da PJ de ir buscar Leonor às 6 horas da manhã e devolvê-la pela meia-noite».
Muito bem… porque não o disse na altura?
Este depoimento não foi usado pela defesa se calhar porque não era conhecido. Uma história sinistra, e onde a opinião pública manipulada pelos media, quase linchou uma pessoa, e ainda hoje, essa opinião pública (vejam os comentários dos jornais) mantém a opinião da culpa.
Quem acode à segunda vítima?
8 comentários:
Lembro-me muito bem desse teu post, masmo que não tivesses feito o link para ele (mas assim ficou mais fácil)
Aliás nesse post de fevereiro deixaste uma imagem interessante das duas mães - a Katie e a Leonor - na mesma posição mas que realça ainda mais a diferença. E é espantoso a diferença até de perca de peso da mãe da Joana, que nas primeiras fotos é uma mulher pesada, e nesta que aqui aparece está bem mais magra!...
Se não fosse na vida real, isto podia fazer parte da série da Fox Crime, chamada "Casos Arquivados". Vamos a ver e ainda aparece a criança, maltratada mas viva, e ninguém vai tirar à mãe aquilo por que passou...
A falta de imaginação: cair pelas escadas abaixo, é a desculpa mais banal, que já enjoa.
Não podiam ter instruido a desgraçada e apresentar uma razão mais criativa?
E remetendo para o teu post anterior, aquela de se falar no acidente da Diana é cá de um mau gosto!...
Sem palavras.
Claro que já há muito se cochichava isto, mas desta vez é gente autorizada que o diz. Confissões destas... só apetecia usá-las para com os «senhores agentes» para ver o que é que saía daquelas bocas.
Acho que mary disse tudo. Mas parece-me que o caso não vai ficar por aqui.
Sempre tive um felling que esta história estava a ser manipulada e de que maneira.
Sem querer meter os investigadores todos no mesmo saco, este caso por um lado sofreu uma pressão social enorme, eles tinham de 'apresentar resultados' com alguma urgência, e de facto as informações eram contraditórias e estranhíssimas.
Até posso pensar que a família estivesse metida numa tramoia qualquer - tivesse «vendido» a miúda ou uma coisa dessas. Contudo,
a ser assim, essa confissão era menos grave do que a de homicídio. e a verdade é que «confessando» a morte depois o destino que deram ao cadáver é um mistério. Se dizem o pior porque não se diz tudo?
Tal como aqui é sugerido, isto daria uma boa história para a Fox Crime, série «Casos Arquivados» (onde quase sempre se vem a ver que a solução era realmente outra!)
FJ - pensas que o caso não vai ficar por aqui? Mas o que pode agora suceder? Haver um ou outro bode expiatório?...
Ou virarem o bico ao prego e quem acusou é que se ter de defender?
Devias explicar melhor.
FJ - pensas que o caso não vai ficar por aqui? Mas o que pode agora suceder? Haver um ou outro bode expiatório?...
Ou virarem o bico ao prego e quem acusou é que se ter de defender?
Devias explicar melhor.
Seja como for ou como tenha sido, nada justifica esse arrancar de uma confissão. Depois as diferenças de tratamento e de exposição das pessoas, nem é comparável.
Dever-se-ia dar toda a relevância, para a descpberta e publicitação da verdade e só dessa. Tenho pena de ver a nossa polícia andar por essas, ruas escuras. São casos assim que, de um momento para o outro, destroem todo um passado de eficiência e de bons trabalhos. A falta de condições de trabalho, não podem justificar, tudo.
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