Sessenta e oito cêntimos
A notícia tinha-me passado.
Não tenho andado lá muito bem nestes últimos dias e reconheço que, para além de não ver o telejornal, também olho para as notícias escritas um tanto em diagonal. Mesmo as que vou respigando aqui para o Pópulo, é apenas porque me chamaram a atenção por algum motivo mas... nem sempre o mais válido. Ontem, então foi um dia mau e só aparecerem aqui de manhã uns posts que já estavam em rascunho…
E foi, num comentário que a minha atenção foi desperta para um escândalo.
Será «escândalo» a palavra certa? Vergonha? Indignação? Enfim, tudo isto são apenas palavras para classificar o que se pode sentir pela informação de que o nosso governo, que gere o dinheiro dos nossos impostos, considere que não tem capacidade financeira para pagar aos reformados que recebem reformas luxuosas de 400 € (quatrocentos euros, leram bem, não estamos a falar em contos) o aumento a que teriam direito no subsídio de Natal, a quantia fabulosa de… cerca de 10 €. Mas não se aflijam porque ele vai pagar. Não pode ser, é agora, nem mesmo de uma vez só, porque é um dinheirão.
Vai distribui-lo ao longo do ano, dividido por 14 meses, e assim em cada mês eles vão receber mais 68 cêntimos.
Não, o nosso Estado não é uma pessoa de bem.
Não se pode pensar que tenha um pingo de vergonha, porque isto é fazer troça da miséria que ele próprio promulga.
14 comentários:
Olha que ontem, no Farinha Amparo que é dos teus «blogs de estimação» (e até já deixaste um post delas ali no «Bem dito!») já tinham abordado o assunto.
Está acho que AQUI
E o Zero de Conduta, também AQUI com alguma ironia também. Estranhei um pouco que aqui no Pópulo não tivesses dito nada, mas também não podes falar de tudo…
Mas é claro que isto deve ser denunciado e por todo o lado, e nunca é tarde para o fazer.
É uma vergonha, mesmo!
Ontem só voltei aqui antes de fechar o pc e foi quando vi o comentário da AB, que aplaudi. (soa-me mal dizer ‘comentar o comentário’…) Antes já por aqui tinha passado o Palmeiro que deve ser ainda mais teu fiel leitor do que eu…
E ainda mais escandalosa foi a declaração do Secretário de Estado,um homem jovem que teve a lata de dizer que era para as pessoas não pensarem,se recebessem tudo de uma vez (os rectroactivos)e depois voltassem à quantia normal,que tinham perdido poder de compra ou que a reforma tinha sido diminuida.Isto parece completar o famoso"habituem-se",neste caso "vejam lá não o vão gastar mal".Não tenho palavras para isto, e, por acaso ,quando comentei isto ontem, fiquei com a sensação de que, perante a indignação de um comentário politico, as pessoas recolhem timoratas e ...calam-se.AB
Não há (houve) aumento !! Esta coisa de actualizar pensões devia ser séria ! E não me parece de todo que "atribuições" destas sejam honestas !
O valor global não é de "deitar" fora, mas com exemplos de tantos milhões ESBANJADOS custa a aceitar a "preocupação orçamental"...
Sem deixar de dizer que tudo o que aqui foi escrito, é por mim subscrito, acabo de ouvir, na rádio o ministro Vieira da Silva, recuar e dizer que irá pagar tudo,logo que tal seja contabilisticamente possível, talvez já no próximo mês.
Contra este governo a desobediência civil é uma arma a usar, para acabar, de vez, com esta camarilha.
Fui à procura do tal comentário, como calculava foi da AB mas andei à procura nos diversos posts...
Os links que a Joaninha deixou (ela faz mesmo trabalho de casa, a rapariga!) apontam essa ironia, de terem a lata de afirmar que aquilo é para "pouparem"! Pouparem um euro??????
Que bandalhos!
Não sei bem se as pessoas ficam timoratas como disse a AB, ou resignadas. Pelo que tenho observado passa-se muito a segunda hipótese, assim tipo «não vale a pena que 'eles' têm a faca e o queijo na mão».
E afinal fomos nós que lho metemos...
Mas não têm,não podem ter e há que mostrar isso muito claramente em tudo.Já que há gente reformada ,uma maneira de ocupar os tempos livres é chatear pelas mais diversas formas os filhos...da mãe deles.Ontem uma amiga minha dizia que se a história dos rectroactivos se mantivesse ia mandar ao Sócrates,todos os meses 68 centimos em cheque e mostrar o dito no "Nós por cá"...AB
E era uma ideia!
Porque depositar no banco 68 cêntimos (as tais poupanças) creio bem que nem os Bancos aceitavam!
Mas isto tem feito tanto barulho que os tipos já recuaram. O ministro já disse que pagava tudo para o mês que vem! Sempre vale a pena fazer barulho.
Concordo com a Gui. :) O Banco nem ia aceitar o depósito de 68 cêntimos!
Estive agora a ouvir uma parte do debate parlamentar.Realmente a metáfora da mulher de César tem toda a aplicação sobretudo em politica.Se o Paulo Portas não fosse o que é,a pergunta que fez a Sócrates teria um peso totalmente diferente.Ele perguntou, e nunca obteve resposta,se ele sabia o preço do leite,do pão, das taxas de electricidade e gás,dos indicadores de aumento das rendas de casa.Sócrates,depois duma gargalhada geral da bancada socialista,(perguntinhas idiotas,risiveis,enfim minudencias, ou então esta gente come os brioches da outra) chamou-lhe populista.E tem razão.Só que foi apenas Paulo Portas a fazer a pergunta ...o resto não insistiu se calhar com medo da alcunha...Já nem me apeteceu ouvir aquilo a que ia, que era a questão da ratificação do Tratado, agora chamado de Lisboa.AB
Gui e Johnny II-por acaso se se juntassem muitos cheques não sei...mas enfim parece que já foi retirada a forma de repartição da esmola.(podia-se sempre alegar que era a contribuição popular para a remuneração da Adm. da Caixa Geral de Depósitos).AB
Sabes Emiéle, ainda bem que colocaste este post. Ia escrever qualquer coisa no meu mas estas coisas deixam-me de tal forma revoltado que acabei por não escrever nada. Desculpa-me o excesso de linguagem mas que merda de gente havíamos de ter nos gabinetes do poder. Que cretino o Secretário de Estado! Como é que ele teve a coragem de falar para os canais de televisão e dizer o que disse?! Que país é este, insensível, de todo não socialista que profere tais palavras e toma tais decisões sem se sentir?! Eles que estiquem muito a corda, pode ser que qualquer dia parta mesmo...
Emiéle, desculpa-me os excessos de linguagem. Ainda por cima no teu blog. Se pudesses remover as partes excessivas, agradecia. É um assunto que me tira completamente do sério. Obrigado e desculpem.
Pelo contrário Miguel, não vi nenhuma parte excessiva. Entraste inteiramente no espírito em que eu escrevi o post.
Como a Joaninha assinalou (obrigada pelos links Joaninha) outros blogs falaram no caso, porque custa a aceitar esta decisão que pelo que oiço está a ser reconsiderada.
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