Normas frias
Não é pessoa que eu aprecie por aí além. Tenho o direito de ter as minhas embirrações, e uma delas é com a Isabel Stilwell. Nunca engracei com ela e, quando isso acontece com uma pessoa, reconheço que fico de pé atrás, com parti-pris em relação a seja o que for que essa pessoa diga.
Mas venho reconhecer que desta vez lhe dou razão. Escreveu no Destak (actualmente é directora do Destak, jornal de enorme divulgação!) um editorial com muita razão e… com um título provocatório «Governo promove crianças em leasing»
Seria impossível não o ler.
Compara com ironia mas bastante verdade o decreto que regula a situação das Famílias de Acolhimento, a «uma mega operação de leasing de crianças, mas em versão mesquinha».
Ao contrário do que poderia parecer ‘normal’ os candidatos a Família de Acolhimento não devem conhecer a família natural. Porquê?..
E ainda o ‘acolhimento’ deve ser preferencialmente exercido a título de actividade profissional exclusiva, o que por um lado torna ser «mãe de acolhimento» uma profissão, e por outro nega uma vida familiar «normal» a uma criança, pois hoje o normal é uma mãe trabalhar – note-se que não digo que fosse compatível com um trabalho demorado ou stressante, mas um part-time, ou até trabalho no domicílio, porque não? Até mesmo nas horas onde a criança está na escola…
O único aspecto onde concordo mais com a lei do que com a jornalista é no facto de estas famílias não poderem ser candidatas a adopção. Claro que poderá haver excepções, mas entregar em “acolhimento” uma criança a uma família que deseja uma adopção é uma crueldade para todos – então entregue-se a este casal a criança a adoptar, de vez.
Mas quanto ao ponto de que a Família de Acolhimento não deve conhecer a natural, só me faz recordar um episódio da série «A Juíza» que vi há muitos anos:
Havia um caso onde uma mãe não tinha casa de jeito para ter a sua filha e pelos vistos na América o sistema é semelhante ao nosso – a solução dos serviços sociais seria mandar a menina para outra família pagando a quem tomasse conta dela. Mas, contra tudo o que estava estabelecido, aquela juíza decidiu “entregar” a menina à sua tia, irmã da mãe, que tinha uma casa boa, os serviços sociais pagaram a tal prestação que pagariam se a criança fosse para uma família estranha e a mãe pôde ficar num quarto em casa da irmã mantendo o seu trabalho. O Estado não perdeu nada, e aquela família ficou unida.
Mas aquilo foi numa série, é claro!...
Mas venho reconhecer que desta vez lhe dou razão. Escreveu no Destak (actualmente é directora do Destak, jornal de enorme divulgação!) um editorial com muita razão e… com um título provocatório «Governo promove crianças em leasing»
Seria impossível não o ler.
Compara com ironia mas bastante verdade o decreto que regula a situação das Famílias de Acolhimento, a «uma mega operação de leasing de crianças, mas em versão mesquinha».
Ao contrário do que poderia parecer ‘normal’ os candidatos a Família de Acolhimento não devem conhecer a família natural. Porquê?..
E ainda o ‘acolhimento’ deve ser preferencialmente exercido a título de actividade profissional exclusiva, o que por um lado torna ser «mãe de acolhimento» uma profissão, e por outro nega uma vida familiar «normal» a uma criança, pois hoje o normal é uma mãe trabalhar – note-se que não digo que fosse compatível com um trabalho demorado ou stressante, mas um part-time, ou até trabalho no domicílio, porque não? Até mesmo nas horas onde a criança está na escola…
O único aspecto onde concordo mais com a lei do que com a jornalista é no facto de estas famílias não poderem ser candidatas a adopção. Claro que poderá haver excepções, mas entregar em “acolhimento” uma criança a uma família que deseja uma adopção é uma crueldade para todos – então entregue-se a este casal a criança a adoptar, de vez.
Mas quanto ao ponto de que a Família de Acolhimento não deve conhecer a natural, só me faz recordar um episódio da série «A Juíza» que vi há muitos anos:
Havia um caso onde uma mãe não tinha casa de jeito para ter a sua filha e pelos vistos na América o sistema é semelhante ao nosso – a solução dos serviços sociais seria mandar a menina para outra família pagando a quem tomasse conta dela. Mas, contra tudo o que estava estabelecido, aquela juíza decidiu “entregar” a menina à sua tia, irmã da mãe, que tinha uma casa boa, os serviços sociais pagaram a tal prestação que pagariam se a criança fosse para uma família estranha e a mãe pôde ficar num quarto em casa da irmã mantendo o seu trabalho. O Estado não perdeu nada, e aquela família ficou unida.
Mas aquilo foi numa série, é claro!...
9 comentários:
Em 99,9% das coisas que escreves, eu concordo contigo. Desta vez, Emiéle, creio que devias ler o decreto. Não é assim tão linear...
Quando nestas coisas se mistura dinheiro e afectos dá sempre uma açorda amarga.
É preciso muita sensibilidade e tacto.
Penso que a reserva (se a há) da Joaninha terá a ver com esta estrevista creio que com a Idália Moniz se não estou enganado.
Mas lendo aquilo não fiquei mais ilucidado. Fiquei com a ideia de que há muitas e muitas alíneas, vários critérios, e não entendo qual a diferença entre o «subsídio de prestação de serviço» e o outro «de manutenção». O que fica na nossa cabeça é que se a família que fica com a criança ainda tem laços com a nuclear recebe menos... Porque raio?!
Desculpem-me que entendo pouco disto tudo, mas falar em «manutenção» de uma criança como se fosse de um electrodoméstico, se não é de mau gosto, não sei como lhe chamar...?!!!
Antes de tudo também tenho um... uma... como dizer? uma embirração de estimação à Dra Isabel Stilwell. E até mesmo este escrito, também... enfim.
Mas de resto, ao contrário da Joaninha, se já tenho discordado de ti algumas vezes (não muitas, é certo) aqui apoio-te. Também me parece um disparate estes pressupostos. Não li o decreto ou lá como se chama, mas o que tenho visto escrito por aí, é confuso e vem na linha do que dizes. Acolher uma criança, sobretudo carenciada como estas são, não pode ser uma profissão. Não direi romanticamente que é uma «missão» ou qualquer treta dessas, mas tem de entrar uma dose de afecto muito maior do que uma educadora de infância ou uma ama, essas sim, profissões e que se espera que sejam afectuosas!
Saltei este escrito, nem sei porquê.
É um problema que me faz cócegas. Não o entendo, nem quero entender, porque me parece, e aqui o meu acordo com a Mary não podia deixar de ser mais real, quando o dinheiro entra e mistura o que não devia misturar, é uma fraude completa.
Quer parecer-me que é um grande negócio e eu que por via da minha mulher andei sempre ligado à educação de infância e aos milhentos problemas com os pais, as mães, naturais, de acolhimento e quejandas, da-me uma ideia de, voltando à Mary, "açorda, não diria amarga, mas, sem coentros".
Sim Zé, ou muito salgada...
Joaninha, eu realmente não li o decreto, ainda fiz uma busca aqui na net, mas foi insuficiente. Contudo as minhas grandes dúvidas são fundamentadas, creio. Aparentemente prefere-se que o Acolhimento seja fóra da família uma vez que os subsídios são maiores. E isso não se entende.
Há muito trabalho a fazer-se.
eu gosto imenso da isabel stilwel.
aliás,desde que ela deixou a noticias magazine que aquilo perdeu a piada toda!
Minha querida Salta, eu disse logo que eram «embirrações» e muitas vezes são coisas pessoais e intransmissíveis... ;D Lembra-me uma discussão que houve no Afixe sobre a Clara Ferreira Alves. Mas, como vês, dei a mão à palmatória quando concordei com o que ela disse.
Enviar um comentário